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25. A EDUCAÇÃO DA ORDEM
Ter ordem não é coisa insignificante.
É uma das virtudes mais preciosas para o perfeito equilíbrio da vida individual
e para a boa harmonia da vida em comum.
• Nossas filhas
sentirão, durante toda a vida, grande necessidade de ter ordem, sobretudo
quando forem donas de casa, esposas ou mamães. Mas é na idade em que se formam
os hábitos que cumpre desenvolver essa disciplina.
A ordem é igualmente
necessária aos meninos, por que não há profissão na qual quem tiver ordem não
ultrapasse a quem não a tiver. Existem mesmo algumas em que a desordem
incorrigível constitui autêntica contra-indicação.
• A ordem é um meio de
desenvolver nas crianças o autodomínio, e num certo sentido o espírito de
sacrifício, obrigando-as a lutar contra a negligência.
• É uma realidade da
experiência que a ordem exterior torna a vida mais agradável: alivia a memória,
permitindo encontrar sem esforço as coisas em seus lugares. Facilita a calma,
suprimindo as causas de nervosismo e de fadiga suplementares, provocadas pela
desordem.
Faz ganhar tempo, permitindo agir com segurança no sentido de
encontrar o de que se precisa. Facilita o respeito ao bem comum e o senso
social, porque nada prejudica mais o bom entendimento e a ajuda mútua do que
não colocar nos lugares objetos e utensílios pertencentes à comunidade
familiar. A ordem também assegura a exatidão, que é uma das formas mais
preciosas da polidez.
• Um lugar para cada
coisa e cada coisa em seu lugar; um tempo para cada coisa e cada coisa a seu
tempo. Duas fórmulas que é preciso repetir sem cessar, e sobretudo viver.
• Para estimular nas
crianças o amor à ordem é preciso acentuar, sempre que se apresentar
oportunidade, quão agradável e prático é encontrar as coisas com os olhos
fechados[1];
por exemplo, mostrar-lhes todas as pequenas vantagens de ter em ordem os
objetos de uso pessoal, no armário, na carteira, na pasta ou nos bolsos.
É fácil habituar as
crianças a arrumar as suas coisas no mesmo lugar e da mesma maneira, com a
condição de que os pais respeitem a “arrumação” dos filhos.
• Alertar as crianças
contra uma ordem que seria apenas hipócrita: por exemplo, a mesa bem arrumada e
as gavetas em polvorosa.
Arrumar o que acaba de
nos servir, pô-lo imediatamente no seu lugar é coisa para a qual estamos mais
ou menos aptos por temperamento, mas é um desses hábitos que se adquirem. Fazer
com que as crianças o adquiram é, pois, um dos objetivos essenciais da educação.[2]
Que a mãe dê ao filho
a possibilidade e o tempo de arrumar suas coisas, que ela própria se empenhe em
pôr as coisas no lugar, e tudo se arranjará depressa. Mãe ordenada, crianças
ordenadas.[3]
• Mme. Montessori
notou que mais ou menos aos três anos de idade há um “período sensível”, isto
é, uma época particularmente favorável à aquisição da ordem. O fato é
verdadeiro, e numerosos são os pais que o verificaram. Esperar muito tempo para
estimular na criança o hábito da ordem é arriscar-se a esperar sempre.
• Aos 9 ou 10 anos, o
hábito da ordem deve confirmar-se pelo hábito da exatidão. É a idade em que é
preciso ensinar à criança a organizar o seu trabalho e o seu tempo, prever
mesmo a sucessão de suas ocupações por um par de horas, e em seguida por seis
horas.
• Ao voltar das aulas,
cada criança deveria estabelecer um horário: deveres a fazer, lições a
aprender, livros a ler, etc..., indicar para cada operação lapso de tempo
razoável e especificar a ordem da execução.
• Decerto, não se
trata de mecanizar a criança, mas de ajudá-la a obter a produtividade máxima
das horas de que dispõe. Isto lhe prestará um enorme serviço mais tarde, porque
o futuro pertence menos aos grandes trabalhadores afobados do que aos homens
organizados que sabem obter mais efeitos com menos esforço, intercalando-o com
períodos de repouso para um melhor rendimento.
[1]
Pode-se mesmo fazer disso um jogo improvisado.
[2] ANTOINE RÉDIER, op. cit., pág. 170.
[3]
ROGER COUSINET, Fai ce que je te dist,
pág. 85 (Ed. Presses d’Ile-de-France).