Firmeza inquebrantável é, pois, a primeira característica da confiança. A segunda qualidade dessa virtude é ainda mais perfeita. “Leva o homem a não contar com o auxílio de criaturas, quer se trate de um auxílio que venha de si mesmo, do seu espírito, da sua ciência, dos seus critérios, das suas aptidões, das suas próprias riquezas, créditos, amigos, parentes ou qualquer outra coisa sua; quer se trate do socorro que possa, talvez, esperar dos outros: reis, príncipes ou qualquer outra criatura; porque sente e conhece a fraqueza e vaidade de todo o amparo humano. Vê-os como o que realmente são. Como Santa Teresa tinha razão de chamá-los ramos secos de Genebra, que se rompem ao serem carregados”
Mas essa teoria, dirão alguns, não procederá de um falso misticismo? Não conduzirá ao fatalismo ou, pelo menos, a uma perigosa passividade? De que serve multiplicar esforços com a intenção de vencer as dificuldades, se todos os apoios hão de romper-se em nossas mãos? Cruzemos os braços, esperando pela intervenção divina!
Não, Deus não quer que nos entorpeçamos na inércia; Ele exige que O imitemos. Sua perfeita atividade não tem limites: Ele é o puro ato. Devemos, pois, agir; mas somente n’Ele devemos esperar a eficácia de nossa ação: “Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará”. Eis aqui a economia da Providência.
Preparemo-nos para a luta! Trabalhemos com afinco, mas com o espírito e o coração voltados para o alto. Em vão vos levantais antes de o sol nascer (Sl 126,2), diz a Escritura, se o Senhor não vos ajudar, nada conseguireis. De fato, nossa impotência é radical: Sem mim, nada podeis (Jo 15,5), diz o Salvador.
Na ordem sobrenatural, esta impotência é absoluta. Prestai atenção ao ensinamento dos teólogos. Sem a graça, o homem não consegue observar durante muito tempo e na sua totalidade os Mandamentos de Deus. Sem a graça, não pode resistir a todas as tentações, por vezes tão violentas, que o assaltam. Sem a graça, não podemos ter um só bom pensamento, e nem ao menos fazer a mais curta oração; sem ela, nem sequer podemos invocar piamente o nome de Jesus.