terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Mãe segundo a vontade de Deus - VII- Do preceptor

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos, 
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927


VII- Do preceptor

A educação que se faz inteiramente no seio da família, será preferível à que, tendo começado sob a inspeção materna, vai terminar num pensio­nado? Não ousamos responder a esta questão. O ilustre bispo de Orleans, a quem a grande expe­riência dá tanta autoridade sobre o que diz res­peito à mocidade, não quer que a educação pública comece muito cedo, mas julga-a preferível à edu­cação privada.

Digamos todavia algumas palavras, acerca do preceptor, porque um certo número de mulheres cristãs, não querendo ver seus filhos subtraídos à sua solicitude, ou querendo a todo o transe sub­traí-los às escolas sem Deus, os confiam a um pre­ceptor encarregado de os instruir, e de os educar, sob os olhos de seus pais. Entre as crianças, que, durante o ano escolar, seguem o curso dum pen­sionado, um grande número são confiadas, durante as férias à vigilância dum mestre, que lhes repete as lições do colégio. Não é, pois, inútil dizer à mãe quais devem ser as qualidades do preceptor de seu filho.

A fé, tal é a primeira e a mais essencial das con­dições a exigir dum mestre. Não é a fé efetivamente o que um homem tem de mais precioso neste mundo, visto que sem ela é impossível agradar a Deus, e esperar os bens eternos? E não é tão necessária esta virtude, visto que a mulher cristã deve pri­meiro que tudo conservá-la intacta no coração de seus filhos? Mas quem o não vê? Um preceptor incrédulo roubaria tanto mais facilmente a fé a um jovem, quanto maior influência tivesse sobre ele. Não ousaria de certo professar a impiedade, ou o racionalismo, numa casa, onde se conservam, como o mais sagrado depósito, as tradições religiosas dos antepas­sados; mas de quando em quando deixaria escorre­gar algumas palavras de dúvida ou de desprezo; deporia dessa forma no coração dos seus discípulos algum germem fatal de incredulidade, e a increduli­dade é um vento ardente que seca quanto de virtude possa existir num coração de criança.

É preciso, em segundo lugar, que o preceptor, seja duma grande pureza de costumes; sem esta qua­lidade, em vez de educar almas para o Céu, abatê-las-ia, por suas palavras envenenadas, ou por seus exemplos perversos, ao nível da sua própria corrup­ção. «Nada é mais funesto ao discípulo, que a vida desregrada do mestre», disse um filósofo cristão. «Escolhei, escrevia S. Jerônimo a uma senhora romana, escolhei um mestre, cuja idade e vida irre­preensível o coloquem ao abrigo de toda a suspeita». Conta-se que Alexandre, esse conquistador do Uni­verso, conservou até à morte, tanto nos costumes, como nas palavras, os defeitos que imitou desde a infância a Leonidas, seu preceptor.— «E que o mes­tre que escolherdes tenha também a necessária ciência, acrescentava S. Jerônimo. Efetivamente sem ciênçia, seria desprezado de seus alunos, que não tardariam a reconhecer-lhe a incapacidade, per­dendo assim toda a influência que lhe teriam grageado as suas virtudes. — Enfim «a piedade, diremos nós, com Mgr. Dupanloup, uma piedade verdadeira, nobre, simples, amável, é de todas as qualidades dum professor, a que se deve preferir a todas as outras, e que lhes faz acrescentar um preço infinito. Ela só inspira aos mestres um zelo, um ardor, uma dedi­cação pelo bem dos seus discípulos, que sobre todos atraem as bênçãos do Céu.»

Enganam-se completamente os pais, que, deslum­brados pela reputação de ciência dum homem aliás pouco recomendável, se empenham em ligá-lo à educação de seus filhos. Não são menos culpados os que entregam os filhos ao primeiro que se apre­senta, sem se terem informado cuidadosamente dos seus princípios e do seu comportamento. Contra semelhante abuso, já se pronunciava S. João Crisós­tomo: — «Se possuírmos, diz ele, um fértil domínio, procuramos com grande cuidado um homem de confiança, para o fazer prosperar, e desprezamos o que nos deve ser mais caro que tudo o mais, isto é, deixamos à rebelia a escolha dum homem fiel, que defenda e conserve a inocência a um nosso filho! Haverá pois, uma propriedade, uma quinta, que nos deva ser tão cara, como nossos filhos, para quem nós amontoamos riquezas? Não será uma loucura vigiar com mais cuidado pelos nossos bens, do que por quem os deve herdar?

Pudésseis vós, piedosas mães, encontrar para vossos filhos um mestre, que desejasse tanto como vós, a sua felicidade, e a sua salvação eterna, e que trabalhasse com igual zelo, em formá-los para a virtude!
Quando o tiverdes encontrado, respeitai-o, para que vossos filhos, por vosso exemplo, aprendam a respeitá-lo. Evitai de censurar, na presença dos filhos, a maneira como ele os trata e os corri­ge; isso seria tornar odiosa a sua autoridade, e paralizar o seu zelo. Andai sempre de harmonia com ele, sem cessar todavia de o vigiardes.

M.me Acarie, escreve o seu biógrafo, desejava encontrar nos mestres que dava aos filhos a vigi­lância e a firrneza, juntas à ciência, e à virtude. E depois de ter tomado tantas precauções, para colocar seus filhos em mãos seguras, ainda assim se não julgava desonerada de os vigiar ela própria.


É inútil acrescentar que uma mulher cristã exigirá das pessoas encarregadas de instruir a sua filha todas as qualidades que acabamos de enume­rar, falando do preceptor. Consentiria ela que uma menina recebesse as lições dum mestre, não estando ela ou seu pai a vigiar?...