terça-feira, 13 de agosto de 2013

CATOLICIDADE DA IGREJA (c)

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

CATOLICIDADE DA IGREJA (c)
28 de Setembro de 1945

Nas duas palestras passadas focalizei a catolicidade da Igreja de Jesus Cristo. Hoje veremos a segunda tese: a Igreja Romana e só ela é a verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo e só ela é realmente “católica”.
Prova-se. 1.° — É católica de direito, isto é, goza da aptidão de se expandir universalmente, abrangendo todos os povos. Sua doutrina exclui o individualismo, porque é pregada a todas as classes sociais, sem distinção. Nenhuma voz se fez sentir com mais energia do que a do Santo Padre Pio XI, protestando contra o racismo nazista. O mes­mo Pontífice fez questão de sagrar pessoalmente os Bispos negros que foram enviados a reger as igrejas africanas. — Ao sacerdócio em geral e à plenitude do sacerdócio — o episcopado, são ad­mitidos candidatos de qualquer raça.

Nada mais nobre nem mais digno, na igreja, do que a mesa sagrada da Comunhão; e é onde melhor se vê a igualdade católica — não há dis­tinção de idade, nem de sexo, nem de cor, nem de posição social.

A Igreja Romana corresponde a todas as as­pirações legítimas da natureza humana. Aos que vivem no mundo ela orienta com precisão para a vida eterna. Tempera o orgulho da ciência, com a humildade do mistério. Refreia as paixões que tendem a arrastar as almas ao abismo. Ensina a verdadeira fraternidade, apresentando a solução dos mais graves problemas sociais sem desunir as classes. Quer que todos se amem, por amor a Deus, mas sem prejuízo da hierarquia; pois a ordem, no sentido filosófico cristão, é a justa disposição dos seres, cada qual em seu lugar. Por sua constitui­ção, a Igreja repele o nacionalismo, mantendo-se livre da influência do Estado, embora se acomode a qualquer regime. Estendendo-se a todos os povos, a Igreja não pode ser brasileira, nem francesa, nem italiana — mas universal. Seu chefe supremo é um para toda a humanidade, e a Igreja é um todo que jamais se fragmentará em seitas.

Entretanto ela ensina a seus filhos o mais puro e acrisolado amor à Pátria. Amando o Brasil, não deixamos de ser filhos da Igreja universal. Servindo fielmente a terra em que Deus nos fez nascer, estaremos sempre unidos pela submissão e o amor ao Santo Padre.

A Igreja se acomoda a todos os regimes — monárquicos ou republicanos. Mas não pode deixar de combater com todas as suas forças um regime governamental ateu, materialista, que repele os princípios cristãos e as verdades eternas.

2.° — Só a Igreja Romana é católica ou uni­versal de fato. Estende-se a todas as nações da terra e se difunde por todas as regiões onde exis­tem criaturas racionais. Todos os dias vai man­dando seus missionários aos pagãos, cismáticos, he­reges — e, nos países onde há liberdade de pregar o Evangelho, multiplicam-se admiràvelmente as conversões e novas cristandades vão surgindo. No seio da Igreja para todos há lugar. Os pobres e os operários são evangelizados. Os ricos e pode­rosos passam pela mesma fonte batismal onde se purificam os humildes e pequeninos. Inúmeros são os homens de ciência que se abeiram da sagrada Mesa e recebem a sagrada Comunhão!

É, pois, com justa razão que amigos e ini­migos chamam de “católica” a Igreja Romana, a nossa Igreja. — Mais ainda. A Igreja Romana é a única que mantém a mais perfeita unidade de fé, de regime e de culto, com um só chefe, prin­cípio de toda autoridade, estabelecido pelo mesmo Jesus Cristo. Em matéria de fé e de costumes, hão de curvar-se perante o Papa todos os católicos.

Esta unidade é que assegura à nossa Igreja a sua nota de “católica”. E finalmente a Igreja Ro­mana goza de estabilidade absoluta, segundo a promessa de seu divino fundador. Sejam, pois, quais forem as perseguições e a força e prestígio dos perseguidores, — as portas do inferno não prevalecerão contra ela!