terça-feira, 9 de julho de 2013

RESTAURAÇÃO CRISTÃ DO MATRIMÔNIO

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

RESTAURAÇÃO CRISTÃ DO MATRIMÔNIO
26 de Agosto de 1940

Há quem se admire do deplorável estado a que está reduzida uma grande parte das famílias cristãs, apesar de terem levantado o seu lar sobre os alicerces tão firmes de um legítimo Sacramento, instituído para conferir graça.

Reflitamos, porém, desapaixonadamente sobre o caso. Todos os sacramentos da Igreja são meios ótimos de comunicar os méritos do sangue precioso de Jesus Cristo, derramado para nossa Redenção. Mas, para que o Sacramento produza os seus efeitos divinos para santificação das almas e, no caso, para a verdadeira vida cristã na família — são indispensáveis certas disposições da parte de quem o recebe.

Antes de mais nada lembremos a obrigação de se confessarem os noivos, purificando a alma para receberem um Sacramento de vivos, como é o Matrimônio. Procedendo de acordo com o que manda a Igreja, os candidatos, bem dispostos, confortados com a divina Eucaristia, ingressarão no templo do lar, como quem passa de um santuário para outro.

O verdadeiro matrimônio cristão é o que se realiza com celebração da Missa e as bênçãos nupciais tão belas e emocionantes. Há um cerimonial litúrgico — a apresentação dos nubentes, a expressão do mútuo consentimento, a união simbólica das mãos, a bênção das alianças. O Sacerdote fala sobre o grande ato e segue-se a Missa, na qual os esposos recebem a sagrada Comunhão. — Por duas vezes o celebrante interrompe o santo Sacrifício e, voltado para os esposos, implora as bênçãos da Deus para a nova família que nasce aos pés do altar sagrado.

Que diferença entre esta série de cerimônias tão sugestivas e os casamentos, mesmo entre cristãos, nos quais, cuida-se de tudo, menos da alma; e durante os minutos em que se está na Igreja, nem uma vez se eleva o pensamento para Deus!

Não há motivo para exclamações, se desmorona um lar constituído sobre base frágil: vaidade, interesse, paixão desregrada e... o que é mais grave para um crente — estando os noivos separados de Deus pelo pecado.

Contraído cristãmente o Matrimônio, é indis­pensável conservar-lhe os efeitos preciosos, que hão de orientar para sempre o lar doméstico.

Restaurar o Matrimônio é reavivar nele a figura da união entre Jesus Cristo e a sua Igreja; é viverem os esposos um para o outro, afastando energicamente tudo quanto possa esfriar o mútuo amor que há de uni-los para sempre.

Restaurar o Matrimônio é cumprir as suas leis: procriação e educação da prole e mútuo auxílio. Da perfeita harmonia entre os esposos vem a disciplina e o controle da concupiscência.

Daí estas profundas palavras de Santo Agostinho: “tu, a Deus; a ti, a carne” isto é, se tu estás unido a Deus, submeterás a matéria, a carne, as paixões, ao domínio pleno da razão. Serás se­nhor e não escravo dos instintos da animalidade.

Para muitos — amor conjugal é velharia... em que só pensam os velhos casais, tipo colonial...

Não! o amor conjugal é a verdadeira felicidade do lar. Restaurai-o, restaurando cristãmente o matrimônio e a família!