terça-feira, 16 de julho de 2013

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO
31 de Agosto de 1945

Vamos focalizar hoje a Igreja nascente, dividindo a sua história em três estádios.

No primeiro o Evangelho foi pregado somente aos judeus; e, na verdade, muitos se converteram à fé. E Pedro mandava que eles se separassem da Sinagoga, para formar uma sociedade própria, especial. — “Retirai-os desta geração depravada!” (At 2, 40). Reuniam-se os privilegiados e realizavam o rito da fração do pão ou a Eucaristia. Apesar de comparecerem ao templo para orar, os estranhos não ousavam, entretanto, juntar-se a eles. Amavam-se e entendiam-se. Lemos nos Atos dos Apóstolos: “A multidão dos crentes era um só coração e uma só alma” (At 4, 32). E, segundo o mesmo livro, Pedro os visitava a todos frequentemente.

São João Crisóstomo observa a esse respeito: (Homilia 21) — “Pedro era como um chefe que andava por toda parte, vendo tudo, examinando os núcleos, observando os que já estavam catequizados, pensando nos que ainda não se tinham convertido... animando a todos com a sua presença.

No segundo estádio, o Evangelho foi pregado não só aos judeus, mas também aos gentios. Pedro advertido por uma revelação, batiza o centurião Cornélio; foi este ato a abertura da porto do aprisco para todos. Não haveria mais distinção entre judeu e gentio. E os discípulos de Jesus falaram aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova. Dilatavam-se as fronteiras do reino de Cristo! (At 10 sgs).

No terceiro estádio, finalmente, que compreende o período decorrido entre o Concílio de Jerusalém e a morte dos apóstolos, a Igreja está muitíssimo difundida entre os gentios, apresentando sempre as características de verdadeira sociedade. Nela se encontra a unidade da fé, a unidade de sacramentos e de sacrifícios. Esta sociedade, todavia, não é de invenção humana. É o que ensina São Paulo aos fiéis de Éfeso (cap IV) — “O mesmo Jesus Cristo fez a uns, apóstolos; a outros, profetas, a outros, evangelistas; a outros, pastores e doutores, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus” (Ef 11-13).

A Igreja é sociedade religiosa, espiritual e sobrenatural.

Religiosa — porque foi instituída para propagar e guardar a religião do mesmo Cristo, segundo aquelas palavras do Mestre: “assim como meu Pai me enviou, assim também eu vos envio... ide, doutrinai todos os povos, ensinando-lhes a observar tudo quanto eu vos determinei”.

Podeis conferir, a respeito, os textos dos capí­tulos 20 de São João e 28 de São Mateus.

Sociedade espiritual — porque visa especialmente as almas; e tudo quanto realiza na esfera material é com vistas ao espiritual.

E por isso mesmo é sobrenatural — pois emprega meios acima da natureza visível para conseguir sua finalidade: a infusão da graça pela administração dos Sacramentos.

Leão XIII, em sua Encíclica lmmortale Dei, ensina: “Esta sociedade, apesar de ser composta de homens, como a sociedade civil, todavia, em razão do fim que lhe está determinado e dos instrumentos de que se serve para conseguir esse fim, é sobrenatural e espiritual”.

A Igreja foi concebida quando Jesus começou a ensinar sua doutrina, preparando os apóstolos para a grande missão de evangelizar a humanidade; quando Ele instituiu os Sacramentos, o Sacrifício, o Sacerdócio.

A Igreja nasceu quando Jesus morreu cruci­ficado; então extinguiu-se a sinagoga; disto foi sinal o rasgar-se de alto a baixo o véu do Templo.

A Igreja foi promulgada no dia de Pentecostes, quando, depois de ter recebido o Espírito Santo, os apóstolos começaram a pregar a nova lei, — lei que se tornava obrigatória a todos quantos dela iam tendo conhecimento.