domingo, 2 de junho de 2013

Por que os Protestantes protestam?

Fonte: Capela Nossa Senhora das Alegrias

Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)


CAPÍTULO II
POR QUE OS PROTESTANTES PROTESTAM

Por que eles protestam? Porque é da essência mesma da seita. No dia em que os protestantes deixarem de protestar, deixarão de ser protestantes, como o bêbado, deixando de beber, deixa de ser bêbado, como o brigador, ao deixar as rixas, deixa de ser brigador, ou como o ladrão, deixando de tirar o alheio, deixa de ser ladrão. Protestar é a própria essência do protestantismo; nisto está a sua razão de ser. No dia em que os protestantes deixassem de se reformar, de protestar, diz Sabatier, professor na faculdade protestante de Paris, no dia em que reconhecessem a autoridade exterior, como regra e prova de fé, nesse dia deixariam de ser protestantes, nesse momento se suicidariam.

É por isso que hoje, nos círculos adiantados da seita, que os protestantes que ainda estão com Lutero, não o compreendem.

Lutero conquistou-lhes o direito de protestar. Seus verdadeiros discípulos, os herdeiros genuínos do espírito de tal pai, serão os que usarem de igual direito para protestar contra ele, como eles protestam contra Roma. Os que vivem depois reivindicarão, com igual energia, a prerrogativa de protestar contra a geração presente. É assim e só assim que se pode conservar o protestantismo: protestando e protestando sempre.

O célebre Maistre tem uma frase profunda neste mesmo sentido: “O protestantismo, diz, ele, conserva apenas o mesmo nome, mudando continuamente sua fé, porque seu nome sendo meramente negativo e exprimindo apenas a renúncia ao catolicismo, menos ele acredita, mais ele protesta, e melhor protestante ele é”. (Do Papa, I. IV, cc 5)

Para compreender o protestantismo é preciso ter diante dos olhos este princípio básico: que a sua essência é a negação, é o protesto, é a revolta contra Roma.

Divide-se o protestantismo em centenas, devia-se dizer milhares de seitas, em desacordo entre elas, combatendo-se mutuamente... nenhum ponto doutrinal lhes é comum, o único laço que os liga todos é o ódio à Igreja católica, e o protesto contra tudo o que esta Igreja ensina, de modo que toda a religião protestante consiste em fazer objeções contra a Igreja católica... Objeções!... sempre e só objeções, sem quererem escutar a resposta.

Um bispo protestante – pois, para melhor macaquear a Igreja verdadeira, certas seitas ainda têm bispos – o bispo de S. David definiu a sua religião: a abjuração do papismo.

Eis o que é um protestante, e eis a razão por que ele protesta. É a sua essência, a sua razão de ser... Protesta... deve protestar..., e no dia em que não protestar mais deixa de ser protestante para ser de novo católico.

Para dar a este protesto uma capa ou aparência de razão, o protestante vem com a bíblia, que o condena a cada passo, porém, ele não quer ver a condenação, quer protestar, e ei-lo a formular as objeções mais absurdas e mais extravagantes.

Pouco importa que a própria bíblia refute as suas objeções; ele não quer ver, e não vê, pela razão muito simples que não há pior cego que aquele que não quer ver.

Não protesta nem contra o espiritismo, nem contra o budismo, nem contra o positivismo, nem contra o bolchevismo... não; só protesta contra a Igreja católica, porque só ela possui a verdade, e esta verdade é o alvo do seu protesto e a mira das suas objeções.

Protestam pois contra a Igreja, contra a autoridade da Igreja, contra os seus dogmas, contra os sacramentos, contra o culto, contra tudo o que forma a doutrina básica da Igreja verdadeira.

A Igreja católica é a única baseada sobre São Pedro e seus sucessores. – Guerra pois ao papa e toda a autoridade!

A Igreja possui dogmas revelados, que formam a base do seu ensino. Guerra pois a estes dogmas!

A Igreja possui uma moral pura, santa, um sacerdócio virgem. Guerra pois ao celibato e tudo o que é puro!

A Igreja possui um culto majestoso, atraente, manifestação da sua fé e de seu amor. Guerra pois ao culto da Igreja!

A Igreja honra de um culto de superveneração a imaculada Mãe de Deus, e de um culto de veneração aos Santos. Guerra pois a Cristo, guerra à Virgem santa, guerra aos santos!

O protestantismo não possui santo nenhum!... a Igreja católica os conta por milhares... Então grita-se: “São ídolos... adoram as imagens... são idólatras!...”

Pobres protestantes. Os ídolos são eles, estes ídolos dos quais o profeta dizia: Têm olhos e não enxergam, têm ouvidos e não ouvem; têm língua e não falam (Ez. 12,2).

Eis por que o protestante protesta e contra quê ele protesta. É um ignorante pelo orgulho; é um revoltoso impelido pelo fanatismo, é um ateu envolvido na capa de uma bíblia... conservando só a capa, sendo ele mesmo o texto da bíblia, isso é, sua própria vontade, pela livre interpretação.

Oh! Eu sei, o povo ignorante em sua simplicidade nem pensa nisso; ele se deixa seduzir pelos mercenários gananciosos, pelos tais pastores, que vivem à custa da sua simplicidade. Os culpados são estes vendidos que, para ganharem dinheiro, vendem e perdem as almas dos outros, depois de terem vendido a própria alma.

Pobres protestantes iludidos, escutai este aviso do Espírito Santo, tirado de um dos livros da bíblia, que arrancaram vossos pastores por ser a condenação deles; do segundo livro dos Paralipômenos: Eis o que diz o Senhor Deus: Por que violais vós os preceitos do Senhor, o que vos não será de proveito, e por que abandonastes vós o Senhor, para ele também vos abandonar? (2 Crônicas. 24,20).

Deixai de protestar e voltai à religião dos vossos pais, à religião de Jesus Cristo, ensinada pela Igreja católica. Ela é a única que possui dogmas imutáveis, e faz praticar uma moral santa e santificante, a única que possui um culto interior, exterior, digno de Deus e dos homens, a única, enfim, que foi fundada por Jesus Cristo, e atravessou os séculos, sempre a mesma, sempre idêntica, sempre divina, porque com ela está o Espírito de Deus. Eis que eu estarei convosco até ao fim dos séculos (Mt. 28,20).