sexta-feira, 15 de março de 2013

MATRIMÔNIO-SACRAMENTO

Monsenhor Henrique Magalhães
A Igreja e seus mandamentos,  edição de 1946.

MATRIMÔNIO-SACRAMENTO 
7 de Agosto de 1940

               Estou expondo o Sacramento: o Matrimônio.
            Os Protestantes, em geral, não consideram o Matrimônio como um Sacramento - pois falta-lhe a "promessa divina", no entender de Lutero. E Calvino disse: "As núpcias não foram consideradas sacramento antes do tempo de Gregório”.[1]
            Os Protestantes modernos reconhecem de boamente que o matrimônio é uma instituição religiosa, não, todavia, como o Batismo e a Ceia, nem tão pouco no sentido em que a toma a Igreja Romana.
            Os Ritualistas, entretanto, segundo Morgan Dix - Sistema Sacramental, págs. 87 e 88,- ensinam: "O matrimônio é um certo gênero de vida, instituído por Deus, quando o homem era ainda inocente; exprime a união mística de Jesus Cristo e da Igreja; foi coonestado com a presença de Cristo nas núpcias de Canaã da Galiléia e com o primeiro milagre que então realizou o Filho de Deus. Com direito e com razão, se diz entre nós (os Ritualistas) Sacramento do Matrimônio”.
            Agora, eis a doutrina da Igreja: "O vínculo perpétuo e indissolúvel do matrimônio está expresso nas palavras do primeiro homem ao contemplar a companheira que Deus lhe acabava de dar: “Eis o osso dos meus ossos, a carne da minha carne; pelo que deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher e serão dois uma só carne" (Gen. 2, 18-24).
            Estas palavras foram pronunciadas no momento em que Adão recebia de Deus sua esposa - eis a instituição divina do Matrimônio, como lemos no Gênesis, nas primeiras páginas da Bíblia Sagrada.
            Mais claro ainda é o que diz Jesus Cristo quando responde à pergunta acerca da possibilidade o divórcio: "Já não são dois, mas uma só carne. E acrescentou - "o que Deus uniu o homem não pode separar”' (At. 19, 6).

            Quanto à graça que aperfeiçoa o amor natural, confirma a unidade, reforça a indissolubilidade e santifica os esposos, - foi Jesus Cristo, instituidor e autor dos Sacramentos, quem no-la mereceu com a Sua Paixão. É o que insinua o apóstolo São Paulo, quando diz: "Esposos, amai a vossa esposa, como Cristo amou a Igreja e deu a Sua vida por ela”. E adiante: "Grande é este Sacramento, porém em Cristo e na Igreja" (Ef. 5, 25, 32).
            Em sua memorável Encíclica "Arcanum" de 10 de Fevereiro de 1880, Leão XIII doutrina o Orbe a respeito do Matrimônio. Diz o genial Pontífice: "Embora os detratores da fé cristã recusem admitir a doutrina constante da Igreja sobre a origem do Matrimônio e se esforcem por destruir a tradição de todos os povos e de todos os séculos, nunca puderam nem extinguir, nem debilitar a força e a luz da verdade". - Entra depois a narrar, com edificante singeleza, a cena da formação do homem e da mulher, conforme o texto bíblico. E conclui: "e para que a união do homem e da mulher se harmonizasse com os seus sapientíssimos desígnios, Deus lhe imprimiu, como um selo e sinal, duas qualidades principais, nobres entre todas as outras: a unidade e a perpetuidade".
            Esta foi a primitiva forma do matrimônio - é o que ensina Leão XIII, baseado nas palavras do próprio Jesus Cristo (Mt. 19, 4, 8) - e é o que ininterruptamente tem ensinado a Igreja.
            Esta forma tão excelente e elevada, começou pouco a pouco a corromper-se entre as nações pagãs e até mesmo entre os hebreus, cuja dureza de coração os arrastou a toda sorte de depravações morais.
            Vieram a poligamia, a poliandria, o divórcio como efeito da dissolução dos costumes e por sua vez - causas de males cada vez maiores. Em uma palavra: Deus instituiu o matrimônio monogâmico e indissolúvel. Os homens o deturparam e rebaixaram. Jesus Cristo reabilitou o matrimônio que a Igreja até hoje prestigia e defende e continuará a defender até ao fim do
séculos!          



[1] Tanquerey, Th. Dogmat. De Matrimonio St. Quaest. A.