quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Doutrina Cristã - Parte 6

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

 CREDO
Art. IV. - Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.

Os Inimigos de Jesus

31. - Jesus era o Messias prometido. Devia resgatar os homens da escravidão do pecado e do demônio, reconciliá-los com Deus, ensinar-lhes o caminho do céu e os meios para consegui-lo. Os Hebreus esperavam também pelo Messias, mas faziam dele uma idéia errada, supondo que os devesse libertar do jugo dos Romanos e restabelecer um reino terreno mais esplendoroso que o de Salomão.
Jesus com a Sua pregação não deixava de combater fortemente o vício e desmascarar a hipocrisia das várias seitas, que dominavam na Judéia, e especialmente a dos fariseus (separados). Enquanto aparentavam estes o máximo respeito à lei, eram, no coração, cheios de vícios, de tal modo que o Senhor os chamava sepulcros caiados.
Foram eles precisamente, que, aliados aos grandes da nação - sacerdotes e escribas - decidiram matar a Jesus; e o povo, fácil em deixar-se arrastar e mui débil, embora amasse e seguisse a Jesus, de quem fora tão beneficiado - deixou-se vencer e chegou a pedir a morte de seu benfeitor.
O Filho de Deus Se encarnara para sofrer e morrer pelos homens, a fim de satisfazer à divina justiça, ofendida pelo pecado e de par em par nos reabrir as portas do céu. Como chegara o tempo estabelecido pelo Padre, deixou que a malvadeza dos inimigos, a que outras vezes se subtraíra, tivesse livre curso contra Ele.

Oração no Horto

32. - Depois da última ceia, celebrada por Jesus com os Apóstolos, na quinta feira antes da festa de Páscoa, após a instituição da Eucaristia, começou o drama da Paixão.
Jesus, retirado em oração ao horto do Getsêmani, em face dos tormentos que entrevia num futuro próximo e, sobretudo em face dos pecados, qual responsabilidade tomava sobre Si, sofre por várias horas terrível agonia, e, não obstante o conforto trazido do céu por um anjo, espadana-Lhe do corpo santíssimo abundante suor de sangue.

A condenação

33. - Uma turba de soldados e ministros do templo, guiada pelo Apóstolo traidor, Judas Iscariotes, veio capturá-lO. Um beijo do traidor hipócrita dá a conhecer o Mestre aos soldados, que se apoderam d’Ele, O ligam e O conduzem ao tribunal de Anás, antigo sumo sacerdote, e dali ao tribunal do sumo sacerdote Caifás, onde se reunira todo o Sinédrio. Mal ouvidas umas poucas testemunhas de acusação, Caifás conjura a Jesus, em nome de Deus vivo, lhe diga se Ele é o Cristo Filho de Deus. Jesus responde: "Tu o disseste". A essa explícita declaração, o sumo sacerdote e todo o Sinédrio o declaram réu de morte. Como, porém, após a ocupação romana, não tivessem mais os Judeus direito de vida e de morte, Jesus Cristo foi entregue às mãos de Pôncio Pilatos, que, em caráter de Presidente, governava a Judéia em nome do Imperador Romano.
Pilatos mais de uma feita interroga a Jesus, e nada Lhe encontra para condená-lO à morte: procura libertá-lO; mas, finalmente, atemorizado pelas ameaças e pelos gritos do povo, que os grandes da nação instigavam, O condena a morte de cruz. Manda primeiro flagelar a Jesus Cristo, e, após ter lavado as mãos para declarar-se inocente daquele sangue a derramar, entrega-O aos soldados, para que O crucifiquem.

Caminho do Calvário. - Agonia e Morte

34. - Carregado do pesado madeiro da cruz, entre dois ladrões, condenados também à crucificação, Jesus foi conduzido ao Calvário, pequena eminência fora das muralhas da cidade, e, nesse local, O despojaram das vestes e O afixaram a uma cruz com duros pregos. Ergueram a cruz à vista de todos. E, nela, passadas três horas de sufocante agonia, Jesus, inclinando a cabeça, rendeu o espírito ao Padre, em presença de Sua Mãe santíssima, que, de par com o predileto discípulo João, se achava ao pé da cruz. Quando Jesus esteve a morrer, o sol se obscureceu, houve um terremoto fortíssimo e cindiu-se em duas partes o véu que encerrava o Santo dos Santos no templo de Jerusalém.
Consumava-se desse modo a Redenção do mundo, pela qual Jesus quisera suportar tantos sofrimentos, embora Lhe bastasse e fosse até superabundante um só suspiro Seu, por ser um ato de Deus e, por isso mesmo, de valor infinito.

Sepultura

35. O corpo exânime de Jesus, transpassou-O barbaramente ao costado a lança do soldado Longino, e, deposto da cruz por José de Arimatéia, foi sepultado num sepulcro novo, de pedra, que José de Arimatéia construíra para si no horto, junto ao Calvário. Por temerem os Judeus que os discípulos de Jesus lhe furtassem os despojos e proclamassem depois que Ele ressuscitara - obtiveram de Pilatos colocasse esbirros em guarda ao sepulcro, cuja pedra foi selada.