Þ 1 - A fé deve ser uma
Assim como não há senão uma religião verdadeira porque não há senão um Deus; assim também não pode haver senão uma fé em que se acreditem as mesmas verdades e impere o mesmo motivo.
As nossas cartas de naturalização no seio da Igreja, diz Monsabré, tem esta assinatura: «Unus Dominus, una fides, unum baptisma, - Um só Senhor, uma só fé e um só batismo». (Efés. IV, 5)”
Þ 2 - A fé deve ser esclarecida
O cristão deve estudar com grande diligência a sua fé, sobretudo nos tempos de hoje. Se vive apenas de umas reservas de fé, adquiridas no catecismo e mantidas por alguns sermões, o seu capital religioso tem o duplo inconveniente de se não renovar suficientemente e de diminuir fatalmente.
Þ 3 - A fé deve ser pura
Devemos acreditar em tudo o que a Santa Igreja manda e não acreditar naquilo que ela não quer que se acredite. Evitar, pois, as alterações, as supressões, as adições ou superstições. O Apóstolo São Paulo fez esta recomendação a Timóteo: «Guarda o depósito da fé».
«Quando o vento impetuoso perpassa por uma árvore, diz Monsabré, e lhe arranca um ramo, nesse ramo deixa de circular a seiva, deixa de ter vida, seca, é lenha para o lume; assim também quando o vento do orgulho perpassa pelo espírito de um cristão, de maneira que acredita numas verdades da religião mas não acredita noutras, esse cristão deve considerar-se como um ramo separado do tronco que é Jesus Cristo; é lenha para o fogo eterno; não pode salvar-se, porque não há salvação senão no fundamento que foi posto e que é Jesus Cristo.
Þ 4 - A fé deve ser simples
À simplicidade da fé consiste em crer porque Deus o disse sem estar com discussões nem arrazoados; porquanto, se Deus falou, a que vem o exame? Que temos nós com os motivos e razões das Suas palavras? Se Ele o diz, Ele o sabe. Para fazermos uma idéia da simplicidade com que devemos crer na palavra de Deus tomou um dia o divino Salvador a um menino e pondo-o no meio de Seus discípulos disse-lhes: - «Quem se não sujeitar ao Evangelho com a simplicidade de um menino não entrará jamais no reino do Céu». (Mat. XVIII, 3).
Isto diz tudo; e não será esta palavra a condenação de tantos que ousam criticar e censurar a religião no que é superior à razão humana, mostrando-se mais filósofos do que cristãos?
Isto diz tudo; e não será esta palavra a condenação de tantos que ousam criticar e censurar a religião no que é superior à razão humana, mostrando-se mais filósofos do que cristãos?
Þ 5 - A fé deve ser firme
À firmeza consiste em crer nas verdades da religião sem hesitar e com uma segurança tal que nada a possa abalar, nem as objeções dos ímpios, nem as tentações do demônio, nem as incertezas do nosso espírito. A fé era tão firme nos Apóstolos que, contando a vida de Jesus Cristo, podiam acrescentar: «Estas palavras eu as ouvi dos seus próprios lábios, a este milagre assisti eu». Porque não acredito em Jesus Cristo na Sua doutrina, nos Seus milagres como os Seus contemporâneos; os argumentos que eles tiveram conservam a sua força convincente e há vinte séculos que se lhes têm juntado outros.
Þ 6 - A fé deve ser viva
A fé deve produzir boas obras.
- Cremos num Deus infinitamente bom? Devemos amá-lO; cremos num Deus infinitamente grande? Devemos servi-lO; cremos num Deus infinitamente justo? Devemos temer o pecado. Não acreditar nestas verdades é ser infiel; e crê-las e viver como se não cresse é ser insensato. Qual destas duas coisas somos? Quem não crê, diz o Salvador já está julgado; mas quem crê e vive como se não crera, será mais severamente castigado.
«À fé sem obras, diz São Tiago é morta». «À fé sem obras, diz São Paulo Crisólogo, é uma árvore sem fruto». Um cristão sem obras é comparado a um rico que não fez render o seu capital e que morre de fome não obstante seu dinheiro.
«Harmonizarei a minha vida com a minha fé, diz Santo Ambrósio, mostrá-la-ei em minhas obras».