terça-feira, 26 de junho de 2012

Linda oração de Santo Tomás de Aquino


"Que eu chegue a Vós, Senhor, por um caminho seguro e reto; caminho que não se desvie nem na prosperidade nem na adversidade, de tal forma que eu Vos dê graças nas horas prósperas e nas adversas conserve a paciência, não me deixando exaltar pelas primeiras nem abater pelas outras. 
Que nada me alegre ou entristeça, exceto o que me conduza a Vós ou que de Vós me separe. 
Que eu não deseje agradar nem receie desagradar senão a Vós. 
Tudo o que passa torne-se desprezível a meus olhos por Vossa causa, Senhor, e tudo o que Vós diz respeito me seja caro, mas  Vós, meu Deus, mais do que o resto. 
Qualquer alegria sem Vós me seja fastidiosa, e nada eu deseje fora de Vós. 
Qualquer trabalho, Senhor, feito por Vós me seja agradável e insuportável aquele de que estiveres ausente. 
Concede-me a graça de erguer continuamente o coração a Vós e que, quando eu caia, me arrependa. 
Torna-me, Senhor meu Deus, obediente, pobre e casto; paciente, sem reclamação; humilde, sem fingimento; alegre, sem dissipação; triste, sem abatimento; reservado, sem rigidez; ativo, sem leviandade; animado pelo temor, sem desânimo; sincero, sem duplicidade; fazendo o bem sem presunção; corrigindo o próximo sem altivez; edificando-o com palavras e exemplos, sem falsidade. 
Dá-me, Senhor Deus, um coração vigilante, que nenhum pensamento curioso arraste para longe de Vós; um coração nobre que nenhuma afeição indigna debilite; um coração reto que nenhuma intenção equívoca desvie; um coração firme, que nenhuma adversidade abale; um coração livre, que nenhuma paixão subjugue. 
Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que Vos conheça, uma vontade que Vos busque, uma sabedoria que Vos encontre, uma vida que Vos agrade, uma perseverança que Vos espere com confiança e uma confiança que Vos possua.
Amém."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

História maravilhosa de um fidalgo que morreu de amor no monte Olívete

São Francisco de Sales
Tratado do amor de Deus



            Além do que foi dito, achei uma história que, por ser extremamente admirável, nem por isto é senão mais crível aos amantes sagrados, visto que, como diz o santo apóstolo, a caridade crê de muito bom grado todas as coisas (1 Cor 13, 4-7), isto é, não pensa facilmente que se minta; e, se não há sinais aparentes de falsidade naquilo que lhe representam, ela não faz dificuldade em crê-las, mas sobretudo quando são coisas que exaltam e magnificam o amor de Deus para com os homens, ou o amor dos homens para com Deus; uma vez que a caridade, que é rainha soberana das virtudes à feição dos príncipes se compraz nas coisas que  servem à glória do seu império e dominação. E, se bem que o relato que quero fazer não esteja nem tão publicado nem tão bem testemunhado como o requereria a grandeza da maravilha que ele contém, nem por isso perde a sua verdade; pois, como diz excelentemente Santo Agostinho, a custo se sabem os milagres, por mais magníficos que sejam, no próprio lugar onde eles se fazem; e, ainda que os contem aqueles que os viram, custa-se a crê-los; mas nem por isso deixam eles de ser verdadeiros; e, em matéria de religião, as almas bem formadas têm mais suavidade em crer as coisas em que há mais dificuldade e admiração.

            Um cavaleiro muito ilustre e virtuoso foi, pois, um dia além-mar à Palestina, para visitar os santos lugares onde Nosso Senhor fizera as obras da nossa redenção; e, para começar dignamente esse santo exercício, antes de tudo ele se confessou e comungou devotamente; depois foi em primeiro lugar à cidade de Nazaré onde o anjo anunciou à Virgem santíssima a sacratíssima encarnação, e onde se operou a adorabilíssima Conceição do Verbo eterno; e lá esse digno peregrino pôs-se a contemplar o abismo da bondade celeste que se dignara de tomar carne humana para retirar o homem da perdição. Dali passou a Belém, ao lugar da natividade, onde não se poderia dizer quantas lágrimas ele derramou; contemplando as lágrimas com que o Filho de Deus, filhinho da Virgem, regara aquele santo estábulo, beijando e tornando a beijar cem vezes aquela terra sagrada, e lambendo o pó sobre o qual a primeira infância do divino menino fôra recebida. De Belém foi a Betabara1 “e passou até o lugarejo de Betânia, onde, lembrando-se de que Nosso Senhor Se despira para ser batizado, despiu-se também, e, entrando no Jordão, lavando-se e bebendo das suas águas, lhe parecera ver ali seu Salvador recebendo o batismo pela mão do Seu precursor, e o Espírito Santo descendo visivelmente sobre Ele sob a forma de pomba, com os céus ainda abertos, de onde lhe parecia que descia a voz de Padre eterno dizendo: Este é meu Filho bem-amado, no qual pus as minhas complacências (Mt 17, 5). De Betânia vai ele ao deserto, e aí vê, com os olhos do espírito, o Salvador jejuando, combatendo e vencendo o inimigo, e depois os anjos que Lhe servem comidas admiráveis. Dali vai à montanha do Tabor, onde vê o Salvador transfigurado; depois à montanha de Sião, onde, parece-lhe ainda, vê Nosso Senhor ajoelhado no cenáculo, lavando os pés aos discípulos, e distribuindo-lhes o Seu divino corpo na sagrada Eucaristia. Passa a torrente do Cedron, e vai ao horto de Getsêmani, onde seu coração se liquefaz nas lágrimas de uma amabilíssima dor quando ele ali se representa seu caro Salvador suando sangue naquela extrema agonia que ali sofria, e depois, logo depois, atado, garroteado e levado a Jerusalém, para onde ele se encaminha também, seguindo por toda parte os vestígios do seu bem-amado; e vê-O em imaginação arrastado para cá e para lá, à casa de Anãs, à casa de Caifás, à casa de Pilatos, à casa de Herodes, açoitado, escarnecido, cuspido, coroado de espinhos, apresentado ao povo, condenado à morte, sobrecarregado com a Sua cruz, que Ele carrega, e, carregando-a, faz o lastimoso encontro de Sua Mãe toda imersa em dor, e das mulheres de Jerusalém que choravam sobre Ele. Sobe enfim esse devoto peregrino ao monte Calvário, onde vê em espírito a cruz estendida no chão, e Nosso Senhor a quem derrubam, a quem pregam de pés e mãos sobre ela crudelissimamente. Contempla em seguida como levantam no ar a cruz e o crucificado, e o sangue que escorre de todos os pontos do Seu divino corpo. Olha a pobre Virgem sagrada traspassada pela espada de dor (Lc 2, 35); depois volve os olhos para o Salvador crucificado, cujas sete palavras escuta com amor sem par; e enfim O vê moribundo, depois morto, depois recebendo a lançada e mostrando pela abertura da chaga o Seu coração divino; depois tirado da cruz e levado ao sepulcro, onde ele O vai seguindo, deitando um mar de lágrimas sobre os lugares embebidos do sangue do seu Redentor: de tal sorte que ele entra no sepulcro, e sepulta seu coração junto ao corpo de seu Mestre; depois, ressuscitando com Ele, vai a Emaús, e vê tudo o que se passa entre o Senhor e os dois discípulos; e finalmente, voltando ao monte Olivete, onde se operou o mistério da Ascensão, e vendo ali as últimas marcas e vestígios dos pés do divino Salvador, prostrado sobre elas e beijando-as mil e mil vezes com suspiros de amor infinito, começa a retrair a si todas as forças dos seus afetos, como um arqueiro retrai a corda de seu arco quando quer desferir a seta; depois, levantando-se, com os olhos e as mãos tendidos para o céu, disse: Ó Jesus, meu doce Jesus, não sei mais aonde vos buscar e seguir na terra. Oh! Jesus, Jesus, meu amor, concedei pois a este coração seguir-Vos e ir para junto de Vós lá em cima; e, com estas ardentes palavras, lançou ao mesmo tempo a sua alma ao céu, qual sagrada seta que como divino arqueiro ele atirou no alvo do seu felicíssimo objeto.

            Mas os seus companheiros e servos que viram assim subitamente cair como morto aquele pobre amante, admirados com esse acidente, correram por força ao médico, que, vindo, achou que ele efetivamente falecera; e, para fazer juízo seguro das causas de uma morte tão inopinada, indagou de que compleição, de que costumes e de que temperamento era o defunto, e soube que ele era de natural mui doce, amável, maravilhosamente devoto, e grandemente ardente no amor de Deus. Ao que, disse o médico que sem dúvida o coração se lhe rebentara de excesso e de fervor de amor. E, a fim de consolidar melhor o seu juízo, quis abri-lo, e achou aquele bravo coração aberto com esta sagrada palavra gravada dentro: Jesus, meu amor! O amor, pois, fez nesse coração o ofício da morte, separando a alma do corpo sem concorrência de nenhuma outra causa. E é São Bernardino de Sena, autor mui douto e mui santo, quem faz esta narração no primeiro dos seus sermões da Ascensão.

            Certamente, outro autor quase da mesma época, que ocultou o nome por humildade, mas que sem embargo seria digno de ser nomeado, num livro que intitulou Espelho dos espirituais conta outra história ainda mais admirável; pois diz que na região de Provença havia um senhor grandemente dado ao amor de Deus e à devoção do santíssimo Sacramento do altar. Ora, um dia, estando ele extremamente afligido por uma doença que lhe causava vômitos contínuos, trouxeram-lhe a divina comunhão, e, não ousando recebê-la por causa do perigo que havia de vomitá-la, ele suplicou ao seu cura colocar-lha sobre o peito, e persigná-lo com ela pelo sinal da cruz, o que foi feito, e num momento aquele peito inflamado do santo amor fendeu-se, e puxou para dentro de si o celeste alimento no qual estava o bem-amado, e ao mesmo tempo expirou. Bem vejo, em verdade, que esta história é grandemente extraordinária, e que mereceria um testemunho do maior peso; mas, depois da veracíssima história do coração fendido de Santa Clara de Montefalcone, que toda gente pode ver ainda agora, e da dos estigmas de São Francisco, que é seguríssíma, minha alma não acha coisa alguma difícil de crer entre os efeitos do divino amor.

1) Betabara, cidade da tribo de Benjamim para onde veio Josué.

Oración por la mañana y por la noche de Santa Matilde.

Fonte: En Gloria y Majestad

Nota del blog: las siguientes oraciones están tomadas del Manuale Christianum del Padre A. Fleury.



Orátio mane faciénda.

Amantíssime Jesu, hoc primum hujus díei suspírium de fundo cordis mei háustum mitto ad Te, ex ómnibus víribus meis rogans, ut hac die omnes córporis et ánimae actiónes per Temetípsum in me operári, easdémque in corde tuo dulcíssimo emendátas, una cum perfectíssimis opéribus tuis, Deo Patri  in laudem aetérnam offérre dignéris. Amen

Oración por la mañana.

Amantísimo Jesús, te entrego este primer suspiro del día desde el fondo de mi corazón, pidiéndote con todas mis fuerzas que en este día todas mis acciones del cuerpo y del alma, sean enmendadas por Ti mismo en Tu dulcísimo corazón y junto con Tus perfectísimas obras, Te dignes ofrecerlas a Dios Padre en alabanza eterna. Amén.

Orátio véspere faciénda.

O Cor Jesu dulcíssimum, Tibi comméndo hac nocte cor et corpus meum, ut in Te dúlciter requiéscant. Et quóniam ego jam obdormitúrus Deum laudáre nequeo, Tu illud pro me supplére dignéris: ita ut quot pulsus cor meum hac nocte déderit, tot laudes Sanctíssimae Trinitáti pro me persólvat; omnémque álitum, quem spirávero, in Te suscéptum, eidem támquam vivas amóris scintíllas offérre velis. Amen.

Oración por la noche.

Oh dulcísimo Corazón de Jesús, a Ti te encomiendo en esta noche mi corazón y mi cuerpo, a fin de que descansen dulcemente en Ti. Y puesto que yo al dormir ya no podré alabarte, dígnate suplirlo por mí, de forma tal que tantas sean las alabanzas que dé a la Santísima Trinidad cuantos sean los latidos de mi corazón; y que todo hálito que dé, recibido por Ti, quieras ofrecerlo como una centella de amor. Amén 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

NA FONTE

Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus


            Ouvir dizer ou ler o que outros afirmam sobre a união da alma com Deus eleva sem dúvida o espírito, mas pode deixar-nos muito longe da realização. Acontece também que muitas almas dispostas a prosseguirem este fim, perdem a coragem depois de uma série de derrotas e renunciam a avançar pelo reino das promessas divinas. Algumas delas resignam-se então à mediocridade de vida interior: visto que a perfeição parece estar decididamente fora do nosso alcance, para quê continuar a forcejar em vão? Consolam-se com a idéia de que outros, depois de algumas tentativas, desmedidas para as suas forças, conheceram a amargura da decepção.
            Pode até acontecer que estas reflexões nos dêem a sensação de sermos avisados e prudentes e nos façam lastimar o sacrifício inútil das almas presunçosas. Não abandonamos de todo a piedade, mas limitamos o nosso horizonte; e a voz da consciência, que não pode satisfazer-se com esta limitação, é asfixiada pelas distrações. Na verdade, não podemos pensar que uma oferenda incompleta seja digna da majestade divina, da Sua pureza e da Sua simplicidade, e que o Amor absoluto aceite a oferta de uma alma dividida a nós que se dirigem estas queixas: «Ouvireis com os ouvidos e não entendereis: e vereis com os olhos e não ver eis. Porque o coração deste povo tomou-se insensível, e os seus ouvidos tornaram-se duros e fecharam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração e se convertam» (Mat., XIII, 14-15).
            Estas palavras parecem duras na boca de um Deus: mas é precisamente por causa da Sua misericórdia infinita, porque quer partilhar conosco a caridade ardente que transborda do Seu coração, que nos repreende pela nossa tibieza, e ainda mais pela nossa resignação. Por mais severamente que nos fale, nunca nos abandona mais do que nós o abandonamos a Ele. Deus está sempre próximo de nós como uma nascente interior de onde brota a graça e lá se encontra à nossa espera no mais íntimo de nós. Apesar dos nossos precários compromissos entre o amor divino e o amor próprio, não deixa nunca de nos atrair a Ele para nos oferecer a totalidade das Suas riquezas. Assim como a unidade divina é a mãe dos seres, assim também toda a vida aspira à unidade e todo o amor à totalidade.
            Se, a partir deste momento, quiséssemos ouvir a palavra divina e deixar o nosso coração responder ao seu apelo, teríamos aberto na nossa frente o caminho que conduz sem desvios até ao alto. É o próprio Deus que nos incita a percorrê-lo e é por isso que nos desvenda os seus segredos. Pudéssemos nós ouvi-la, de fato, no silêncio de uma submissão humilde e de uma filial atenção!
            A Sua linguagem é mais clara que toda a luz criada; o Seu único fim é fazer saltar em nós a faísca de uma resposta ardente. Se se apresenta por vezes com a dureza de um diamante, é para penetrar até ao fundo do nosso coração, objeto do desejo eterno. Mas é a paciência divina que mais devemos admirar, a condescendência do Verbo que toma a forma do escravo para conquistar o nosso amor: «Eis o meu servo, que eu escolhi, o meu amado, em quem a minha alma pôs as suas complacências; não quebrará a cana rachada nem apagará a torcida que fumega» (Mat., XII, 18-20).
            Que nenhum obstáculo venha, da nossa parte, enfraquecer a palavra de Deus: deixemo-la ressoar até ao fundo da nossa consciência: também em nós ela fará desabrochar as Suas divinas maravilhas. «Vede! Deus é a nossa libertação: bebei com alegria nas fontes do Salvador!» (Is., XII, 2-3). É do Filho que nos devemos aproximar, se quisermos acalmar a sede que atormenta a nossa alma. Ele vem ao nosso encontro e é Ele próprio que nos pede de beber, tanto na sombra do recolhimento como ao sol ardente dos nossos dias. E assim que a alma começa a satisfazer o desejo divino, ouve estas palavras: «Se tu conheceras o dom de Deus e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu certamente lhe pediras e Ele te daria uma água viva» (João, IV, 10).
            Oferta divina, na verdade! Basta confessarmos a nossa indigência para recebermos a dádiva da misericórdia. O coração divino conhece todas as nossas necessidades e faz chegar até nós a onda da sua caridade: convida-nos a beber sem reservas para refrescar e curar a nossa alma. Esta água que brota das profundezas divinas torna-nos cada vez mais permeáveis à sua pureza e mais aptos para receber a sua abundância, à medida que vamos matando a nossa sede. «Se alguém tem sede, venha a mim e beba. O que crê em mim, do seu coração correrão rios de água viva» (João, VII, 37-38).
            Libertarmo-nos dos laços egoístas e parciais que nos prendem às criaturas, desprendermos o nosso coração do que é temporal e efêmero, eis as condições para o nosso despertar espiritual. O conhecimento angustiante da nossa miséria arranca-nos às satisfações de uma hora para nos fazer desejar ardentemente a verdade eterna, a plenitude divina. «Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, mas a água que eu lhe der virá a ser nele uma nascente de água a jorrar para a vida eterna» (João, IV, 14).
            Se bebermos, pois, na fonte do paraíso interior, nunca mais procuraremos matar a sede nos regatos da terra, para que o Salvador não se queixe de nós: «Eles abandonaram-me, a mim que sou a fonte viva, para cavarem cisternas - cisternas cheias de fendas que não conservam a água (cisternas dissipadas) » (Jer., II, 13).
            Estejamos atentos a esta hora da graça, que, quem sabe, pode soar pela última vez. «Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração» (Hebr., IV, 7).
            Que o Espírito Santo não nos ache lentos e surdos à Sua chamada! Não deixemos adormecer em nós a idéia desta glória que nos convida, desta Boa-Nova que Deus nos anuncia a todo o momento, deste Verbo de amor que procura com divina violência revelar-se ao nosso coração. «A palavra de Deus é eficaz, é mais aguda que uma espada de dois gumes: ela separa a alma do espírito, as articulações da medula, ela julga os sentimentos e os pensamentos do coração» (Hebr., IV, 12). Deixemos Deus agir, que Ele seja o nosso quinhão e a nossa sorte!
            A verdade que o Seu amor nos impõe desenvolver-se-á nos nossos corações quando a nossa fé receber a semente eterna. «Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a seguem» (Luc., XII, 28). «Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade!» (João, XVII, 17).

terça-feira, 19 de junho de 2012

Livramento das almas do Purgatório

Nota do blogue: Recebido por e-mail. Agradeço a alma generosa que me enviou. Deus lhe pague

O quarto desejo do Coração de Jesus 
é o livramento das almas do Purgatório


Almas queridas de Jesus, almas muito amadas que Ele vê sofrer, e que, em respeito a Sua justiça, ainda não pode livrar!
Estas almas chamam-nO, desejam-nO, dizem-Lhe a cada instante: “Quando Vos veremos, Senhor?… E choram menos pe­las dores que experimentam que por se verem separadas de Jesus! Parece-me, dizia uma Santa, estar vendo Jesus que estende para mim uma das Suas mãos, dizendo-me: “Es­tas pobres almas devem-me orações, missas mal ouvidas, mortificações, esmolas que de­veriam ter feito… Satisfazei por elas”.
Sim, Jesus, quero começar hoje mesmo.
“Darei, de tempos a tempos, uma es­mola pelas almas do Purgatório”.
EXEMPLO
Santa Margarida Maria recomendou, vivamente, em suas instruções, o seguinte: “À noite, dareis uma voltinha pelo Purgatório, em companhia do Sagrado Co­ração, consagrando-Lhe tudo o que houverdes feito, e pedindo que Se digne aplicar os Seus merecimentos às santas almas que padecem. E ao mesmo tempo lhes pedireis também, queiram interpor o seu poder para vos alcançarem a graça de “viver e de morrer no amor e fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, correspondendo aos Seus desejos de [amor]”. Noutro escrito que deixou, lê-se: “Numa noite de Quin­ta-feira Santa, tendo eu alcançado licença para passá-la diante do SS. Sacramento, estive uma parte do tempo como cercada destas almas pobres: e Nosso Senhor disse-me que me dava a elas todo este ano, para lhes fazer todo o bem que pudesse. 
Desde então, vem elas ter muitas vezes comigo; e não lhes dou outro nome senão o de minhas “amigas penadas”. Eu pedia em fa­vor delas sufrágios e aplicações de Missa dizendo: “Muito mais obrigada vos fico pelo bem que lhes pro­curais do que se a mim mesma o fizésseis”. Outras vezes, regozijava de terem saído livres pelas orações e penitências que por elas fizera: “Esta manhã, domingo do Bom Pastor, duas das minhas boas amigas que so­frem, vieram dar-me um adeus; porque hoje o sobe­rano Pastor as recebia no Seu redil da eternidade, com outras que iam entoando cânticos de alegria que se não podem explicar”. Estes piedosos sentimentos de Sta. Mar­garida Maria se manifestavam também na mesma época numa Religiosa de alta virtude. Maria Vitória da Encarnação, do Convento das Clarissas da Bahia, cuja vida foi escrita pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro. 
Era a santa freira fervorosíssima devota dos mistérios da Paixão de Nosso Senhor e, às sextas-feiras, fazia a via sacra, carregando uma pesada cruz e levando à cabeça uma coroa de espinhos a disciplinar-se de modo que o sangue esguichava sobre as paredes ou corria pelo pavimento; assim, às vezes, a se arrastar de joelhos, ia até o lugar das sepulturas e se prostrava sobre elas orando. 
Tinha ainda uma particular devoção ao arcanjo São Miguel como o defensor das almas do Purgatório, para cujo alívio fazia muitos sufrágios e oferecia todas as obras de humildade que praticava. Por isso, escreve o seu ilustre biógrafo, elas a procuravam com toda a confiança: indo, uma vez, altas horas da noite, ao coro fazer oração, ouviu lastimoso gemido de um defunto que, por chegar tarde à igreja, ficara por enterrar: co­brando ânimo, perguntou o que queria, e ele respondeu, pedindo mandasse fazer sufrágios de que muito preci­sava; satisfez o pedido no dia imediato, e o defunto, mais tarde, veio agradecer-lhe. Uma noite, viu a alma de uma sua serva que lhe falava, quando a companheira que dormia perto, despertando e vendo um clarão em sua cela, ao tempo em que lhe ouvia a voz, gritou assustada, fazendo acordar toda a comunidade. 
Viu, de outra vez, a alma da religiosa Madre Luzia, que subia ao céu. De uma feita, acabada a sua oração no coro, retirava-se, mas a cercaram de tal sorte as almas, que ficou a orar até romper a aurora. Como para mostrar que não era isso feito de pura imaginação, permitiu Deus que as almas lhe imprimissem como três dedos de fogo num ombro, e viram-nos várias Religiosas, a quem disse por graça: “As minhas amigas me cauterizaram; não quero mais brinquedos”. 
Por outro lado, elas lhe faziam carinhos e a serviam: em noite de excessivo calor, uma freira que falava à porta da cela, sentiu uma suavíssima viração e, não podendo explicar, perguntou donde vinha. Madre Vitória respondeu: “São as minhas amigas que me estão abanando”. — “Oh! que consolação é a de ver uma alma em salvação. Veio aqui, nestes dias, uma tão linda e resplandecente, que excedia a luz do sol”. E, valendo-se delas, conseguiu a muitas pessoas acharem o perdido, saberem de pessoas ausentes muito longe ou de coisas futuras que se não poderiam conhecer naturalmente, e curarem-se prestes de moléstias antigas e graves. Madre Vitória morreu em 1715, numa sexta-feira, às 3 horas da tarde, dando-se, nesta ocasião e depois, por muitas vezes, fatos extraordinários que confirmaram a reputação de santidade que já gozava em sua vida, e que tem uma longa e detida comemoração na Crônica da Ordem Seráfica.
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(Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913)

Créditos ao blogue:  Almas Devotas

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pensamento da noite de 18/06/2012

Gemma Galgani - Belíssima e santa

"Da visão ao amor há apenas um passo, e o amor dirigido para o ideal divino, para a beleza moral, é o começo da regeneração e da santidade. O ideal da beleza absoluta só existe em Deus, pois só nEle se encontram, em todo o Seu esplendor, o "Verdadeiro" e "Bom", que, sem ser a essência do "Belo", são, entretanto, duas partes constitutivas, de tal modo que sem "Verdade" e sem "Bondade" a beleza não pode existir."
(Padre Julio Maria de Lombaerde)

O MELHOR CAMINHO



Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus


            A fidelidade a certas práticas religiosas não basta para tornar o homem interior. Aquele que merece verdadeiramente este nome não pára de rezar quando a sua boca emudece, nem de louvar a Deus quando tem de falar de coisas indiferentes. O perigo duma regularidade demasiado exterior é pôr limites à vida do espírito e tornar puramente mecânica a expressão da piedade. Quase que não é necessário insistir nisto, visto que o Evangelho nos adverte várias vezes do perigo: «Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim» (Mat., XV, 8).

            O que importa na vida espiritual não é o número das orações nem a acumulação das práticas, mas a continuidade de uma fé viva, o abandono generoso de si próprio e a união íntima com Nosso Senhor. O valor das virtudes mede-se pela sua fonte: os nossos atos valem pelas nossas intenções, e desde que estas se elevem constantemente para Deus pela fé, pela esperança e pela caridade, não há nada na nossa existência que não possa ser uma ação de graças, que não dê glória eterna ao Pai. «Nem todo o que diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas o que faz a vontade do meu Pai, que está
nos céus, esse entrará no reino dos céus» (Mat., VII, 21).

            Enquanto não tivermos ouvido o chamamento a uma vida interior, não teremos compreendido bem as palavras de Cristo. E enquanto o nosso coração se contentar com palavras de rotina, quase automáticas, estaremos com certeza muito longe de cumprir o preceito: Amai com todo o vosso entendimento e de todo o vosso coração! É necessário que a nossa vida seja tocada por Ele, e até que a nossa pessoa deixe de nos pertencer para se entregar toda ao amor: a intimação de Deus não pode ter outro sentido. À medida que nos aproximamos de Deus, opera-se uma transformação no nosso ser, que se espiritualiza e se adapta àquilo que ama. Seria um grande perigo para a nossa alma se ela se limitasse a fórmula e gestos convencionais e não explorasse essa parte mais profunda onde Deus a espera. «Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Porque é destes adoradores que o Pai procura. Deus é espírito; e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram (João, IV, 23-24).

            Mais de um caminho se apresenta ao homem que quer caminhar na luz seguindo os conselhos do Mestre. Uns entregam-se a uma vida de penitência, outros procuram o retiro e a solidão, outros ainda sentem-se chamados para a pobreza evangélica: cada um destes meios é adotado e valorizado de maneira especial por certas famílias religiosas. Mas que seria da pobreza, da solidão e até da penitência, se não fossem animadas de uma intenção pura e verdadeiramente divina? Na verdade, podemos abandonar o mundo e os seus prazeres, aprender a renunciarmos a nós próprios e a dominarmo-nos com uma intenção egoísta; não é necessário ser-se cristão para ter qualquer destes ideais: a Grécia e a Índia tiveram heróis do ascetismo filosófico que não se aproximaram sequer da santidade. Nenhuma virtude deve ser despregada, porque o que ocupa o lugar que ficou livre por essa falta de vigilância é sempre uma forma de amor-próprio: o que importa precisamente é não descurar um dever, enquanto estamos cumprindo outro.

            E como o perigo desta parcialidade está espreitando constantemente a nossa vontade imperfeita, precisamos de apoiar a nossa ação, a nossa própria visão dos valores, no ponto mais alto - o mais seguro. É Deus que no-lo indica, felizmente, e nos convida a ele pela boca do Apóstolo: «Aspirai, pois, aos dons melhores. E eu vou mostrar-vos um caminho ainda mais excelente. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine. E ainda que eu distribuísse todos os meus bens no sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, nada me aproveita» (I Cor., XII, 31- XIII, 1-3).

            Por mais medíocre que a nossa vida tenha sido até agora e por mais desanimadora que nos pareça a sua recordação, não temos nenhum motivo para pôr de parte este recurso: pelo contrário, é nosso dever pedir à fonte suprema que nos dê as forças que nos faltam, que nos faça voltar o amor eterno. As faltas cometidas nunca devem servir de pretexto para uma timidez da alma, como se o amor de que ela precisa estivesse reservado para almas escolhidas. Na verdade, não é assim que fala o divino Mestre: quando uma pecadora pública ousa banhar-Lhe os pés com as suas lágrimas e enxugá-los depois com os cabelos, toma a sua defesa contra as críticas do Fariseu, homem justo, contudo, e de conduta irrepreensível: «Não me deste o ósculo da paz, e esta, desde que entrou, não cessou de beijar os meus pés. Não ungiste a minha cabeça com bálsamo; e esta ungiu com bálsamo os meus pés. Pelo que te digo: são-lhe perdoados muitos pecados, porque muito amou» (Luc., VII, 45-46).

            A caridade deve fecundar toda a nossa vida, é ela que devemos procurar em todas as coisas e deve ser a razão constante das nossas ações. É preciso deixarmo-nos guiar pelo amor para que ele cresça na nossa alma. Ninguém falou de caridade com mais entusiasmo do que o convertido de Damasco, e ninguém se deixou levar mais por ela do que ele próprio, que tão ardentemente desejava a morte libertadora para estar com Cristo. «Porque o amor de Cristo nos constrange, diz ele, pois sabemos que Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles» (lI Cor., V, 14-15).

            Deus obrigar-nos-ia quase, pelo poder do Seu amor, a entregarmo-nos a Ele: no entanto, rigorosamente, Ele não exerce pressão sobre a alma, pois criou-nos livres e o amor vive de liberdade.

            A caridade é o laço vivo entre o Pai e o Filho: ela deve ser também o laço que liga as vontades e as inteligências para uni-las a Deus. É um dom inestimável que recebemos no batismo: mal chegamos a este mundo, Deus confere-nos o direito de cidadania no Céu. O Seu Espírito, como uma porta interior, derrama em nós a caridade divina: «O amor de Deus está derramado em nós, diz São Paulo, pelo Espírito Santo, que nos foi dado» (Rom., V, 5).

            Nós, a quem Deus escolheu para combatermos em Seu nome, não podemos, de maneira nenhuma, contentar-nos em cultivar esta ou aquela virtude: não há nenhuma, seja dito mais uma vez, que não seja necessária. Elas crescem e frutificam à medida que cresce o amor; da mesma maneira perdem o brilho e o valor à medida que a caridade enfraquece. E é isso que o Apóstolo nos faz ver: «Acima de tudo isto, tende caridade, que é o vínculo da perfeição» (Col., III, 14). «Que todas as vossas obras sejam feitas em caridade» (Cor., XVI, 14). O amor não descansa senão quando alcança uma vitória total: como não há-de isto ser verdade, antes de tudo, para o amor infinito que deu tudo e não pode satifazer-se com fragmentos ou restos da nossa capacidade de amar?

            O amor sabe aproveitar todas as ocasiões para tocar o coração do amado: nas horas de alegria, dá graças; nas horas de dor prova a sua fidelidade. A aceitação filial de tudo o que nos cabe, a calma certeza de que nada acontece sem uma intenção da caridade divina para conosco - por mais doloroso que o acontecimento nos pareça -, este consentimento e esta confiança são uma oração constante, graças à qual tudo se vive por amor de Deus. Deste modo, a nossa conduta está de harmonia com o eterno desígnio, «vivemos de acordo com o fundo das coisas».

            Uma intenção recolhida e renovada durante o dia tantas vezes quantas as nossas ocupações materiais no-lo permitam, mantém o nosso coração elevado para Deus: é uma oferta que o mais pobre dos pecadores está à altura de fazer, quando considera a sua miséria. Aos pés da cruz, diante do tabernáculo, nos momentos sagrados que se seguem à santa comunhão, unimo-nos a Jesus nosso amigo, e qualquer que seja a razão que nos afasta dEle, podemos voltar sem demora para Cristo num novo impulso de amor. Percorrendo assim com Ele o caminho da nossa vida, somos levados a compreender melhor a Sua palavra que se resume neste preceito e nesta promessa de amor - como reconheciam, depois de terem caminhado na Sua divina companhia, os discípulos de Emaús: «Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» (Luc., XXIV, 32). 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Festa do Sagrado Coração de Jesus

Fonte: Escravas de Maria


15/06 Sexta-feira Festa do Sagrado Coração de Jesus
Festa de Primeira Classe 
Paramento Branco


Na sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a Igreja celebra a festa do Sagrado Coração de Jesus. De acordo com os desejos de Nosso Senhor, manifestados a Santa Margarida Maria Alacoque, deve ser dia de reparação, pela ingratidão, frieza, desprezo e sacrilégios que muitas vezes sofreu na Eucaristia, por parte de maus cristãos, e às vezes até por parte de pessoas que se presumem piedosas. Em todas as igrejas se fazem neste dia, solenes atos coletivos de reparação. Para estimular os cristãos e retribuir com amor tantas e tão grandes provas de amor do Divino Coração de Jesus, dedicou à sua veneração, não só a primeira sexta-feira de cada mês, mas também um mês inteiro, o mês de junho.

No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alcoque e, descobrindo Seu Coração, disse-lhe: “Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor”.

Quem é devoto do Sagrado Coração de Jesus? 

“Tem devoção ao Sagrado Coração de Jesus, quem considera o amor que Jesus Cristo patenteou na Sua vida, na morte e no Santíssimo Sacramento, quem considera os afetos, os sofrimentos da alma de Jesus Cristo. É devoto do Sagrado Coração de Jesus, quem ama a Jesus Cristo, imita Suas virtudes; quem Lhe faz reparação honorífica dos ultrajes que recebe e tudo isto, para corresponder ao amor que Ele nos vota”.

“O Sagrado Coração de Jesus, na “GRANDE PROMESSA”, concedeu a inestimável graça da perseverança final aos que comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos. Pelo que se introduziu o exercício de devoções em honra do Sagrado Coração, na primeira sexta-feira de cada mês. Além da graça prometida, ganha-se uma indulgência plenária (Comunhão, reparação, oração e meditação por algum tempo sobre a infinita bondade do Sagrado Coração). (Pe. Réus: “Orai”) Jesus, portanto, quer que Lhe demos amor e reparação das ofensas contra a Eucaristia, honrando e venerando o Seu divino Coração. E como para nos obrigar a isto, fez as seguintes magníficas promessas, em que fala a misericórdia do seu Sagrado Coração:

AS PROMESSAS

  •  Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado. 
  •  Porei paz em suas famílias. 
  •  Consolá-los-ei em todas as suas aflições. 
  •  Serei o seu refúgio na vida e principalmente na morte. 
  •  Derramarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas. 
  •  Os pecadores acharão no meu Coração o manancial e o oceano infinito de misericórdia. 
  •  As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas. 
  •  As almas fervorosas altear-se-ão, rapidamente, às eminências da perfeição. 
  •  Abençoarei as casas, onde se expuser e venerar a imagem do meu Sagrado Coração. 
  •  Darei aos sacerdotes o dom de abrandarem os corações mais endurecidos. 
  •  As pessoas que propagarem esta devoção, terão os seus nomes escritos no meu Coração, para nunca dele serem apagados. 
  •  A GRANDE PROMESSA: Prometo-te, pela excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final, que não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os seus sacramentos, e que o meu Divino Coração lhes será seguro asilo nesta última hora. 

Segue abaixo, a ficha de controle para as pessoas que se dispuserem a fazer as Comunhões Reparadoras ao Sagrado Coração de Jesus:

MINHAS COMUNHÕES REPARADORAS:

EU, ___________________________________________________, eu fiz a Comunhão Reparadora nas primeiras sextas-feiras dos seguintes meses:

1. No mês de ____________________ de 20___
2. No mês de ____________________ de 20___
3. No mês de ____________________ de 20___
4. No mês de ____________________ de 20___
5. No mês de ____________________ de 20___
6. No mês de ____________________ de 20___
7. No mês de ____________________ de 20___
8. No mês de ____________________ de 20___
9. No mês de ____________________ de 20___

E PROMETO ao Sagrado Coração de Jesus em levar uma vida digna de católico (a) praticante e fervoroso (a).

MINHA CONSAGRAÇÃO

Divino Salvador que, perseguido pelos inimigos e ferido no Coração pela tibieza de tantos amigos, Vos queixastes a Santa Margarida: “Tenho procurado consoladores e não os tenho encontrado...”.

Aqui estou, Senhor, para Vos consolar: Quero adorar Vossa Majestade escondida, quero reparar as ofensas minhas e dos outros, quero amar o vosso amor desprezado e abandonado. Consagro-me inteiramente ao Vosso Divino Coração. Sede Vós somente o meu Rei. Ajudai-me, Senhor a difundir nas almas o reino do Vosso Coração. Acendei a chama do Vosso Amor no coração dos Vossos sacerdotes, para que se tornem apóstolos infatigáveis e portadores das bênçãos do Vosso Divino Coração.

Fazei que compreendam, finalmente, a honra e a obrigação que têm de Vos amar, para que, unidos entre si com os laços da Vossa caridade, glorifiquem todos o Vosso Divino Coração, que é para nós, fonte de vida e salvação.

“Divino Coração de Jesus reine em meu coração”!

Imaculado Coração de Maria defenda e dilate nele o Reino de vosso Filho. Amém!"

ENTRONIZAI O CORAÇÃO DE JESUS EM VOSSO CORAÇÃO!

Divino Amigo, perseguido pelos inimigos e ferido no Coração pela tibieza de tantos amigos, Vos queixastes a Santa Margarida: “Não acho, quem me ofereça um lugar de repouso... quero que teu Coração me sirva de asilo...”, eu quero aliviar Vossa queixa e dar ao Vosso Coração o asilo, que tantas almas Lhe negam, quando dizem, ao menos com as suas obras: “Não queremos que Ele reine sobre nós”. De minha parte, pelo contrário, só Vós haveis de ser o meu Rei. Vivei em mim que já não quero outra vida senão a Vossa, outros interesses senão o da Vossa glória esvazia inteiramente meu coração e de par em par vo-lO abro. Entrai Senhor! Dai-me o Vosso Coração. Ele será o meu Rei muito amado. A Ele consagro e abandono meus interesses espirituais e temporais, meus sentidos e potências, minha vontade e todo o meu ser. Divino Coração de Jesus reine no meu coração! Imaculado Coração de Maria defenda e dilate nele o Reino de vosso Filho. Amém.

Jaculatórias: Coração Eucarístico de Jesus, Modelo do coração sacerdotal,

Tende piedade de nós! (300 dias)

Enviai Senhor, à Vossa Igreja, Santos sacerdotes e fervorosos religiosos! (300 dias) 

Ato de Consagração aos Sagrados Coração de Jesus 
e de Maria da Família.

"Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria, a Vós me consagro, assim como toda minha família. Consagramos a Vós nosso próprio ser, toda nossa vida, tudo o que somos, tudo o que temos, e tudo o que amamos. A vós damos nossos corações e nossas almas. A Vós dedicamos nosso lar e nosso país. Conscientes de que, através desta consagração nós, agora, Vos prometemos viver cristãmente praticando as virtudes de nossa religião, sem nos envergonharmos de testemunhar a fé.

Ó Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria, aceitai esta humilde oferta de entrega de cada um de nós, através deste ato de consagração. 

Sagrado Coração de Jesus...


quinta-feira, 14 de junho de 2012

O AMOR CONJUGAL

Pelo Papa Pio XII



            Os "valores da pessoa" e a necessidade de respeitá-los é um tema que desde dois decênios ocupa sempre mais os escritores. Em muitas de suas elucubrações também o ato especificamente sexual tem seu lugar assinalado para fazê-lo servir à pessoa dos cônjuges.
            O sentido próprio e mais profundo do exercício do direito conjugal deveria consistir nisto: que a união dos corpos fosse expressão e atuação da união pessoal e afetiva.
            Artigos, capítulos, livros inteiros, conferências, especialmente sobre a "técnica do amor", difundem estas idéias e as ilustram com advertência aos jovens esposos como guia no matrimônio, para que eles não descurem, por estultice ou pudor mal entendido ou por infundado escrúpulo, aquilo que Deus, criador também das inclinações naturais, lhes oferece. Se deste completo dom recíproco dos cônjuges surge uma vida nova, ela é um resultado que fica fora ou ao máximo à periferia dos "valores da pessoa", resultado que não se nega, mas não se quer que esteja no centro das relações conjugais.
            Ora, se esta apreciação relativa não fizesse senão acentuar o valor da pessoa dos esposos, mais do que o valor da prole, poder-se-ia a rigor deixar de parte tal problema; mas aqui se trata pelo contrário de uma grave inversão da ordem dos valores e dos fins colocados pelo próprio Criador.
Encontramo-nos diante da propagação de um complexo de idéias e de afetos, diretamente opostos à clareza, à profundidade e à seriedade do pensamento cristão.
            Ora a verdade é que o matrimônio, como instituição natural, em virtude da vontade do Criador, não tem como fim primário e íntimo o aperfeiçoamento pessoal dos esposos, mas a procriação e a educação da nova vida.
Os outros fins, embora também esses visados pela natureza, não se encontram no mesmo grau do primeiro, e de modo algum lhe são superiores, mas, pelo contrário, são essencialmente subordinados ao mesmo. Isto vale para cada matrimônio, ainda que infecundo; como de cada olho podemos dizer que foi destinado e formado para ver, ainda que em casos anormais, por especiais condições internas e externas, não é mais apto para a percepção visual.
            Precisamente para acabar com todas as incertezas e desvios, que ameaçavam difundir erros acerca da escala dos fins matrimoniais e das suas recíprocas relações, redigimos Nós mesmo, alguns anos já são passados (10 de março de 1944) uma declaração sobre a ordem daqueles fins, indicando aquilo que compõe a própria estrutura interna da disposição natural que é patrimônio da tradição cristã, aquilo que os Sumos Pontífices repetidamente ensinaram, aquilo que depois, nas devidas fórmulas foi fixado pelo Código de Direito Canônico. Aliás pouco depois, para corrigir as opiniões contrastantes, a Santa Sé com um Decreto público pronunciou não se poder admitir a sentença de alguns autores recentes, os quais negam que o fim primário do matrimônio seja a procriação e a educação da prole ou ensinam que os fins secundários não são essencialmente subordinados ao fim primário, mas equivalentes e dele independentes.
            Queremos talvez com isto negar ou diminuir quanto há de bom e de justo nos valores pessoais resultantes do matrimônio e de sua atuação?
Não certamente, pois que à procriação da nova vida o Criador destinou, no matrimônio, seres humanos feitos de carne e de sangue, dotado de espírito e de coração e eles são chamados, enquanto homens e não como animais irracionais, a serem os autores de sua descendência. Para tal requer o Senhor a união dos esposos. Realmente. De Deus a Sagrada Escritura diz que criou o homem a sua imagem, e o criou homem e mulher, e quis - como muitas vezes encontramos nos Livros Sagrados - que "o homem abandonasse o pai e a mãe, e se unisse a sua mulher, e formasse uma só carne".
            Tudo isto é portanto algo verdadeiro e querido por Deus; mas não deve ser separado da função primária do matrimônio, isto é, do serviço pela nova vida. Não somente a obra comum da vida externa, mas também todo o enriquecimento pessoal, o próprio enriquecimento intelectual e espiritual, até tudo o que há de mais espiritual e profundo no amor conjugal como tal foi colocado por vontade da natureza e do Criador, ao serviço da descendência. Por sua natureza, a vida conjugal perfeita significa também a dedicação total dos progenitores em benefício dos filhos, e o amor conjugal em sua força e em sua ternura é ele próprio um postulado da mais sincera solicitude pela prole e a garantia da sua atuação.
            Reduzir a coabitação dos cônjuges e o ato conjugal a uma pura função orgânica para a transmissão dos germes, seria como converter o lar, santuário da família em um simples laboratório biológico. Por isto em nossa alocução do dia 29 de setembro de 1949, ao Congresso Internacional dos Médicos Católicos formalmente excluímos do matrimônio a fecundação artificial. O ato conjugal, na sua estrutura natural, é uma ação pessoal, uma cooperação simultânea e imediata dos cônjuges, a qual, pela própria natureza dos agentes e pelo caráter do ato, é expressão do dom recíproco que, segundo a palavra da Escritura, efetua a união "numa só carne".
            Isto é muito mais do que a união de dois germes, a qual se pode efetuar também artificialmente, isto é, sem a ação natural dos cônjuges. O ato conjugal, ordenado e querido pela natureza, é uma cooperação pessoal, atual, a que os esposos, ao contrair o matrimônio, trocam reciprocamente os direitos.
            Quando, portanto, esta prestação em sua forma natural é desde o início permanentemente impossível, o objeto do contrato matrimonial encontrasse afetado por um vício essencial. É aquilo que então dissemos: "Não se esqueça: só a procriação de uma nova vida segundo a vontade e o desígnio do Criador traz consigo, em um grau estupendo de perfeição, a atuação dos fins visados. Ela é ao mesmo tempo conforme à natureza corporal e espiritual e a dignidade dos esposos, ao desenvolvimento normal e feliz da criança".
            Estes valores pessoais, seja na esfera do corpo ou dos sentidos, seja na espiritual, são realmente genuínos, mas na escala dos valores foram colocados pelo Criador não no primeiro, mas no segundo grau.
            Eis outra consideração em risco de cair no esquecimento: todos esses valores secundários da esfera e atividade generativa não entram no âmbito do dever específico dos cônjuges, que é o de serem autores e educadores da nova vida - nobre e alto encargo! De fato não pertencem tais valores à essência do ser humano completo e a não atuação da natural tendência generativa de modo algum resultará em diminuição da pessoa humana. A renúncia a tal atuação não é - especialmente se feita por nobres motivos - uma mutilação dos valores pessoais e espirituais. De tais livres renúncias por amor do Reino de Deus o Senhor disse: "Non canes capiunt verbum istud, sed quibus datum est - Nem todos compreendem esta doutrina, mas somente aqueles aos quais isto é dado."
            Exaltar além da medida, como hoje se faz não raramente, a função generativa, também na forma justa e moral da vida conjugal, é portanto não somente um erro e uma aberração, mas leva também consigo o perigo de um desvio intelectual e afetivo, apto a impedir e sufocar bons e elevados sentimentos, especialmente na juventude ainda desprovida de experiência e ignara dos desenganos da vida. Que homem, pois, normal, são de corpo e de alma, quereria pertencer ao número dos deficientes no caráter e no espírito?
            Esta nossa exposição seria entretanto incompleta, se não ajuntássemos ainda uma breve palavra em torno da defesa da dignidade humana no uso da inclinação generativa.
            Aquele mesmo Criador, que na sua bondade e sabedoria quis para a conservação e propagação do gênero humano servir-se da obra do homem e da mulher, unindo-os no matrimônio, dispôs também que nesta função os cônjuges provem um prazer e uma felicidade no corpo e no espírito. Os cônjuges portanto procurando este prazer ou dele gozando, não fazem nada de mal. Eles aceitam apenas aquilo que o Criador lhes destinou.
            Aqui, mais do que em qualquer outra situação, os cônjuges devem saber manter-se nos limites de uma justa moderação. Como no uso dos alimentos e das bebidas, assim também no sexual, não devem abandonar-se sem freios ao impulso dos sentidos. A reta normal é portanto esta: o uso da natural disposição generativa é moralmente lícito somente no matrimônio, no serviço e segundo a ordem dos fins mesmos do matrimônio. Disto advém que também somente no matrimônio, e observando esta regra, o desejo e o usufruir deste prazer e desta satisfação são lícitos. Pois o gozo depende da lei da ação, da qual ele deriva e não vice-versa, a ação depende da lei do prazer. E esta lei, tão racional, respeita não só a substância, mas também as circunstâncias da ação, de modo que, embora permanecendo salva a substância do ato, pode-se pecar no modo de cumpri-lo.
            A transgressão desta norma é tão antiga quanto o pecado original. Mas em nosso tempo corre-se o perigo de perder de vista o próprio princípio fundamental. No presente, de fato, costuma-se sustentar, com palavras e com escritos (até de parte de alguns católicos), a necessária autonomia, o fim próprio e o valor também próprio da sensualidade e de sua atuação, independentemente do escopo da procriação de uma nova vida. Querer-se-ia submeter a um novo exame, a uma nova norma, a ordem estabelecida por Deus. Não se queria admitir outro freio no modo de satisfazer o instinto
senão observar a essência do ato instintivo. Com isto, à obrigação moral do domínio das paixões substituir-se-ia a licença de servir cegamente e sem freios os caprichos e os impulsos da natureza; o que não poderá, cedo ou tarde, senão redundar em dano da moral, da consciência e da dignidade humanas.
            Se a natureza tivesse mirado exclusivamente, ou ao menos em primeiro lugar, a um recíproco dom e posse dos cônjuges na alegria e na dileção, e se tivesse disposto este ato somente para tornar feliz no mais alto grau possível a experiência pessoal deles, e não para estimulá-los a servir a vida, então o Criador teria adotado outro plano na formação e constituição do ato natural. Ora este, em suma, é totalmente subordinado e ordenado àquela única e grande lei da "generatio et educatio prolis", isto é, ao cumprimento do fim primário do matrimônio como origem e fonte da vida.
            Infelizmente ondas incessantes de hedonismo invadem o mundo e ameaçam de submergir na maré crescente dos pensamentos, dos desejos e dos atos toda a vida matrimonial, não sem perigos e graves prejuízos das obrigações primárias dos cônjuges.
            Este hedonismo anticristão muitas vezes não se enrubesce de erigi-lo em doutrina, inculcando o frenesi de tornar sempre mais intenso o gozo na preparação e na atuação da união conjugal; como se nas relações matrimoniais toda a lei moral se reduzisse no regular cumprimento do amor e, como se todo o resto, de qualquer modo realizado, permanecesse justificado pela efusão do recíproco afeto, santificado pelo sacramento do matrimônio, merecedor de louvor e de mercê diante de Deus e da consciência. Da dignidade do homem e da dignidade do cristão, que colocam um freio aos excessos da sensualidade, não se preocupam.
            Não! A gravidade e a santidade da lei moral cristã não admitem uma desenfreada satisfação do instinto sexual e essa tendência exclusiva ao prazer, ao gozo; ela não permite ao homem racional deixar-se dominar tal ponto, nem quanto à substância, nem quanto às circunstâncias do ato.
            Querer-se-ia por alguns aduzir que a felicidade no matrimônio está na razão direta do recíproco gozo das relações conjugais. Não; a felicidade no matrimônio está pelo contrário, em razão direta do recíproco respeito entre os cônjuges, até em suas íntimas relações; não que eles quase julguem imoral e refutem aquilo que a natureza oferece e o Criador deu, mas porque este respeito, e a mútua estima que ele gera, é um dos mais válidos elementos de um amor puro e portanto mais terno.
            Este nosso ensinamento nada tem que ver com o maniqueísmo ou com jansenismo, como alguns querem fazer crer para justificar a si mesmos. Ele é somente uma defesa da honra do matrimônio cristão e da dignidade pessoal dos cônjuges (1).

(1) Discurso aos esposos, 29 de outubro, 1951.

Fonte: Pio XII e os problemas do mundo moderno, tradução e adaptação do Padre José Marins, 2.ª Edição, edições Melhoramentos. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

O FARDO LEVE

Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus


            A precisão do olhar interior e a clara consciência do que nos é pedido são coisas da maior importância para a alma que se esforça por atingir a perfeição, pois a vontade de nos elevarmos para Deus não tardará a ser destruída pela falta de ânimo, se as perspectivas do progresso espiritual forem falseadas, e elas são-no muitas vezes por causa da importância que se dá às dificuldades, aos obstáculos criados pela natureza, aos conflitos inevitáveis no caminho da ascensão espiritual. É à luz da fé que devemos considerar e pesar os elementos do nosso destino: a realidade, como nos mostrou Jesus Cristo, só nos dá a escolher entre a luz e as trevas, entre Deus, que é o Ser, e o Seu adversário, para quem só pode ficar o nada. Não nos deixam abandonados numa alternativa incerta: não há escolha mais segura nem mais simples do que a do amor. «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o entendimento» (Luc., X , 27).

            Deus oferece-nos a luz e só a luz. «E a nova que ouvimos dele, e que vos anunciamos, é esta: Que Deus é luz e não há nele nenhumas trevas. Se dissermos que temos sociedade com ele, e andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade» (I João, I, 5-6). Esta luz que nos ilumina é o Seu próprio espírito e o Seu amor: é ela que trazemos em nós no tempo e na eternidade. Ela é o fogo que o Filho veio acender na terra, garantindo-nos que o seu único desejo é que Ele «queime e ateie os corações». Se nos entregarmos a esta chama, deixaremos de ser estranhos para Deus, e já não seremos contados no número dos Seus servos, mas sim no dos Seus amigos e confidentes. «Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo aquilo que ouvi de meu Pai» (João, xv, 14-15).

            Se ouvirmos as palavras de Jesus, não poderemos pecar. Pois o que vive na luz não pode perder-se: Deus serve-lhe de guia. Não porque consideremos a perfeição como nossa, como um bem adquirido. Pelo contrário, temos defeitos e somos extremamente fracos, sabemo-lo melhor do que nunca, pois estamos libertos da mentira que nos trazia iludidos: «Se dissermos que não temos pecado, nós mesmos nos enganamos, e não há verdade em nós. Porém, se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados, e nos purificar de toda a iniqüidade» (I João, I, 8-9).

            O cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo lavou-nos no Seu sangue, santificou-nos e divinizou-nos. «Temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo justo, que é a propiciação pelos nossos pecados» (I João, II, 1-2).

            Se vivermos na verdade, fugimos do pecado e a caridade pura faz-nos sentir a sua urgência. Ter a pretensão de adquirir a intimidade de Deus à custa do próximo não seria mais que uma grosseira ilusão: as palavras de Deus ecoam constantemente no nosso coração atento: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo: nenhum outro mandamento é mais importante do que este» (Mat., XII, 31).

            Amamos o Pai e não podemos deixar de amar nEle o nosso próximo. Quem não ama o próximo, não ama na verdade a Deus, e não tem a vida em si mesmo: e já uma presa da morte. «Se alguém disser: Eu amo a Deus, e odiar o seu irmão, é um mentiroso» (I João,
23, IV, 20). Mas se amamos a Deus e amamos os homens nEle, conhecemos a paz divina: já não há lugar no nosso espírito para a inquietação e a dúvida. Para quem tem fé, estes termos são equivalentes e designam o próprio Deus: a vida é luz e o amor é verdade. Ora a verdade torna-nos livres, e o sol da justiça dissipa as trevas em que a nossa alma enfraquecia, no cativeiro. «Ele libertou-nos do poder das trevas para nos levar para o reino do seu Filho bem-amado» (Col., I, 31).

            A nossa vida torna-se cada dia mais segura na claridade divina. Já não temos medo dos conflitos e dos sofrimentos interiores: protegido por esta paz, o nosso amor expande-se livremente. «Graças a Deus, que nos deu a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, trabalhando sempre cada vez mais na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor» (1 Cor., XV, 57-58).

            É a fé que nos revela este mistério inesgotável, o mistério do amor: somos chamados a viver com Deus numa intimidade mais profunda do que todo o pensamento, pois pertencemos-Lhe por uma escolha eterna. Foi nestes termos que o Filho orou por nós: «Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com aquela glória que tive em ti, antes que houvesse mundo. Manifestei o teu nome aos homens, que me deste do mundo; eles eram teus e tu mos deste, e guardaram a tua palavra» (João, XVII, 56).

segunda-feira, 11 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Otimismo


Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus


            Era preciso que fôssemos absolutamente ingratos e injustos para que estas dádivas divinas não espalhassem no nosso coração e no nosso rosto a luz da alegria.

            Esta delicadeza eterna e esta condescendência infinita de Deus, que apenas nos impõem o fardo leve da lei do amor, devem traduzir-se numa pura alegria: como se fôssemos os herdeiros duma fortuna celeste, passamos alegres no meio dos filhos dos homens que não conhecem a sua verdadeira felicidade! Há um otimismo sagrado que fica bem à alma iluminada pela fé. O ideal é para ela uma possibilidade imediata, apesar dos esforços heróicos que ele exige: e ela caminha para as alturas luminosas onde Deus a conduz e a espera.

            Foi para nos elevar que o Salvador Se pôs humildemente no último lugar. «Porque é conhecida de vós a liberalidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de que vós fósseis ricos pela sua pobreza» (II Cor., VIII, 9). Conscientes do favor sem preço que nos é feito, podemos dizer com o Apóstolo: «A vida com que eu vivo agora na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim» (Gál., II, 20).

            Não podemos conceber nada mais belo nem tão útil para o coração do que esta segurança divina: Deus garante que a Sua verdade e a Sua justiça hão-de vencer.

            Fosse qual fosse a dificuldade que devêssemos enfrentar no futuro, o espírito de Deus já não nos deixará perder a coragem: combateremos com paciência e a nossa perseverança alcançará a glória de Deus: «Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas: eu darei ao vencedor o maná escondido, e um nome novo que ninguém conhece, senão quem o recebe» (Apoc. XI, 17).

            A medida que se vai interiorizando, a alma fica a conhecer com mais clareza a ação que Deus exerce nela. «Porque as coisas invisíveis dele, depois da criação do mundo, compreendendo-se pelas coisas feitas, tornaram-se visíveis; e assim o seu poder eterno e a sua divindade» (Rom., I, 20). A fé torna-se transparente e faz mais do que deixar adivinhar sob o véu das causas secundárias a ação do amor eterno. O sol da essência espalha através de todas as coisas a sua luz e o seu calor: a ação benfazeja dos seus raios faz-se imediatamente sentir. Por mais afastados que ainda estejamos da visão celeste, gozamos já da presença divina e sentimos que a nossa vida está nas mãos de Deus. «Pois Ele não está longe de cada um de nós» (At., XVIII, 27).

            Apesar dos múltiplos laços que nos prendem à terra, e apesar do peso da queda cujos efeitos se fazem continuamente sentir, devemos ser otimistas por causa da graça de Cristo que nos comunicou a abundância dos Seus méritos e quis ser nosso amigo e nosso irmão, a vida da nossa vida. O Primogênito da criação é a luz dos homens: foi Ele que o Pai nos enviou, para nos mudar com a plenitude da Sua graça, como Ele próprio declara: «Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância» (João, X, 10). «Eu sou a Vida» (João, 6).

            A fé torna presente esta verdade inebriante, faz de nós uns idealistas e uns otimistas num sentido novo e profundo, que a banalidade dos termos não pode exprimir. É condição necessária e suficiente para isso que a fé seja vivida em toda a sua lógica sobrenatural, como princípio duma realidade quotidiana e divina: «Se Deus é por nós, quem será contra nós? O que não poupou nem o seu próprio Filho, mas por nós todos o entregou à morte, como não nos dará também com Ele todas as coisas?» (Rom. VIII, 31-32).

            Há muitas almas que sonham com esta vida e a desejam, mas não chegam a ter coragem para se darem totalmente e abrirem assim as fontes interiores. Pois precisamente por causa dos Seus direitos de criador, Deus não pode deixar de pedir uma dádiva sem reservas: não podemos oferecer-Lhe só metade do nosso coração. Mas se a alma não tem a coragem necessária, é porque ela conta com as suas próprias forças, que serão sempre insuficientes no domínio sobrenatural.

            Só a graça pode fazê-la desabrochar e fecundá-la pelo toque do Espírito Santo. Cada um de nós sofre na prisão do seu egoísmo e da sua fraqueza e por isso as horas sombrias não podem deixar de ser uma realidade para todos; mas quando o coração sufoca sob o peso evidente da sua impotência, quando o horizonte fechado da natureza parece forçar-nos ao desespero, é que a nossa miséria se deve transformar no nosso remédio e no penhor precioso da misericórdia divina. Alegremo-nos com o nosso nada, que obriga o Pai a não nos deixar entregues a nós próprios. A consciência destes dois absolutos, do nada do homem e do tudo de Deus, dá à alma uma nova orientação, um novo impulso que é o único que a pode salvar. A partir do momento em que compreendemos o sentido destas palavras de Cristo, em toda a sua plenitude, temos o caminho aberto na nossa frente: «Sois servos inúteis» (Lucas, XVII, 10). «Basta-vos a minha graça» (II Cor., XII, 9).

            Se Deus me recusasse o Seu apoio por um momento só que fosse, sei que a minha queda seria imediata: é por isso que toda a minha sabedoria consiste em contar só com Ele. Esta desproporção infinita entre a criatura e o Criador é a ordem que me tranqüiliza: é entre estes dois pólos extremos que salta o relâmpago da certeza pura. «Sei viver nas privações, sei também viver na abundância (em tudo e por tudo fui habituado): tudo posso naquele que me conforta» (Filip., IV, 12-14).

            É nas horas de trevas, quando a miséria da alma é completa, que uma força superior vem em nosso auxílio e completa a renúncia libertadora: o próprio Espírito se encarrega de a purificar e de a preparar para os divinos esponsais. Os heróis do espírito precederam-nos já neste caminho: «Ser apagado do criado - ser transformado em Cristo -, ser absorvido na Divindade». Assim se exprime o bem-aventurado Euso, e São Nicolau de Flüe ensina-nos a orar desta maneira: «Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me impede de vos alcançar. - Meu Senhor e meu Deus dai-me tudo o que me aproximar de vós. - Meu Senhor e meu Deus, dai-me totalmente a vós!»

            Só Deus pode acalmar a nossa sede, porque Ele próprio a pôs dentro de nós desde a origem, como um instinto sobrenatural de que só Ele é o objeto. Nem os deleites nem os sucessos deste mundo a podem satisfazer: o coração do homem não se prende muito tempo com as criaturas; parece gostar só de coisas novas: é que ele é feito para a eternidade: «Vós criastes-nos para vós, meu Deus, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em vós» (Santo Agostinho).

            A necessidade do divino arde no fundo mais secreto da nossa alma, onde só Deus pode penetrar, onde Ele próprio mora, pronto a satisfazer o desejo que desperta. Que a paz de Deus, que está acima de todo o entendimento, guarde os vossos corações e os vossos espíritos em Jesus Cristo» (Filip., IV, 7). Na verdade, não é a paz que se separa de nós, nós é que nos separamos dela e lhe somos infiéis. Mas o homem só alcança a felicidade na medida em que renuncia sinceramente a procurá-la por si próprio e se apaga diante da glória divina. Enquanto desejamos a nossa satisfação, ela foge-nos; mas se sacrificamos o nosso amor próprio, estamos em harmonia com a vontade do Pai, e a nossa alma unida a Deus encontra a alegria que não pode existir fora dEle.

            Meu Senhor e meu tudo! Prestar-Lhe fielmente homenagem cá na terra custe o que custar é já glorificá-lO na eternidade, e a nossa felicidade pura e durável esta toda inteira nessa glorificação. «Nem o olho viu nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que o amam» (1 Cor., II, 9).

            O verdadeiro otimismo é o que não duvida da bondade nem do valor da vida, porque a união Com o ser divino lhe inspira respeito e amor por tudo o que foi criado. Levantemos os nossos corações! Esta confiança é perfeitamente lúcida - «realista», «racional» no sentido profundo destes termos- ela põe de parte, com muito mais segurança do que toda a prudência natural, os sonhos e as quimeras: a presença em que se funda é mais real do que nós.

            O melhor caminho é o que vai do eu miserável ao esplendor infinito: não sou mais do que um pouco de partida e a fé manda-me renunciar a mim mesmo para chegar até Deus. O próprio Verbo ilumina o nosso caminho, fortifica-nos e encoraja-nos em todos os nossos passos. Lucerna pedibus meis verbum tuum. «Lâmpada para os meus pés é a tua palavra» (Salmo CXVIII, 105). Tomemos por mestres nesta busca sublime os grandes místicos, São João e São Paulo, que falaram inspirados pelo Espírito Santo. Encontraremos neles um conhecimento de Deus e dos Seus caminhos que mais nenhum texto nos oferece com tal pureza e profundidade. «O que era impossível à lei, porque se achava sem força por causa da carne, enviando Deus seu Filho em carne semelhante à do pecado, por causa do pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito» (Rom., VIII, 3-4).

            Este Verbo que vive em nós e que o Seu Espírito nos revela, é a resposta a todas as perguntas; a união de amor é a fornalha de paz onde acabam todos os conflitos, onde se resolvem os enigmas propostos à inteligência do homem. «Porque era Deus que reconciliava consigo o mundo em Cristo, não lhe imputando os seus pecados, e encarregou-nos a nós da palavra de reconciliação. Aquele que não tinha conhecido pecado, fez-Se pecado para nos fazer justiça» (II Cor., V, 19-21).

            Se entrarmos de todo o coração na ordem salutar que o Filho criou por meio do Seu sacrifício redentor, cooperamos com Ele em todos os nossos atos e todos os instantes são para nós de uma fecundidade eterna.

            Que pena não sentimos então, quando ouvimos o século formular a sua filosofia com negações desesperadas e dar ao homem apenas este conselho, em que se resume toda a sua filosofia: desafiar o acaso que o conduz à morte! Foi esta morte vazia de sentido que o Verbo incarnado venceu, e o Seu triunfo, a vitória do amor, está-nos assegurado. «Porque é necessário que Ele reine; o seu último inimigo a ser destruído será a morte; e quando tudo lhe estiver sujeito, então ainda o mesmo Filho estará sujeito àquele que sujeitou a ele todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos» (I Cor., XV, 25-28).