quinta-feira, 8 de março de 2012

Texto interessante

Nota do blogue: Segue um texto antigo e muito educativo retirado do blogue do SPES.

Festa de Nossa Senhora Aparecida: 
A Pequena Imagem da Senhora da Conceição

Frederico de Castro


Adaptado. 1ª. Parte com excertos do livro A Senhora da Conceição Aparecida, 
do Pe. Júlio J. Brustoloni, C. SS. R. – 1979; 2ª. Parte autoria própria.

Nada mais justo que na Festa da Padroeira do Brasil seja revigorada a sua devoção com nada mais, nada menos que as circunstâncias que fazem com que Nossa Senhora seja a Mãe, Rainha e Protetora do Brasil e para sempre!

 
VIVA NOSSA SENHORA APARECIDA!
MÃE, RAINHA E PROTETORA DO BRASIL
 

1ª. PARTE
A Herança de uma Vocação: 
A Pequena Imagem da Senhora da Conceição

Os portugueses nos legaram uma especial devoção a Nossa Senhora da Conceição. Desde o descobrimento, numerosos foram os oratórios, ermidas e capelas, nos quais se venerava a Imaculada Virgem Maria, a Senhora da Conceição.

Esta devoção criou profundas raízes na religiosidade popular brasileira. Foi dotada com privilégios e festas oficiais desde 1646, quando D. João IV, Rei de Portugal, proclamou Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal e seus domínios. (Esse é um fato interessante que desabona o nacionalismo em desfavor do patriotismo: são coisas realmente distintas, embora muita gente não se dê conta, e sobre elas se escreverá mais adiante no blog do SPES.)

Além de caracterizar a nossa religiosidade, esta devoção inspirou as artes e as letras. Obras primorosas foram executadas, sobretudo na pintura e na cerâmica religiosa.

A mais popularmente célebre, não a mais rica ou artística, é a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Pequena e singela, medindo apenas 36cm de altura e 2,550kg, despida das cores originais e quebrada, ela se tornou objeto da devoção carinhosa de todo o povo brasileiro. Esta imagem, foi comprovado por peritos, trazia pintado no seu barro claro, um manto azul escuro forrado de vermelho granada, cores oficiais das imagens de Nossa Senhora da Conceição, conforme normas ditadas por Dom João IV. É um dos mais preciosos exemplares da escultura cerâmica religiosa do Brasil.

Diversos estudiosos da imaginária seiscentista estudaram a Imagem de Nossa Senhora Aparecida e concluíram que ela pertence ao acervo deste período. Entre eles cita-se o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os beneditinos Dom Clemente Maria da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer e, finalmente, os artistas Dr. Pietro Maria Bardi, Maria Helena Chartuni e o Dr. João Marino, do Museu de Arte de São Paulo.

Sobre a Imagem em Sua Forma e Matéria: Moldada em Barro Paulista

A Imagem é de barro cozido. A primeira informação escrita, sobre a matéria de que foi feita, se encontra no inventário dos bens da Capela, realizado a 5 de janeiro de 1750.

Entre a relação das imagens existentes na mesma, encontra-se esta referência: “Uma imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida que tem de comprimento perto de dois palmos, a mesma dos milagres que apareceu no rio Paraíba, que é de barro”.

O Pe. Francisco da Silveira, do Colégio dos Jesuítas da Bahia, dá conta deste pormenor. Enviando, a 15 de janeiro de 1750 ao Superior Geral em Roma, o relatório da Missão pregada no Povoado de Aparecida em 1748 por dois missionários jesuítas, descreve a Imagem nestes termos: “Aquela Imagem foi moldada em barro, de cor azul escuro, conhecida pelos muitos milagres realizados”.

Além destas informações, não se teve outras até bem pouco tempo, pois a imagem nunca tinha sido objeto de estudo. Diversamente aconteceu com outras do mesmo material e da mesma época. Estas, tanto as de procedência europeia, como as nacionais, estudadas por colecionadores peritos, foram identificadas. A maioria delas tem seu etilo, material, procedência e autoria definidos.

O primeiro a estudar a imagem de Nossa Senhora Aparecida sob este aspecto foi o Sr. Pedro de Oliveira R. Neto. Conhecedor da imaginária brasileira do período seiscentista, ele teve a oportunidade de estuda-la e apresentar o resultado na sua conferência proferida no Ano Jubilar de 1967. “A Imagem, diz ele, encontrada pelos pescadores junto ao Porto de Itaguaçu, e que hoje se venera na Basílica, é de barro cinza claro, como constatei, barro que se vê claramente em recente esfoladura no cabelo”.

O barro paulista, depois de cozido, se torna cinza claro, às vezes rosado. É diferente do barro utilizado na Bahia ou em outras regiões; o da imagem é da região de São Paulo. O mesmo afirmaram, e com mais possibilidade de estudar o material, os artistas do Museu de Arte de São Paulo “Assis Chateaubriand”, em 1978. “Constatamos, pelos fragmentos da Imagem em terracota, que ela é da primeira metade do século XVII, de artista seguramente paulista, tanto pela cor como pela qualidade do barro empregado e, também, pela própria feitura da escultura”.

Tanto o primeiro como estes últimos artistas reconhecem, por vestígios encontrados na própria Imagem, que originariamente ela era policromada nas cores oficiais azul e vermelho. Pelo fato, porém, de ficar por muitos anos submersa no lodo das águas e, posteriormente, exposta ao lume e à fumaça dos candeeiros e velas, quando ainda se encontrava em oratório particular dos pescadores e no oratório de Itaguaçu, a imagem de Nossa Senhora Aparecida adquiriu a cor que hoje conserva: dita castanho brilhante.
Diz ainda o Sr. Pedro de Oliveira: “Sob a pátina morena da imagem, como verniz criado pelo uso e pelo tempo, fica escondido o barro paulista”.

Sobre a Autoria da Arte: Esculpida por um Monge Fluminense

Mais difícil, sem dúvida, é determinar o nome do escultor da pequenina imagem. Não traz data nem sigla que facilite o trabalho. Entretanto, o primeiro passo importante para identificá-lo foi dado quando os estudiosos, já referidos, determinaram a época e o estilo de sua feitura.

Todos eles afirmam que a Imagem é obra de um discípulo do mestre ceramista beneditino Frei Agostinho da Piedade e foi esculpida pelo ano de 1650. Nascido em Portugal, professou e viveu na Bahia. Virtuoso e hábil escultor teve seu período áureo entre 1630 e 1642. Não consta que tenha saído da Bahia. Suas imagens, esculpidas de barro, acham-se atualmente conservadas na Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Fez escola e discípulos; entre os quais o mais célebre é seu irmão de hábito Frei Agostinho de Jesus. Este nasceu no Rio de Janeiro, provavelmente entre 1600 e 1610, professou na Bahia, onde conviveu com seu mestre. Ordenou-se sacerdote na Europa, voltando para Salvador em 1634 e faleceu a 11 de agosto de 1661.

Sobre ele escreveu seu conterrâneo Frei Paulo da Conceição Ferreira, na crônica do Mosteiro do Rido de Janeiro: “Para se ordenar de sacerdote foi ao Reino, e voltando a este mosteiro se ocupava na pintura, e em fazer imagens de barro para o que tinha especial graça, e direção”.

Trabalhou em São Paulo por volta de 1650 e seguramente também no Mosteiro de Parnaíba, onde foram encontradas diversas obras suas. Ao contrário de Frei Agostinho da Piedade, que gravava seu nome e data nas imagens por ele esculpidas, Frei Agostinho de Jesus não identificava as suas. Mas imprimiu nelas traços característicos que as distinguem das de seu mestre.

A respeito da feitura da imagem, Pedro de Oliveira afirma: “A Imagem de Nossa Senhora Aparecida, encontrada prodigiosamente no rio Paraíba em outubro de 1717, é paulista, de arte erudita, feita provavelmente na primeira metade de 1600, por discípulo, mas não pelo próprio mestre, do beneditino Frei Agostinho da Piedade”.

Esse autor analisa as obras de Frei Agostinho da Piedade e de seu discípulo Frei Agostinho de Jesus, sobretudo deste último, em terras de São Paulo e chega a reunir as linhas características de seu estilo. Os detalhes mais determinantes são: forma sorridente dos lábios, descobrindo os dentes da frente; forma do rosto, com queixo encastoado, no meio do qual há uma covinha; o penteado; as flores em relevo nos cabelos; o diadema na testa, como um broche com três pérolas pendentes e o porte empinado. “Notamos na imagem da Senhora Aparecida a perfeição das mãos postas, pequeninas e afiladas como as duma menina e as mangas simples e justas, de muito requinte, terminando no punho esquerdo dobrado à maneira dos mestres seiscentistas do barro paulista”.

Os peritos em cerâmica religiosa estão certos que a imagem foi moldada por um discípulo de Frei Agostinho da Piedade. E como a imagem de Nossa Senhora Aparecida traz alguns detalhes próprios das esculturas de Frei Agostinho de Jesus, discípulo do grande mestre Agostinho da Piedade, sua feitura lhe é atribuída. O primeiro a chegar a esta conclusão foi o Irmão Paulo Lachenmayer do Mosteiro de São Bento de Salvador na Bahia. Sua opinião foi posteriormente endossada pelo seu confrade Dom Clemente, que nas suas pesquisas havia identificado as obras de Frei Agostinho da Piedade e de Frei Agostinho de Jesus.

“Ao ver uma cópia da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, diz o Irmão Paulo, fiquei como que hipnotizado; senti que estava diante duma obra de Frei Agostinho de Jesus, tal a evidência de seus traços e estilo. Há dezenove anos – desde 1960 – guardei para mim esta descoberta, que agora achei oportuno revelar. Se Frei Agostinho da Piedade não tivera mais tempo de modelar por ter sido nomeado administrador da fazenda de Itapoã em 1642 e depois administrador da igreja de Nossa Senhora das Graças, ficou compensado com seu discípulo, autor da Imagem da Rainha do Brasil, que tem depositada no seu semblante a herança do mestre”.

Na segunda metade do século dezessete, devotos da Senhora da Conceição que migravam de São Paulo, Santana do Parnaíba, disputavam a posse de suas imagens. Em muitas regiões, oratórios de famílias, fazendas e povoados as possuíam. “Todas estas imagens, diz Pedro de Oliveira, encontradas em lugares tão diferentes, puderam ter sido transportadas, e naturalmente o foram, por seus devotos de outros lugares onde foram feitas, e esse é o caso da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, encontrada há duzentos e cinquenta anos”.

A Passagem pela Vila do Conde de Assumar*

A corrida do ouro nas Minas Gerais e na região do rio Paraíba passou a um longo período de mera subsistência, até meados do século dezoito, quando se implantou na região o ciclo da cana com seus engenhos e sua riqueza.

Desenvolve-se, pois, a policultura de natureza alimentar: milho, mandioca, arroz, feijão e criação de animais domésticos. Parte das grandes sesmarias desaparece. Nas atividades rurais os habitantes provêm as próprias necessidades e utilizam as sobras para o comércio de beira de estrada, mantido com as caravanas e tropas que que demandavam as Minas e os portos de Parati e Ubatuba. A procura do solo para as lavouras trouxe modificação no sistema fundiário; medias e pequenas propriedades começam a ser mencionadas nos documentos a partir de 1710. Mais proprietários radicam-se no Itaguaruçu, Ponte Alta, Ribeirão do Sá, Pitas e Aroeiras.

No ano de 1717, a situação política em São Paulo era de relativa calma, o que já não se podia afirmar da região mineradora de Minas Gerais, que desde 1710 pertencia à Capitania de São Paulo. Na região das Minas, três levantes já tinham acontecido e, por ocasião da chegada do novo governador da Capitania, a situação era tensa. Esta era a razão por que o governador da Capitania de São Paulo residia em Ribeirão do Carmo e governava de Vila Rica. Antes de findar o quadriênio de Dom Braz Baltazar da Silveira, foi nomeado em seu lugar, em 22 de dezembro de 1716, Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar; governou a Capitania até 4 de setembro de 1721.

Conforme consta do “Diário da Jornada”, Dom Pedro de Almeida Portugal chegou ao Rio de Janeiro em julho de 1717, e, no dia 24 do mesmo mês, partiu pelo mar, via Santos, até São Paulo, onde chegou a 31 de agosto. Tomou posse do governo da Capitania a 4 de setembro na igreja do Carmo. Na posse, a Patente de nomeação foi lida por Domingos da Silva, secretário do governador demissionário, Dom Braz Baltazar. O povo de Vila Rica havia pedido a ele que não se retirasse de Minas antes da chegada do Conde de Assumar, seu sucessor.

Dom Pedro, saiu de São Paulo a 27 de setembro e depois de percorrer o caminho do Vale, detendo-se nas vilas, chegou a Pindamonhangaba no dia 13 de outubro. Prosseguiu viagem no dia 16, pernoitando no sítio de Antônio Cabral. E, finalmente, a 17 de outubro, domingo, depois de participar da Missa pela manhã no mesmo sítio, seguiu viagem chegando à Vila de Guaratinguetá.

Na chegada do Conde, houve recepção festiva. Duas companhias de infantaria, composta uma de portugueses e outra de filhos da terra, lhe prestaram as devidas honras. No dia seguinte, proveu ofícios e alguns postos confirmando a patente a outros. Na ocasião, governava a Vila o Capitão-Mor Domingos Antunes Fialho.

Nas Vilas por onde passou organizou os quadros administrativos com muito rigor e foi severo com funcionários faltosos. Em Guaratinguetá, mandou prender e castigou rebeldes e criminosos. Com efeito, o ambiente refletia as lutas e rivalidades na região mineradora que se tornara reduto de criminosos e marginais. O cronista da Jornada retrata a realidade com palavras nada lisonjeiras: “Os naturais são tão violentos e assassinos, que raro é o que não tenha feito morte, alguns sete e oito, e no ano de mil setecentos e dezesseis, se mataram dezessete pessoas”.

O Conde permaneceu na Vila até o dia 30 de outubro, enquanto aguardava a chegada de sua bagagem que seu ajudante Payo Veloso fora buscar em Parati. A crônica da Jornada não cita os nomes das autoridades civis e religiosas do lugar. Estranha-se que o padre jesuíta que o acompanhava, tão minucioso em relatar fatos relacionados com as diversas igrejas, silencie totalmente durante os 15 dias que a comitiva permaneceu em Guaratinguetá, nada mencionando sobre a paróquia e o vigário.

Sua visita, porém, ficou na história (e como!). Para a alimentação da comitiva composta de índios e negros, chefiados por Payo Veloso e aqueles por João Ferreira, o Senado da Câmara havia convocado os pescadores para apanharem boa quantidade de peixes.

Numa destas pescarias a imagenzinha de Nossa Senhora da Conceição foi pescada prodigiosamente no rio Paraíba (vem do Tupi “para’iwa” e significa rio imprestável).



A Aparição Segundo a Narrativa do Livro do Tombo

Com o título “Notícia da Aparição da Imagem da Senhora”, o Pe. João de Morais e Aguiar inicia a descrição do encontro da Imagem. É singela e curta, em estilo saboroso e fluente. Consta de duas partes: a primeira fala do encontro, e a segunda dos prodígios e da devoção que já existia em 1757.

A narrativa determina a época do achado, mencionando também a ordem da Câmara que ocasionou o encontro da imagem. Houve um erro de dois anos, pois o Conde esteve em Guaratinguetá em 1717 e não em 1719. “No ano de 1719, pouco mais ou menos, passando por esta Vila para as Minas, o Governador delas e de São Paulo, o Conde de Assumar Dom Pedro de Almeida Portugal, foram notificados pela Câmara os pescadores para apresentarem todo o peixe que pudessem haver para o dito Governador.” E os pescadores foram identificados: “Entre muitos foram a pescar Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso com suas canoas”.

Iniciaram a pescaria no Porto de José Correa Leite, distante de Itaguaçu cerca de seis quilômetros rio acima. E destaca que naquela longa distância a pescaria foi infrutífera. “E principiando a lançar suas redes no porto de José Correa Leite, continuaram até o porto de Itaguaçu, distância bastante, sem tirar peixe algum”. 

Naquela região, o rio Paraíba era todo sinuoso e suas margens cobertas de vegetação com muitas passagens alagadiças, próprias para a proliferação de peixes. (mas como o próprio nome acusa era um rio sem peixes)

No Porto de Itaguaçu, porém, deu-se o fato notável. João Alves apanha na sua rede de rasto o corpo duma pequena imagem. Repetindo os lanços, retira a pouca distância a cabeça. “E lançando neste porto, tirou o corpo da Senhora, sem cabeça; lançando mais abaixo outra vez a rede tirou a cabeça da mesma Senhora”.

É interessante observar como o autor já se preocupava com a origem da imagem e supõe que alguém a lançara naquele lugar. “Não se sabendo nunca quem alia a lançara”. Em seguida narra o desfecho da pescaria e do achado da imagem que o pescador, reverente, guardou em sua canoa.“Guardou o inventor esta Imagem em um tal ou qual pano, e continuando a pescaria, não tendo até então tomado peixe algum, dali por diante foi tão copiosa a pescaria em poucos lanços, que receoso, e os companheiros de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, se retiraram a suas vivendas, admirados deste sucesso.”

O sabor literário e a simplicidade desta passagem são dignos de nota; em poucas palavras transmite um fato que irá repercutir, em pouco tempo, por toda a parte.

Na segunda parte do documento são relacionados os fatos acontecidos em torno da imagem. Primeiramente a devoção familiar e depois o culto popular que lhe foi prestado. Filipe Pedroso, talvez o mais velho dos pescadores, conservou-a em sua casa junto do ribeirão do Sá e Ponte Alta por espaço de cerca de 15 anos. Mudou-se depois para o Itaguaçu, entregando-a a seu filho Atanásio.

Junto do porto onde foi encontrada, deram-se os fatos decisivos para o culto daquela imagem. Atanásio Pedroso constrói um pequeno oratório e, junto dele, as famílias vizinhas se reuniam para o culto semanal: cumpriam de modo especial aos sábados, suas devoções marianas, com reza do terço e canto das ladainhas.

Em uma dessas rezas, Nossa Senhora manifestou seu agrado com um sinal muito significativo. Aquelas famílias tomaram-no como um sinal de Deus que as impressionou profundamente. O autor menciona então o fato como o primeiro prodígio. “Em uma destas ocasiões se apagaram as luzes de cera da terra repentinamente, que alumiavam a Senhora, estando a noite serena, e querendo logo Silvana da Rocha acender as luzes apagadas, também se viram logo de repente acesas, sem intervir diligência alguma; foi este o primeiro prodígio.”

Este acontecimento, bem como outros que se seguiram, modificou a história daquela pequenina imagem de Nossa Senhora da Conceição. Uma capelinha foi construída, e o povo sente-se atraído por uma força do alto, correspondendo com muita fé e devoção.

A Imagem deixou de ser propriedade de uma família e passou a pertencer a todos. E os seus devotos a chamavam “Senhora da Conceição Aparecida”. O documento diz expressamente que a capelinha foi construída pelo Pe. Vilella com a ajuda do povo.

O último período da descrição do encontro refere-se ao culto que já estava sendo oficialmente prestado à imagem na Capela do “Morro dos Coqueiros”, em 1757. O então vigário Pe. Dr. João Morais e Aguiar se interessa em deixar bem claro que as graças concedidas por Nossa Senhora Aparecida foram investigadas e estudadas e afirma que os depoimentos das pessoas agraciadas foram catalogados num Sumário. Conclui anotando o fenômeno que se verificava na época: “E ainda continua a Senhora com seus prodígios, acudindo à sua Santa Casa, romeiros de partes muito distantes a gratificar os benefícios recebidos desta Senhora.”

A Notícia pelos Missionários jesuítas


O mais antigo documento escrito sobre o encontro da Imagem, que atualmente se conhece, é o que está contido na Ânua da Província Brasileira de 1748 e 1749, dos padres jesuítas.

O relatório foi escrito pelo Pe. Francisco da Silveira a 15 de janeiro de 1750, sendo enviado à Cúria Generalícia da Companhia de Jesus, em Roma. O relatório menciona, entre outros assuntos, as missões populares pregadas por dois missionários jesuítas em doze paróquias e em outras capelas de povoados. O resumo anota de uma maneira global o resultado obtido, descrevendo com pormenores a missão pregada na Vila de São Paulo e no povoado de Aparecida.

Os missionários chegaram ao conhecimento da realidade de Aparecida durante a missão e a transmitiram ao cronista. Mesmo sendo um resumo, o documento é de inestimável valor para a história da imagem e da Capela, porque foi escrito somente 32 anos depois do seu encontro. Escrito em latim, é conciso e descreve o achado e o material de que foi feita a imagem. Como mestre em teologia, seu autor apresenta também a razão da grande afluência de peregrinos à Capela para venerar a Imagem. O texto em vernáculo é este:

“Aqueles dois sacerdotes dos nossos, chegaram a doze paróquias, além de outas capelas particulares dos povoados, nos quais permaneceram por alguns dias, a fim de atenderem o mais possível o bem espiritual dos participantes.

Chegaram finalmente à Capela da Virgem da Conceição, situada na Vila de Guaratinguetá, que os moradores chamam de “Aparecida” porque, tendo os pescadores lançado as suas redes no rio, recolheram primeiro o corpo, depois, em lugar distante, a cabeça. Aquela Imagem foi moldada em argila, de cor azulada, famosa pelos muitos milagres realizados. Muitos afluem de lugares afastados, pedindo ajuda para as próprias necessidades.”

Deve-se este tesouro à incansável pesquisa do historiador Pe. Serafim Leite SJ que o encontrou em 1945.

2ª. PARTE
Sobre o 12 de Outubro


O dia 12 de outubro tem especial significado para esta Terra de Santa Cruz, hoje Brasil. Além de ser a festa da Padroeira, ela tem outros significados importantes, como já deixamos escrito em outro texto de nossa lavra: “Profanações Patrióticas: o 7 de Setembro” 

Nesse sentido, a data só pode significar algum desejo da Providência no que diz respeito aos acontecimentos que levaram a história da Pátria de Santa Cruz à nação chamada Brasil; ou seja, de sua vocação espiritual ao atrelamento a um madeiro que não traz a lembrança do Senhor; um madeiro cujo “fruto” é a seiva cor de sangue – talvez símbolo do sofrimento inútil e meramente comercial.

É preciso entender que a data do 12 de outubro é preciosíssima! De notar, por exemplo, que Cristóvão Colombo – figura católica extremamente vilipendiada pela historiografia oficial – zarpou para o descobrimento da América no dia 2 de agosto, festa de Nossa Senhora dos Anjos, e que, já havendo navegado muito sem encontrar um sinal de terra qualquer, deixou consignado em seu diário de bordo que em outubro, se acaso não encontrasse terra por ocasião da festa de Nossa Senhora do Pilar, dia 12 de outubro, ele daria a volta e regressaria à Espanha.

Pois bem, na noite de 11 de outubro, o Almirante Colombo havia decidido cantar o Salve-Rainha com a tripulação, e às 2:00h da manhã, já no dia 12 de outubro, enquanto rezava sozinho em sua cabine, avistou-se terra: as Baamas!
Quão fantástico é o dia 12 de outubro, pois; Festa de Nossa Senhora Aparecida, Mãe, Rainha e Protetora do Brasil; data também em que se celebra a hispanidade (termo costumeiramente mal compreendido, sobre o qual se escreverá oportunamente). Com efeito, o Papa Pio XII determinou que o 12 de outubro fosse também dedicado a Nossa Senhora pelas aparições em Guadalupe na qualidade de Padroeira de toda a América. Eis aí mais um reconhecimento contrarrevolucionário da hispanidade, da vocação dos povos ibéricos e seus descendentes americanos.

É chegado, pois, mais um momento de darmos vivas à Santa Mãe de Deus; dia de vivas à vocação católica da Terra de Santa Cruz; dia de vivas à tradição de nossos antepassados. Dia de relembrarmos D. Pelayo e todos os cruzados ibéricos, dia de relembramos Da. Isabel de Espanha, com justiça chamada de A Católica; dia de relembrarmos os Carlistas de Espanha e os Cristeros do México; dia, enfim, de relembrarmos os antigos Jesuítas do Brasil, os Missionários da Ordem de Cristo, e muitos outros, como D. Vital, D. Cândido Mendes, Monsenhor Lefebvre e D. Castro Mayer.

Deixamos, pois, como presente, um texto do Papa Leão XIII sobre o descobrimento da América (está em espanhol, mas é bastante fácil de ler):

León XIII sobre el descubrimiento de América

ISABEL A CATÓLICA


Carta “Quarto abeunte saeculo”
de S.S. León XIII

a los Arzobispos y Obispos de España, de Italia
y de América sobre Cristóbal Colón

Al cumplirse cuatrocientos años desde que un hombre ligur, con el auspicio de Dios, llegó por primera vez a las ignotas costas que se encuentran al otro lado del Océano Atlántico, los hombres desean con ansias celebrar la memoria de este evento de grato recuerdo, así como ensalzar a su autor. Y ciertamente no se encontrará fácilmente causa más digna de mover los ánimos e inflamar las voluntades. En efecto, este evento es por sí mismo el más grande y hermoso de todos los que tiempo alguno haya visto jamás; y aquél que lo realizó es comparable con pocos hombres por la magnitud de su valor e ingenio. Por obra suya emergió de la inexplorada profundidad del océano un nuevo mundo: cientos de miles de mortales fueron restituidos del olvido y las tinieblas a la comunidad del género humano, fueron trasladados de un culto salvaje a la mansedumbre y a la humanidad, y lo que es muchísimo más, fueron llamados nuevamente de la muerte a la vida eterna por la participación en los bienes que nos trajo Jesucristo.

Europa, atónita por el milagro y la novedad de este súbito suceso, ha conocido después, poco a poco, cuánto le debe a Colón, cuando debido al establecimiento de colonias en América, los asiduos viajes, los intercambios comerciales, los negocios marítimos, se abrió increíblemente el acceso al conocimiento de la naturaleza, y al bien común, y creció con ello de modo admirable el prestigio del nombre de Europa.

Así pues, en tan grandiosa manifestación de honor, y entre tal sinfonía de voces agradecidas, la Iglesia ciertamente no ha de permanecer en silencio, sobre todo cuando ha tenido por costumbre e institución suya aprobar gustosamente y tratar de fomentar todo cuanto haya visto de honesto y laudable. Ésta conserva los singulares y mayores honores a las virtudes más destacadas y que conducen a la salvación eterna del alma. 

No por ello, sin embargo, desdeña o estima en poco a las demás; más aún, con gran voluntad ha solido siempre promover y honrar de modo especial los méritos obtenidos por la sociedad civil de los hombres, también si han alcanzado la inmortalidad en la historia. Admirable, en efecto, es Dios sobre todo en sus santos; no obstante, su divino poder deja también huellas en aquellos en quienes brilla una fuerza extraordinaria en el alma y en la mente, pues no de otro lugar viene a los hombres la luz del ingenio y la grandeza del alma, sino tan sólo de Dios, su Creador.

Hay además otra causa, ciertamente singular, por la que creemos que se ha de recordar con grata memoria este hecho inmortal: Colón es de los nuestros. Si por un momento se examina cuál habría sido la causa principal que lo llevó a decidir conquistar el mar tenebroso, y por qué motivo se esforzó en obtenerlo, no se puede poner en duda la gran importancia de la fe católica en el inicio y realización de este evento, al punto que también por esto es no poco lo que debe a la Iglesia el género humano.

En efecto, no son pocos los hombres fuertes y experimentados que tanto antes como después de Colón buscaron con esfuerzo pertinaz tales tierras ignotas y tales aún más ignotos mares. Su memoria es y será justamente predicada por su fama y el recuerdo de sus beneficios, ya que propagaron los fines de las ciencias y de la humanidad, e incrementaron la común prosperidad, no fácilmente, sino con gran esfuerzo, y no raramente a través de inmensos peligros.

Ocurre, sin embargo, que hay una gran diferencia entre aquéllos y aquel de quien hablamos en esta ocasión. Una característica distingue principalmente a Colón: al recorrer una y otra vez los inmensos espacios del océano iba tras algo mucho más grande y elevado que todos los demás. Esto no quiere decir que no lo moviese en nada el honestísimo deseo de conocer o de ser bien apreciado por la sociedad humana, o que desdeñase la gloria, cuyas penas más ásperas suelen estar en los hombres más valerosos, o que despreciase del todo la esperanza de obtener riquezas. No obstante, mucho más decisiva que todas estas razones humanas fue para él la religión de sus padres, que ciertamente le dio mente y voluntad indubitables, y lo proveyó a menudo de constancia y solaz en las mayores dificultades. Consta, pues, que esta idea y este propósito residían en su ánimo: acercar y hacer patente el Evangelio en nuevas tierras y mares.

Esto podrá parecer poco verosímil para quien reduzca su pensamiento y sus intereses a esta naturaleza que se percibe con los sentidos, y se niegue a mirar realidades más altas. Por el contrario, suele suceder que los más grandes ingenios desean elevarse cada vez más, y así están preparados mejor que nadie para acoger el influjo y la inspiración de la fe divina. Ciertamente Colón unió el estudio de la naturaleza al de la religión, y conformó su mente a los preceptos que emanan de la íntima fe católica. Por ello, al descubrir por medio de la astronomía y el estudio de los antiguos la existencia hacia el occidente de un gran espacio de tierra más allá de los límites del orbe conocido, pensaba en la inmensa multitud que estaría aún confusa en miserables tinieblas, crueles ritos y supersticiones de dioses vanos. Triste es vivir un culto agreste y costumbres salvajes; más triste es carecer de noticia de mayores realidades, y permanecer en la ignorancia del único Dios verdadero. Así pues, agitándose esto en su ánimo, fue el primero en emprender la tarea de extender al occidente el nombre cristiano y los beneficios de la caridad cristiana. Y esto se puede comprobar en la entera historia de su proeza.

Cuando se dirigió por primera vez a Fernando e Isabel, reyes de España, por miedo a que rechazasen emprender esta tarea, les expuso con claridad su objetivo: para que creciera su gloria hasta la inmortalidad, si determinasen llevar el nombre y la doctrina de Jesucristo a regiones tan lejanas. Y habiendo alcanzado no mucho después sus deseos, dio testimonio de que pidió a Dios que con su gracia y auxilios quieran los reyes continuar en su deseo de imbuir estas nuevas costas con el Evangelio.

Se apresuró entonces a dirigir una carta al Sumo Pontífice Alejandro VI pidiéndole hombres apostólicos. Allí le dice: confío, con la ayuda de Dios, en poder algún día propagar lo más ampliamente posible el sacrosanto nombre de Jesucristo y su Evangelio. Juzgamos que también debe haberse visto transportado por el gozo cuando al retornar por primera vez de la India escribió desde Lisboa a Rafael Sánchez que había dado inmortales gracias a Dios por haberle concedido benignamente tan prósperos éxitos, y que había que alegrarse y vitorear a Jesucristo en la tierra y en el cielo por estar la salvación ya próxima a innumerables gentes que estaban antes perdidas en la muerte.

Y para mover a Fernando e Isabel para que sólo dejasen que cristianos católicos llegaran hasta el Nuevo Mundo e iniciaran las relaciones con los indígenas, les dio como motivo el que no buscaba nada más que el incremento y la honra de la religión cristiana. Esto fue comprendido excelentemente por Isabel, que entendió mejor que nadie el propósito de este gran varón. Más aún, se sabe que esta piadosísima mujer, de viril ingenio y gran alma, no tuvo sino el mismo propósito. De Colón afirmó que con gusto se dirigiría al vasto océano para realizar esta empresa tan insigne para gloria de Dios. Y cuando retornó por segunda vez escribió a Colón que habían sido óptimamente empleados los aportes que había dado a las expediciones a las Indias, y que habría de mantenerlos, pues con ellos habría de conseguir la difusión del catolicismo.

De otro modo, si no hubiese sido por esta causa mayor que toda causa humana, ¿de dónde podría haber obtenido la constancia y la fortaleza de ánimo para soportar, incluso hasta el extremo, cuando tuvo que soportar y sufrir? Sabemos que le eran contrarias las opiniones de los eruditos, los rechazos de los hombres más importantes, las tempestades del furioso océano, las continuas vigilias, por las que más de una vez perdió el uso de la vista. Experimentó guerras con los bárbaros, la infidelidad de sus amigos y compañeros, infames conspiraciones, la perfidia de los envidiosos, las calumnias de sus detractores, los grillos que le impusieron siendo inocente. Por necesidad tendría que haber sucumbido ante tan grandes sufrimientos y ataques, si no lo hubiese sostenido la conciencia de la hermosísima tarea, gloriosa para el nombre cristiano y saludable para una infinita multitud, que sabía que iba a realizar.

Que esto sucedió así lo ilustra admirablemente cuanto sucedió en aquel tiempo, pues Colón abrió el camino a América en un momento en que estaba cercana a iniciarse una gran tempestad en la Iglesia. Por eso, en cuanto sea lícito considerar los caminos de la Providencia a partir de los eventos acontecidos, parece que este adorno de la Liguria nació por un designio verdaderamente singular de Dios, para reparar los daños que en Europa se infligirían al nombre católico.

Llamar al género de los Indios a la vida cristiana era ciertamente tarea y misión de la Iglesia. Y ciertamente la emprendió en seguida desde el inicio, y sigue haciéndolo, habiendo llegado recientemente hasta la más lejana Patagonia. Por su parte, Colón orientó todo su esfuerzo con su pensamiento profundamente arraigado en la tarea de preparar y disponer los caminos al Evangelio, y no hizo casi nada sin tener como guía a la religión y a la piedad como compañera. Conmemoramos realidades muy conocidas, pero que han de ser declaradas por ser insignes en la mente y el ánimo de aquél hombre. A saber, obligado por los portugueses y por los genoveses a partir sin ver cumplida su tarea, se dirigió a España y maduró al interior de las paredes de una casa religiosa su gran decisión de meditada exploración, teniendo como compañero y confesor a un religioso discípulo de San Francisco de Asís. Siete años después, cuando iba a partir al océano, atendió a cuanto era preciso para la expiación de su alma. Rezó a la Reina del Cielo para que esté presente en los inicios y dirija su recorrido. Y ordenó que no se soltase vela alguna antes de ser implorado el nombre de la Trinidad. Luego, estando en aguas profundas, ante un cruel mar y las vociferaciones de la tripulación, era amparado por una tranquila constancia de ánimo, pues Dios era su apoyo.

El propósito de este hombre se ve también en los nombres mismos que puso a las nuevas islas. Al llegar a cada una, adoraba suplicante a Dios omnipotente, y tomaba posesión siempre en el nombre de Jesucristo. Al pisar cada orilla, lo primero que hizo fue fijar en la costa el sacrosanto estandarte de la Cruz; y fue el primero en pronunciar en las nuevas islas el divino nombre del Redentor, que a menudo había cantado en mar abierto ante el sonido de las murmurantes olas. También por esta causa empezó a edificar en la Española sobre las ruinas del templo, y hacía preceder las celebraciones populares por las santísimas ceremonias.

He aquí, pues, adónde miraba y qué hizo Colón al explorar tan grandes extensiones de mar y tierra, inaccesibles e incultas hasta esa fecha, pero cuya humanidad, nombre y riqueza habría luego de crecer rápidamente a tanta amplitud como vemos hoy. Por todo ello, la magnitud del hecho, así como la importancia y la variedad de los beneficios que le siguieron, demandan ciertamente que sea celebrada con grato recuerdo y todo honor; pero ante todo habrá que reconocer y venerar de modo singular la voluntad y el designio de la Eterna Sabiduría, a quien abiertamente obedeció y sirvió el descubridor del Nuevo Mundo.

Así pues, para que el aniversario de Colón se realice dignamente y de acuerdo a la verdad, ha de añadirse la santidad al decoro de las celebraciones civiles. Y por ello, tal como cuando se recibió la noticia del descubrimiento se dio públicamente gracias a Dios inmortal y providentísimo por indicación del Sumo Pontífice, así también ahora consideramos que se haga lo mismo para renovar la memoria de este feliz evento. Decretamos por ello que el día 12 de octubre, o el siguiente día domingo, si así lo juzga apropiado el Ordinario del lugar, se celebre después del Oficio del día el solemne rito de la Misa de la Santísima Trinidad en las iglesias Catedrales y conventuales de España, Italia y de ambas Américas. Confiamos asimismo en que, además de las naciones arriba mencionadas, las demás realicen lo mismo por consejo sus Obispos, pues cuanto fue un bien para todos conviene que sea piadosa y gratamente celebrado por todos.

Entre tanto, deseándoles los bienes divinos y como testimonio de Nuestra paternal benevolencia, os impartimos de corazón, a vosotros Venerables Hermanos, lo mismo que a vuestro clero y pueblo, la bendición apostólica en el Señor.

Dado en Roma, en San Pedro, el día 16 de julio del año 1892, decimoquinto de Nuestro Pontificado.
León PP. XIII
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* Sobre o Conde de Assumar, cuja biografia é bastante controversa, deixaremos para publicar novo texto oportunamente.