domingo, 9 de janeiro de 2011

Bem-aventurados os que choram

Bem-aventurados os que choram


Voz de Jesus do Calvário

Sim, disse Eu: Bem-aventurado os que choram, porque serão consolados, e no Meu reino serão suas lágrimas enxugadas por meus divinos favores. Chorar, Minha filha, é próprio de um coração que sofre. Criaturas há que choram quando se vêem na mendicidade, outras quando se vêem privadas de um afeto, outras quando a desgraça lhes vêem a porta, pela morte de um ente querido, ou pela perda de uma fortuna!...

Mas Eu disse: Bem-aventurados os que choram... sim, os que choram por causa de Meus interesses! Na verdade, bem-aventurados os que choram, quando vêem o Meu nome blasfemado! Bem-aventurados os que choram, quando vêem os Meus interesses em perigo! Bem-aventurados os que choram, quando a desolação, que é o pecado, se alestra no mundo!

Ah! Minha filha, quão poucas são as almas que choram, vendo a heresia e o erro se infiltrarem nos corações!... Quão poucos são os corações que Comigo choram a perda de tantas almas!...

Ah! a perda de uma alma é um mal irreparável! Se os que se dizem Meus amigos compreendessem o valor de uma alma! como chorariam!... Se Meus amigos compreendessem a desolação que causa ao Meu coração o pecado, como se compadeceriam destas almas e como iriam atrás delas para Me dar prazer, proporcionando-lhes uma felicidade eterna!... As almas nobres compreenderam todos estes estragos e procuraram repará-los com a sua dedicação, fazendo para isso tudo que lhes estava ao próprio alcance.

Comigo choraram, aos pés de Meu Sacrário vinham chorar as desditas desses corações engolfados no pecado. Quantas vezes, Minha filha, fui obrigado a dizer: Basta!... E agora onde há desses corações? Quem se compadece quando vêem o inimigo me roubas uma alma que Me pertence?

Ah! examinai-vos, se sentis e se vos causa uma grande dor quando ouvis um homem blasfemar. Ah! se tal não acontecer, é porque vosso amor por Mim ainda é muito diminuto! Examinai-vos, se nada sentis quando ouvirdes dizer que um homem morreu impenitente, e se for assim é porque ainda tendes pouco conhecimento de Minha glória!... Ah! como o mundo se acha na languidez!...

Os homens choram os bens falazes da terra! E vós, almas consagradas a Meu serviço, choras junto Comigo os Meus bens perdidos? Poucos, Minha filha, são os que encontro aos pés do Meu Sacrário a chorarem pela Minha glória! Ah! apenas entre mil encontro um! Qual será a causa de tão funesto mal? Ah! a causa de tão funesto mal é o pouco amor que Me é consagrado; é a falta de conhecimento de Minha glória, sim, da glória que está reservada aos eleitos!

Minha filha, se os homens consagrados a Meu serviço, e as esposas que se imolam ante o altar compreendessem o que é Minha glória, saberiam chorar a perda de uma só alma, e tudo fariam para poder trazê-la de novo para Meu aprisco! Se há esta indiferença e esta languidez é por falta de profundas meditações sobre a Minha glória!

Sim, porque é pela meditação que se entra nos páramos celestes; é na meditação do efeito do pecado, representado em Minha dolorosíssima Paixão, que as almas podem compreender o mal do pecado e o quanto ele ofende Minha glória. Se o pecado foi causa de Minha sangrenta Paixão e Morte, como as almas que meditam nestas divinas verdades não hão de chorar, vendo o mundo engolfando-se e perdendo-se para sempre, privando-se de um bem eterno que sou Eu! o mal atual é proveniente da falta de reflexão e de meditação!

Ah! quem meditar na Minha doloríssima Paixão, vendo que a causa dela foi somente o pecado, sentirá partir-lhe o coração de dor! Minha filha, poucas são as almas que sabem meditar, pois se houvesse mais almas, que soubessem meditar, muitos seriam os que chorando Comigo a perda das almas, procurariam trabalhar mais para Minha glória, primeiramente santificando-se, pois querer me dar almas sem antes se santificar, é vã chimera!

A santificação própria já é um meio de me dar almas, porque de nada valeriam as Minhas pregações se Eu não praticasse por primeiro o que Eu ensinei!

Eis aí, almas queridas, as lágrimas que Eu chamo bem-aventuradas, e que as guardo no relicário de meu Divino Coração. Eis também, filhinha, porque encontro tão poucas almas que posso chamar bem-aventuradas por falta de não compreenderem Minha glória, e por Me terem tão pouco amor! Vós, almas consagradas  Meu divino serviço, lamentai Comigo a perda de tantas almas e procurai de hoje em diante vos engolfar nos páramos celestes, para depois poderdes chorar Comigo o mal que se alastra no mundo!

(O bom combate na alma generosa, Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado - Campinas - 1ª Edição, ano de 1936, com imprimatur)

PS: Grifos meus.