segunda-feira, 31 de maio de 2010

As virtudes correlativas do Educador e do Educando - Parte II

As virtudes correlativas do Educador e do Educando
Parte II


A autoridade é uma ciência

Por que se pode dizer que a autoridade é uma ciência?
Porque o exercício do direito e o cumprimento do dever da autoridade exigem o conhecimento (a ciência) e o respeito dum certo número de princípios. Uns são remotos, outros imediatos: examiná-lo-emos sucessivamente.

Os princípios remotos

Quais são os princípios remotos a que está ligada a autoridade?
São cinco?

- É preciso começar a exercê-la muito cedo.
- É preciso que os pais sejam os primeiros a respeitar a fonte de toda a autoridade: Deus.
- É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus.
- É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre.
- É preciso que os pais evitem tudo que os possa colocar no mesmo pé de igualdade os filhos.

1º - É preciso começar muito cedo

"Curva a cabeça de teu filho na sua mocidade" (Eccli)

Por que é preciso que os pais afirmem muito cedo a sua autoridade?
Por que a experiência ensina que "se a criança não for dominada dos três aos quatro anos, é quase certo que nunca o será."
(F. Nicolay, As crianças mal educadas, p. 140)

Que sucederá se os pais se descuidarem na afirmação da sua autoridade logo nos primeiros anos dos filhos?
A criança cresce: a sua independência desenvolve-se com ela; as insubmissões são frequentes; tornam-se escandalosas; a sua arrogância é uma vergonha; os pais abrem enfim os olhos; decidem-se a reagir.
É muito tarde.

Se o pai e a mãe quiserem usar de rigor, encontram em face deles uma tal obstinação de resistência, que, com receio das conseqüências, renunciam à luta. Se os pais, apesar de tudo, querem impor-se pela força, a criança irrita-se, revolta-se interiormente, procura a causa daquela mudança de atitude, maldiz o lar onde o castigam, depois de a terem estragado: não aceita, nunca aceitará a autoridade.

2º - É preciso que os pais respeitem a fonte de toda a autoridade: Deus

"Que todo o homem seja submisso às autoridades superiores, porque não há poder que não venha de Deus" (S. Paulo, Rom, XIII, 1.)

Por que é preciso que os pais respeitem a autoridade?
Porque a autoridade é uma: não há a autoridade deste, a autoridade daquele; há simplesmente a autoridade; e tudo o que a ofender, seja neste ou naquele superior, enfraquece-a em todos os outros.

E depois, a criança, já tivemos ocasião de o fazer notar, é duma lógica implacável: não se submeterá por muito tempo à autoridade dos pais, se eles, pais, não se submeterem à autoridade de Deus.

"A autoridade não impõe o seu direito, quando aqueles que a exercem vivem duma maneira diferente da que recomendam aos outros." (Sto. Agostinho).

3º - É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus

"Se o Senhor não edifica a casa, é em vão que trabalham aqueles que a construem" (Ps. CXXVI)

Por que devem os pais apoiar a sua autoridade em Deus?
Porque Deus é a única base lógica, imutável e durável da autoridade.

Como farão os pais para convencer a criança da verdade deste ponto de apoio?
Evitarão, no exercício da sua autoridade, toda a consideração egoísta ou apaixonada; inspirados sempre na idéia do dever, manifestarão por ele um apreço profundo e afetivo.

4º - É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre

Por que devem os pais mostrar um procedimento digno e nobre?
- Porque o exercício da autoridade é fácil, quando aqueles que são depositários dela merecem estima. Ora, a estima só se obtém pela nobreza, dignidade e virtude.

Um domínio de si mesmo, uma firmeza sempre calma, uma atitude virtuosa elevam os pais aos olhos dos filhos, atraem a estima e afirmam a autoridade. Dom Bosco, de Turim, dirigia em passeio e durante um dia, 300 prisioneiros. (J.B.Francesia, Vida de Bom Bosco, p. 158)

- Pelo contrário, tudo o que rebaixa o homem, como as palavras grosseiras, as pragas, o excesso na bebida, os acessos de cólera, etc., são como pequenos escândalos, que fatalmente deprimem a autoridade de quem os dá.

Não há faltas que prejudicam mais gravemente a autoridade dos pais?
Podemos apresentar, como principais, a mentira e as preferências.

Quais são as formas de mentira, em geral mais abundantes na educação?
- Fazerem-se falsas promessas;
- Iludir-se a boa fé;
- Servir-se de flagrantes contradições da verdade.
(Nicolay, ob. cit., p. 98 e seg.)

Em que consistem as falsas promessas?
Consistem em explorar os desejos conhecidos ou supostos da criança, prometendo satisfazer-lhos, se obedecerem; e, obtido o resultado, esquecer, como por encanto, as promessas feitas... A criança deixa-se levar, porque é naturalmente confiante, acaba por se convencer de que zombam dela e abusam da sua credulidade.

Qual é o resultado destas verificações?
- A criança é obrigada a pensar que a mentira não é uma falta, porque a sua mãe a emprega a cada momento.

- Depois, um belo dia, mais desconfiada, porque a enganam sempre, deseja ver o que lhe prometem, ou então, escandalizada, revolta-se e grita:

- Há quantos anos que me andam sempre a prometer recompensas que eu nunca vejo... Para troça, já basta!

Nada mais insolente, nada mais justo!

Como se ilude a boa fé da criança?
Servindo-nos da sua confissão, para obter a sua docilidade, e voltando contra ela própria o ato de boa vontade que praticou.

- Porque fizeste isto muito bem, vou-te levar ao cinema.
E leva-se ao dentista!

- Dá-me o teu comboio, e verás como o faço manobrar.
- Agora, não o tornas mais a ver!

Não há ainda uma coisa pior?
É a de servir-se de flagrantes contradições de verdade.
Trata-se, por exemplo, e fazer tomar uma poção desagradável.

- Oh! não imaginas como isto é bom, diz a mãe, fazendo menção de provar.

A criança iludida, pega no remédio, e verifica imediatamente que a queriam obrigar a tomar uma beberagem de mau gosto... Enganaram-na: nunca se há de esquecer.

Se toma o remédio, é pior ainda, porque à humilhação de ter sido vítima dum logro, junta-se a indignação de ter sido enganada, e a ofensa do amor próprio produz, quase sempre, a raiva e o desejo de vingança.

Quais são as conseqüências que derivam destes métodos de engano odioso?
- Os pais rebaixaram-se a si próprios, desempenhando o papel de mentirosos.
- Educaram  às avessas, ensinando com gravidade a arte de enganar.
- Destruíram, para todo o sempre, a confiança na alma de seus filhos.

São frequentes as preferências?
Sim, infelizmente.

Algumas apoiam-se na semelhança física; sente-se naturalmente uma simpatia mais profunda por aqueles que apresentam as mesmas feições.

Outras derivam das qualidades exteriores de graça, de amabilidade e de inteligência. Um certo encanto nos liga mais fortemente àqueles cuja viveza adula o amor próprio, e faz conceber as mais belas esperanças.

Como se manifestam as preferências?
O preferido tem naturalmente mais preponderância; é mais acarinhado que seus irmãos e irmãs; poupam-no a trabalhos pesados; satisfazem-lhe os seus desejos; os próprios defeitos são considerados como virtudes, ou, pelo menos, tolerados; apontam-no como modelo, sem muitas vezes o merecer; e, atendendo a esta imaginária perfeição, a mãe declara bem alto que gosta mais dele que de todos os outros.

- Vê o teu irmão, olha como ele é bonito que obedece depressa, como se porta bem... É por isso que eu gosto mais dele do que de ti. E tu bem o deves saber...

Quais são os estragos causados por esta violência?
O preferido é uma criança cheia de mimos; torna-se orgulhoso, soberbo, cheio de caprichos, preguiçoso, impossível de aturar, sensual e transviado...

Os outros são quase necessariamente invejosos e odientos. O espírito deles torna-se sombrio, e o coração azeda-se-lhes e torna-se insensível porque é assaltado pela amargura e, frequentemente, pelo ódio.

Sim, pelo ódio.
Recordai-vos da história de José, pais e mães imprudentes: foi para vós que essa história se escreveu.

5º - É preciso que os pais evitem tudo o que os coloca no mesmo pé de igualdade com seus filhos

"As crianças devem ter por amigos os companheiros, e não os pais e as mães"
(Jaubert, pensamentos)

Por que se faz esta recomendação?
Porque a igualdade exclui a autoridade.

As liberdades na linguagem, as familiaridades no tratamento, um à-vontade nos divertimentos, diminuem as distâncias, produzem uma impressão de igualdade e prejudicam a autoridade.

"Adulai o vosso filho, e ele causar-vos-á grandes desgostos; brincai com ele e ficareis contristados. Não vos divirtais a rir com ele: tende receio de que daí venha uma dor, e tenhais, por fim, que arrepender-vos." (Eccli, XXX,9-10)

Não é também a opinião dos pensadores de todos os séculos?
Ouçamos Platão:

"Quando no interior das famílias domina a igualdade insolente, tudo, até os seus animais, parece respirarem anarquia. O pai teme e respeita seu filho, e o filho em breve trata o pai como a um igual. Já não tem pelos autores dos seus dias nem respeito nem temor; quer poder dizer em todos os casos: sou livre."

E de Bonald:

"Afetos fora da influência da razão, e uma educação doméstica mole e sem dignidade tomaram o lugar das relações de autoridade e submissão entre os pais e os filhos, das quais a geração passada viu na sua mocidade os últimos vestígios. Crianças que tinham no seu espírito idéias de igualdade com seus pais, e no coração sentimentos de insubordinação contra as suas vontades, praticavam o abuso de os tratar por tu, maneira de falar que, na nossa língua, exprime consciência da sua fraqueza, não ousavam dominar os filhos pela sua autoridade, aspirando tão somente a serem os seus amigos, confidentes e, muitas vezes, os seus mplices. Havia em França pais, mães, filhos, mas faltava a autoridade na família, e a sociedade política foi abalada até aos alicerces."

(Catecismo da educação, por Abade René de Bethléem, continua com o artigo: Os meios imediatos)

PS: Grifos meus.
Ver também: Parte I

sábado, 29 de maio de 2010

Papel especial de Maria nos últimos tempos

A devoção à Santíssima Virgem
será especialmente necessária nesses últimos tempos

  
Papel especial de Maria nos últimos tempos

Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada. Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria quase não apareceu, para que os homens, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de Seu Filho, não se Lhe apegassem demais e grosseiramente, afastando-se, assim, da verdade. E isto teria aparentemente acontecido devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus Lhe havia ornado a aparência exterior.

São Dionísio o Areopagita o confirma numa página que nos deixou e em que diz que, quando A viu, tê-lA-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de Sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário. Mas na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por Ela seja Jesus Cristo conhecido, amado e servido, pois já não subsistem as razões que levaram o Espírito Santo a ocultar Sua esposa durante a vida e a revelá-lA só pouco depois da prepagão do Evangelho.

Deus quer, portanto, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de Suas mãos:

- Porque Ela se ocultou neste mundo, e, por humildade profunda, Se colocou abaixo do pó, obtendo de Deus, dos apóstolos, e evangelistas não ser quase mencionada.

- Porque, sendo a obra-prima das mãos de Deus, tanto aqui em baixo, pela graça, como no céu, pela glória, Ele quer que, por Ela, os viventes O louvem e glorifiquem sobre a terra.

- Visto ser Ela a aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo, deve ser conhecida e notada para que Jesus Cristo O seja.

- Pois que é a via pela qual Jesus Cristo nos veio a primeira vez, Ela o será ainda na segunda vinda, embora de modo diferente.

- Pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-lO plenamente, é por Ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-lO. Quem encontrar Maria encontrará a vida (cf. Prov. 8,35), Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Mas não pode encontrar Maria quem não A procura; não pode buscá-lA quem não A conhece, e ninguém procura nem deseja o que não conhece. É preciso, portanto, que Maria seja, mais do que nunca, conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima Trindade.

- Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão aos seio da Igreja Católica; em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhe forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para a animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por Seus interesses.

- Maria deve ser, enfim, terrível para o demônio e seus sequazes como um exército em linha de batalha, principalmente nesses últimos tempos, pois o demônio, sabendo bem que pouco tempo lhe resta para perder as almas, redobra cada dia seus esforços e ataques. Suscitará, em breve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe dão para vencer.

É principalmente a estas últimas e cruéis perseguições do demônio, que se multiplicarão todos os dias até ao reino do Anticristo, que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. Vem a propósito explicá-la aqui, para glória da Santíssima Virgem, salvação de Seus filhos e confusão do demônio.

"Inimicitias ponam inter te et mulierem, et semen tuum et semen illius; ipsa conteret caput tuum, et tu insidiaberis calcaneo eius" (Gn 3,15): Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela, Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao Seu calcanhar."

Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durar, mas aumentar até ao fim: a inimizade entre Maria, Sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio. Ele lhe deu até, desde o paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente, tanta força para vencer, esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso, que o temor que Maria inspira ao demônio é maior que o que lhe inspiram todos os anjos e homens e, em certo sentido, o próprio Deus.

Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamente maiores que os da Santíssima Virgem, pois as perfeições de Maria são limitadas, mas, em primeiro lugar, Satanás, porque é orgulhoso, sofre incomparavelmente mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais que o poder divino; segundo, porque Deus concedeu a Maria tão grande poder sobre os demônios, que, como muitas vezes se viram obrigados a confessar, pela boca dos possessos, infunde-lhes mais temor um só de Seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os santos; e uma só de Suas ameaças que todos os outros tormentos.

O que Lúcifer perdeu por orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu pela desobediência, salvou-o Maria pela obediência. Eva, obedecendo à serpente, perdeu consigo todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal; Maria, por Sua perfeita fidelidade a Deus salvou consigo todos os Seus filhos e servos e os consagrou a Deus.

Deus não pôs somente inimizade, mas inimizades, e não somente entre Maria e o demônio, mas também entre a posteridade do demônio. Quer dizer, Deus estabeleceu inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e escravos do demônio. Não há entre eles a menos sombra de amor, nem correspondência íntima existe entre uns e outros. Os filhos de Belial, os escravos de Satã, os amigos do mundo (pois é a mesma coisa) sempre perseguiram até hoje e perseguirão no futuro aqueles que pertencem à Santíssima Virgem, como outrora Caim perseguiu seu irmão Abel, e Esaú, seu irmão Jacob, figurando os réprobros e os predestinados.

Mas a humilde Maria será sempre vitoriosa na luta contra esse orgulhoso, e tão grande será a vitória final que Ela chegará ao ponto de esmagar-lhe a cabeça, sede de todo o orgulho. Ela descobrirá sempre sua malícia de serpente, desvendará suas tramas infernais, desfará seus conselhos diabólicos, e até ao fim dos tempos garantirá Seus fiéis servidores contra as garras de tão cruel inimigo.

Mas o poder de Maria sobre todos os demônios há de patentear-se com mais intensidade, nos últimos tempos, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar, isso é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o príncipe das trevas. Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos como o calcanhar, calcados e perseguidos como o calcanhar em comparação aos outros membros do corpo.

Mas em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda a criatura, por seu zelo ativo, e tão fortemente amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo.

(Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem - São Luís Maria G. de Montfort - pág. 50 a 57)

PS: Grifos meus.

Devoção a Maria Santíssima (São João Bosco)

ARTIGO IV
Devoção a Maria Santíssima


São João Bosco

Um grande sustentáculo para vós, meus queridos filhos, é a devoção a Maria Santíssima. Ouvi como ela vos convida: Si quis est párvulus, véniat ad me: Quem for pequenino, venha a mim. Si fordes seus devotos, além da abundância das suas bênçãos neste mundo, Ela vos garante o paraíso na outra vida. Qui elúcidant me, vitam eternam habébunt.

Tende pois amais íntima convicção de que obtereis todas as graças desta boa mãe, contanto que não peçais coisas que resultem em vosso dano. Deveis pedir-lhe com insistência particularmente três graças, que são necessárias para todos, mais especialmente para vós, meus caros jovens.

A primeira é a de não cometerdes nunca nenhum pecado mortal durante a vossa vida. Sabeis que significa cair em pecado mortal? Quer dizer renunciar a sermos filhos de Deus para tornar-nos escravos de satanás. Quer dizer perder aquela beleza que nos faz iguais aos anjos aos olhos de Deus, para tornar-nos deformes como demônios na sua presença.

Quer dizer perder todos os merecimentos já adquiridos para a vida eterna; quer dizer ficar suspenso por um fio muito fraco por sobre a boca do inferno; quer dizer fazer enorme injúria a uma bondade infinita e é este maior mal que se possa imaginar. Oh! Sim, por quantas graças vos obtenha Maria, seria todas inúteis sem esta graça de não cair nunca em pecado mortal. Esta é graça que haveis de pedir de manhã e á noite e em todas as vossas práticas de piedade.

A segunda graça que deveis pedir a Nossa Senhora é a de poder conservar a preciosa virtude da pureza. O jovem que a conserva tem a maior semelhança com os Anjos do Céu. Pelo que o seu anjo da Guarda o considera como irmão e se alegra sobremaneira pela sua companhia. Como me está muito a peito que todos os conserveis esta bela virtude, vos indico ainda alguns outros meios para conservá-la do veneno que a poderia contaminar.

Antes de tudo evitai a companhia das pessoas de diversos sexos. Entendamo-nos: Quero dizer que os meninos nunca devem contrair familiaridades com meninas; de outra forma esta bela virtude se acharia em grande perigo. A guarda dos sentidos contribui também muitíssimo a conservação desta bela virtude. Evitai portanto todo excesso no comer e no beber; evitai os teatros, os bailes e semelhantes diversões, que são a ruínas dos bons costumes.

Mas guarde particularmente os olhos, que são as janelas pelas quais o pecado entra no nosso coração e por onde o demônio, vêem a tomar posse de nossa alma.nunca vos detenhais a olhar para as coisas contrárias, por pouco que seja, á modéstia. São Luis Gonzaga nem sequer queria que lhe vissem os pés, quando se deitava ou quando se levantava.

Outro menino, sendo interrogado porque fosse tão recatado na vista, respondeu: Tomei a resolução de não fitar nunca o rosto de uma mulher, para reservar os meus olhos para fixar pela primeira vez se não for indigno formosíssimo da Mãe da Pureza, Maria Santíssima.

A terceira graça que deveis implorar solicitamente da Virgem Imaculada é de poder sempre andar afastados da companhia daqueles jovens que tem más conversas, isto é, certas conversas que não se fariam na presença de vossos pais ou de alguma pessoa de respeito. Guardai-vos destes tais, muito embora fossem eles vossos parentes. Posso garantir-vos que ás vezes é mais prejudicial a companhia desses, do que a de um demônio.

Felizes vós, meus caros filhos, se fugirdes da companhia dos maus! Então estareis certos de que trilhais o caminho do céu; diversamente, correreis muito grande perigo de perder-vos para sempre. Por isso quando virdes companheiros vossos proferirem blasfêmias, desprezar as práticas religiosas para afastar-vos da igreja ou, pior ainda, dizer palavras contrárias, por pouco que seja, á virtude da modéstia, fugi deles como da peste.

Ficai certos de que, quanto mais puros forem os vossos olhares e vossas conversas, tanto mais Maria se comprazerá em vós e maiores graças vos alcançará de Seu Filho e Nosso Redentor Jesus Cristo. São essas três graças mais necessárias na vossa idade; e as alcançareis, com certeza, de Nossa Senhora, se fordes sempre Seus devotos sinceros, rezando todos os dias o Santo Rosário ou ao menos três ave Maria e três glórias com a Jaculatória: Querida Mãe Virgem Maria fazei que eu salve a minha alma.

Com essas três graças trilhareis desde agora o caminho que vos há de tornar homens honrados na idade madura. Nessas graças tereis também o penhor certo da felicidade eterna que Maria Santíssima á de alcançar infalivelmente aos seus devotos.

(Jovem instruído - São João Bosco)

PS: Grifos meus.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Santa Cecília (poesia de Santa Teresa do Menino Jesus)

Santa Cecília


Ao som dos instrumentos
Cecília cantava em seu coração

Ó Santa bem-amada, contemplo extasiada
essa sulco de luz que deixas atrás de ti.
Creio ainda escutar tua doce melodia;
sim, teu canto celeste ainda chega a mim!
De minha alma exilada escuta a oração:
Deixa-me reclinar em teu coração virgem
o lírio imaculado que brilhou nesta terra,
envolto em bela luz de fulgor sem igual.

Ó castíssima Pomba, atravessando a vida
só buscaste um esposo e não outro: Jesus!
Tendo escolhido tu'alma, a ela Se uniu,
pois a viu perfumada e com todas as virtudes.
Entretanto, um mortal cheio de juventude
sentiu o teu perfume, ó branca e celeste flor!
E a fim de te colher, de ganhar tua ternura,
Valeriano quis dar-te o seu coração.

Logo ele preparou núpcias magníficas,
com o palácio reboando ao som das melodias...
Mas teu coração virginal repetia cânticos
cujo eco divinal se elevava até o céu.
Que podias cantar longe de tua Pátria,
vendo a teu lado somente um coração mortal?
Querias, certamente, abandonar a vida
e te unir a Jesus para sempre no céu...

Mas não... ouço vibrar a tua lira angélica
lira do teu amor, de som que foi tão doce,
cantando a teu Senhor este canto sublime:
"Conservai puro meu coração, ó Jesus,
meu terno Esposo!..."
Que abandono inefável! Divina melodia!
Desvelas teu amor por teu celeste canto.
O amor que nada teme, adormece e se entrega
ao coração de Deus, como uma criancinha.

No céu apareceu, toda branca, uma estrela
que se pôs a alumiar com seus tímidos brilhos
a noite de esplendor que nos mostrou, sem véus,
o virginal amor do Esposo lá dos Céus...

Valeriano, em sonho, antevia a alegria
no desejo de ter, Cecília, o teu amor...
Felicidade e paz ele achou junto a ti
e tu lhe revelaste uma vida sem fim.
E lhe disseste: "Amigo, a meu lado, de pé,
um anjo do Senhor guarda puro o meu corpo;
jamais ele me deixa e, até quando adormeço,
com suas asas azuis alegre me protege.
Vejo brilhar, à noite, a sua face amável
com mais suave luz que o resplendor da aurora.
Seu rosto me parece a transparente imagem,
a pura irradiação do semblante divino".

E Valeriano: "Então me deixe ver esse anjo
senão podes temer que o meu amor se mude
em terrível furor, em ódio contra ti..."
Ó Pomba que num vão de rochedo se esconde!
Não temias a rede do teu caçador.
A Face de Jesus te mostrava sua luz,
repousava em teu peito o Evangelho sagrado...
Com teu doce sorriso assim recomeçaste:
"Meu celeste Guardião, escuta teu pedido
e tu logo o verás; ele te vai dizer
que para voar ao céu deves tornar-te mártir.
Mas antes de enxergá-lo é mister que o batismo
derrame em tua alma uma brancura santa
e que o Deus verdadeiro habite nela vivo
e que em teu coração viva o Espírito Santo.
O Verbo, Filho de Deus e Filho de Maria,
em Seu imenso amor Se imole sobre o altar.
Tu deves te assentar no Banquete da Vida
a fim de receber Jesus, o Pão do céu.
Então o Serafim te chamará de irmão
e vendo, dentro de ti, o trono do seu Deus,
far-te-á abandonar as pragas deste mundo
e verás onde mora o Espírito de fogo".

"Sinto dentro do peito ardor de chama nova"
Disse com alegria o fogoso patrício.
"Que esse Deus verdadeiro habite em minha alma,
Cecília, e o meu amor será digno do teu..."

Revestido da veste, emblema de inocência,
Valeriano de ver o belo anjo do céu;
absolto contemplou seu sublime poder
e viu em sua fronte irradiante fulgor.
Brilhante Serafim trazia frescas rosas
entremeadas de lírios de nívea brancura,
rosas que no jardim do céu desabrocharam
sob os raios do Amor de Deus, Astro Criador.

"Esposos que o céu ama, as rosas do martírio
cingirão vossas frontes", diz o anjo de Deus,
"Não há no mundo voz, tampouco lira existe,
capazes de cantar tão inefável graça!
Eu me abismo em meu Deus, Seus encantos contemplo,
mas não posso imolar-me nem sofrer por Ele.
Não lhe posso ofertar nem lágrimas nem sangue;
malgrado meu amor, não posso morrer...
A pureza de um anjo é a luminosa herança
de uma felicidade imensa que não passa,
mas neste ponto, sim, venceis os Serafins:
sois puros e além disso ainda podeis sofrer!...

Da virgindade vedes o símbolo
nos lírios perfumados que o Cordeiro envia,
com os quais vos cingirão a fronte em branca auréola.
E, então, entoareis um canto sempre novo;
da vossa casta união só almas vão nascer,
almas que só Jesus hão de ter como esposo.
Vós as vereis brilhar como chamas puras
junto ao trono de Deus, morada dos eleitos."

Ah, Cecília, empresta-me tua doce melodia:
Desejo converter todos os corações a Jesus!
Gostaria também de imolar minha vida,
ofertando a Jesus meus prantos e meu sangue...
Dá-me saborear, nesta terra estrangeira,
o perfeito abandono, doce fruto do amor.
Dá-me, santa querida, a graça de voar
para longe desta terra em revoada sem volta!

28 de abril de 1894

(Obras completas de Santa Teresa do Menino Jesus )

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Virgem Maria

A Virgem Maria



A Virgem Maria. - Seus pais.
 - Sua Conceição Imaculada. -
Sua vida no templo. - Os desposórios
- A anunciação. - A Encarnação.

Naquele tempo vivia em Nazaré, pequeno burgo da Galiléia, uma Virgem donzela da tribo de Judá, parenta chegada de Izabel e Zacarias. Chamava-se Maria.

Tudo o que os homens sabiam d'Ela, era que sob um exterior singelo e modesto cultava um nascimento ilustre. Por parte de Seu pai Joaquim e de Sua mãe Ana, a família sacerdotal de Aarão. Depois da queda da antiga dinastia, os seus antepassados, despojados da sua alta dignidade e fortuna, e perseguidos, como pretedentes perigosos, pelos novos senhores da Judéia, tinham procurado na obscuridade o repouso.

Desconhecidos ao sombrio Heródes, e ocultos num valesinho solitário, Joaquim e Ana lá viviam em paz dos frutos dos seus rebanhos, bastante ricos, apesar da sua decadência, para aliviar os indigentes e oferecer abundantes vítimas sobre o altar de Jeová.

E contudo decorriam-lhes os dias na tristeza, porque se recusava o Céu a abençoar-lhes com a prole a sua união. Como a mãe de Samuel, cujo nome gracioso tinha, suplicava Ana ao Senhor que lhe pusesse termo à esterilidade: Joaquim juntava as suas preces às da desolada esposa, mas parecia que Deus se comprazia em exercitar-lhes a paciência.

E contudo, por causa da sua perfeita virtude, tinha-os Deus escolhido para executar o mais admirável desígnio de quantos concebera. No momento em que os dois esposos perdiam de todo a esperança, deu-lhes o Senhor uma filha que havia de ser eternamente a Sua glória e a honra da nação.

Esta criatura bendita, colocara-A Deus em Seus eternos decretos acima de toda a criatura, acima dos reis e rainhas, que no decorrer dos séculos representariam o Seu divino poder; acima dos santos, nos quais resplandeceriam com maior brilho as Suas perfeições infinitas; acima até dos nove coros de espíritos gloriosos que Lhe rodeiam o trono. Eva no paraíso terrestre, parecia-lhe menos pura, Ester menos amável, Judite menos forte e menos intrépida.

Ao criar esta Virgem, fez um milagre, com que não favoreceu nenhum filho de Adão. Posto que saída duma raça manchada desde o princípio, preservou-A do pecado original. A torrente lodosa que vai rolando suas ondas por cima de todo o homem que vem a este mundo, deteve-se no momento da Sua Conceição; e pela primeira vez, desde o naufrágio do gênero humano, descobriram os anjos sobre a nossa terra uma criatura imaculada. E por isso num santo arroubamento exclamaram:

"Quem é esta mulher, formosa como o sol, radiante como o astro das noites?"

Ana e Joaquim receberam com gozo esta filha privilegiada de Deus, cujo glorioso nascimento haviam de celebrar à porfia os anjos e os homens. Não conheciam os pais toda a grandeza do tesouro confiado aos seus cuidados, mas bem cedo observaram que a celeste menina em nada se parecia com nenhuma outra criança da terra.

Antes de poder articular palavra, já a razão presidia a todos os seus atos e até nos movimentos mais instintivos nunca obedecia às tendências desordenadas que germinam em todos os corações, inficionando-os. Maravilhados com os dons que Deus prodigara àquele anjo da terra, Ana e Joaquim prometeram consagrar-Lhe a infância ao serviço particular do templo. E de fato, apenas terminava o Seu terceiro ano de vida, levaram-na para a cidade santa afim de a apresentar ao Senhor.

A menina subiu gozosa os degraus do templo, contentíssima de se encontrar na casa de Deus, cujo amor era o que só fazia bater-Lhe o coração. Ali nos aposentos vizinhos do santuário, no meio das Suas piedosas companheiras viu ela passar demasiado rápidos os belos dias da juventude.

As Suas ocupações consistiam na meditação dos Livros santos, e em confeccionar os ornamentos destinados ao culto divino e em cantar os louvores de Jeová. Por vezes com o rosto  voltado para o Santo dos Santos, tomava do seu avô David os cantos inspirados e com um coração mais ardente que o do santo rei, repetia Ela esta letra de amor:

"Senhor que amaveis são os Vossos tabernáculos! Um dia passado em Vosso templo vale mais do que mil nas tendas dos pecadores."

A hora dos sacrifícios, quando o sacerdote imolava a vítima sobre o altar dos holocaustos, suplicava Ela a Jeová que aceitasse pela salvação do povo aquele sangue de expiação e que enviasse enfim o Messias prometido a seus pais. Era o seu único desejo ver com os Seus olhos e venerar a mulher bendita que o havia de dar ao mundo.

Com diferença das filhas de Israel, das quais cada uma aspirava a honra de vir a ser a mãe do Libertador, Maria julgava-se indigna deste inefável privilégio. Um dia até, impelida pelo Espírito de Deus... esquecendo-se de que vivia num corpo de carne, elevou-se até aos anjos do Céu, e prometeu ao Senhor de não ter outro esposo mais que a Ele.

Quando chegaram os dias da adolescência, houve a donzela de deixar o templo e voltar para a Sua casa de Nazaré. O pai e a mãe haviam descido ao sepulcro. Na idade de quatorze anos, encontrou-Se a pobre orfã sozinha, sem proteção nem arrimo. Propuseram-lhe os membros da Sua parentela, entre os quais Izabel e Zacarias, que Se desposasse com um homem da Sua família, conforme prescrevia a lei.

Na qualidade de herdeira única devia tomar, como esposo, o parente mais próximo afim de conservar o patrimônio dos Seus antepassados. Entregando-se de toda a direção do Espírito que a inspirava a seguir este conselho, consentiu, apesar do Seu voto, no matrimônio que lhe propunham. O esposo da Virgem chamava-se José. Sendo, como Maria, da casa de David, descendia diretamente dos reis de Judá pelo ramo de Salomão.

Mas, posto que remontasse até Abrãao por uma esplendida série de antepassados, a nobreza do seu caráter sobrepujava ainda o lustre do nascimento. Justo e temente a Deus, mas pobre e obscuro também, como Maria, exercia em Nazaré o humilde emprego de carpinteiro e ganhava a vida com o suor do rosto. Avisado do voto que a esposa fizera, entrou nos desígnios de Deus, e constituiu-se o guarda da Sua virgindade.

Não esperava o Senhor mais que por esta angélica união para realizar o projeto cuja execução vinha preparando havia quarenta séculos. Uma tarde, ajoelhada na Sua humilde morada, expandia a Virgem de Nazaré a Sua alma diante de Deus com mais fervor que nunca. Eis que de súbito a envolve uma luz celeste e a tira do Seu recolhimento.

Volta a cabeça e observa um anjo em frente de si a alguns passos do lugar em que estava. Era o grande mensageiro de Deus, o arcanjo São Gabriel, aquele mesmo que há quinhentos anos, revelara a Daniel os tempos messiânicos e acabava de predizer a Zacarias o nascimento do Precursor.

Inclinou-se profundamente diante da Virgem e disse-Lhe com a humildade dum vassalo diante da sua rainha:

"Deus vos salve, ó cheia de Graça, o Senhor é conVosco, bendita sois Vós entre todas as mulheres."

Maria reconheceu logo um espírito celeste, e por isso não se assustou com esta visita; mas aqueles louvores que Lhe não parecia deverem-se dirigir a uma pobre mortal, causaram-Lhe grande perturbação. Pela Sua atitude e pelo rubor das faces, adivinhou o anjo o sentimento que a agitava: prosseguiu pois com doçura, chamando-A desta vez pelo Seu nome.

"Maria, Vós encontrastes graça diante de Deus. Eis o que Ele me encarrega de Vos anunciar: Vós concebereis e dareis à luz um filho, a quem dareis o nome de Jesus. Será grande, e chamar-Se-á filho do Altíssimo. Dar-Lhe-á o Senhor o trono de seu pai David, reinará na casa de Jacó, e o Seu reino não terá fim."

Não havia aqui possibilidade de engano: o Messias, havia quatro mil anos esperado, ia aparecer, e este Messias libertador, verdadeiro Filho de Deus, seria ao mesmo tempo Filho de Maria. Esmagada sob o peso de semelhante dignidade, permaneceu a Virgem por um momento assombrada; depois, refletindo no voto de virgindade, que a todo o custo queria guardar, fez esta pergunta ao arcanjo:

"Como será isso possível, quando eu não conheço homem?"

"O Espírito Santo descerá sobre Vós, respondeu o celeste mensageiro, e a virtude do Altíssimo Vos protegerá com a Sua sombra; por isso o Santo que de Vós há de nascer, chamar-Se-á Filho de Deus. Sabeis que Izabel, Vossa prima, concebeu um filho na sua velhice, e eis aí que há seis meses a que era estéril se tornou fecunda: porque a Deus nada é impossível."

Maria não precisava deste exemplo para crer que para a onipotência divina os prodígios são como brinquedos. Entendendo que por intervenção desse poder viria a ser mãe sem deixar de ser virgem, aniquilou-Se diante de Deus e exclamou:

"Eis a escrava do Senhor, cumpra-se em mim a Vossa Palavra." 

Depois de ter obtido este perfeito consentimento, desapareceu o anjo; e o Filho do Eterno, descendo das mansões celestiais, encarnou no seio virginal da Mulher Imaculada. Nesse momento, saudaram os exércitos angélicos ao Rei dos reis e ao Senhor dos senhores: ao Homem-Deus; como Homem, filho de David, filho de Abrãao, filho de Adão, formado do mais puro sangue da bem-aventurada Maria; como Deus, gerado desde toda a eternidade, Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

E tal é o adorável mistério que arrebatou aos anjos e ao próprio Deus nessa noite mil vezes bendita: o mistério do Verbo feito carne. A memória desta noite relembra-a o sino a todos os filhos dos homens, pela manhã, quando tudo desperta aos primeiros fulgores do dia; ao meio-dia, quando o trabalhador interrompe algum tempo os seus trabalhos; e à tardinha quando o sol ao pôr-se nos vem de novo trazer o descanso.

Então, quando essas alegres badaladas repetirem aos campos e as cidades, aos vales e aos montes:

"O Verbo se fez carne e habitou entre nós";

dobrar-se-á todo o joelho, toda a fronte se inclinará diante do Homem-Deus e de todos os peitos humanos irromperá esta exclamação de amor em honra da Virgem-Mãe:

"Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é conVosco, bendita sois Vós entre as mulheres."

(Jesus Cristo, Sua vida, Sua paixão, Seu triunfo, pelo R. Pe. Berthe, da Congregação do SSmo. Redentor - 1925)

PS: Grifos meus.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cuidado com as amizades

Carta 190
Cuidado com as amizades
(Santa Catarina de Sena)


Para Francisco e Inês

1 - Saudações e objetivo

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimos filhos no doce Cristo Jesus, vos escrevo no Seu precioso sangue, desejosa de vos ver com perfeita iluminação, para que persevereis na virtude até à morte.

2 - Evitai as más amizades

Sem a iluminação (divina) caminhareis nas trevas e não conhecereis a verdade; e as coisas doces vos parecerão amargas e as amargas, doces. Mas com essa iluminação, seremos prudentes e evitaremos tudo o que pode diminuir em nós a virtude e o amor desinteressado pelo Criador.

Com essa iluminação veremos como é perigosa a convivência com pessoas que vivem sem o temor de Deus, pois tal convivência será a base da nossa ruína (espiritual). Convivência desse gênero torna insensível a consciência, diminui a vida de oração, acaba com a abstinência e o fervor, aumenta o amor pelos vão prazeres mundanos, rouba-nos a santa humildade, elimina a honestidade, desperta os sentimentos materiais, cega nossa inteligência, como se a pessoa jamais tivesse conhecido o Criador.

Dessa maneira, aos poucos a pessoa se despreocupa e se transforma de anjo terrestre em demônio infernal. E onde ficou a pureza que costumavas ter? Onde o desejo de sofrer por Deus? Onde ficaram as lágrimas que costumavas derramar diante de Deus na oração humilde e contínua? Onde a caridade fraterna, que demonstrava por todas as pessoas? Nada restou, porque o diabo furtou através dos (falsos) amigos.

3 - Procurai boas amizades

Caríssimos e bondosos filhos, não quero que isso aconteça convosco. Que a vossa convivência seja com pessoas que temam e amam a Deus realmente. Elas aquecerão toda frieza dos nossos corações e, com raciocínios sobre Deus, lembrando-nos Sua bondade e Seu amor, amolecem a dureza deles. Uma coisa ilumina a outra, quando se procura o ensinamento de Cristo crucificado e a vida dos santos. Os sentimentos materiais são superados.

Mediante uma santa modéstia, a pessoa pratica a humildade e sua irmã pequenez, que fazem desprezar a si mesma. Eis o que provém, em pouco tempo, da convivência com os servos de Deus, como acontece também para o mal da convivência com os escravos do mundo.

Por isso diz o Espírito Santo pela boca do profeta: "Tu serás santo com os santos, inocente com os inocentes, eleito com os eleitos e perverso com os perversos" (cf. Sl 18,26-27). Quero, pois, que presteis grande atenção à convivência e freqüência com os servos e servas de Deus, para fugir da convivência com outros e outras, como do fogo.

Desconfiai de vós mesmos, ao dizer: "Eu sou forte, não tenho medo de que estes me faça, cair". Por amor de Deus, não pensei assim! Com humildade reconheçamos que, se Deus não nos sustentar, seremos demônios encarnados. Temos um exemplo disso, (nota do tradutor - Talvez seja a situação de Florença sob o interdito papal) que nos faz estar sempre temerosos. Tenho certeza de que, se tiverdes a iluminação (divina) na presente situação e em tudo, cumprireis a vontade de Deus e o meu desejo. De outro modo, não! Por isso afirmei que desejava vos ver iluminados perfeitamente.

4 - Conclusão

Estando com pressa, nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

(Cartas completas - Santa Catarina de Sena)

PS: Grifos meus.

As nossas conversas (São Francisco de Sales)

CAPÍTULO XXVI
As conversas e, em primeiro lugar, como se há de falar de Deus


Um dos meios mais triviais que têm os médicos para conhecer o estado de saúde de uma pessoa é a inspeção da língua; e eu posso afirmar que as nossas palavras são o índicio mais certo do bom ou do mau estado da alma. Nosso Senhor disse: Por vossas palavras sereis justificados e por vossas palavras sereis condenados. Muitas vezes e espontaneamente movemos a mão para o lugar em que sentimos uma dor e movemos a língua, a todo o amor que sentimos no coração.

Se amas a Deus, Filotéia, falarás freqüentemente de Deus nas tuas conversas íntimas com as pessoas de casa, com teus amigos e vizinhos: A boca do justo, diz a Escritura, meditará sabedoria e a sua língua falará prudência. Fala, pois, muitas vezes de Deus e experimentarás o que se diz de S. Francisco -- que, quando pronunciava o nome do Senhor, sentia a alma inundada de consolações tão abundantes que até sua língua e seus lábios se enchiam de doçura.

Mas fala de Deus como de Deus, isto é, com um verdadeiro sentimento de respeito e de piedade e nunca fales d'Ele manifestando uma ciência vã ou num tom de pregador, mas com espírito de caridade, mansidão e humildade. Imita, quanto a isto, a Esposa dos Cantares, derramando o mel delicioso da devoção e das coisas divinas no coração do próximo, e pede a Deus em espírito que se digne deixar cair este orvalho santo nas almas das pessoas que te ouvem. Sobretudo, não lhes fales com um tom de correção, mas de um modo de inspiração e como os anjos. Isto é, com uma doçura angélica, porque é admirável quanto pode alcançar nos corações uma boa palavra que procedo espírito de amor e mansidão.

Jamais fales de Deus ou da devoção como assunto de diversão ou passatempo, mas sempre atenta e devotamente; digo isso para te prevenir contra uma espécie de vaidade muito perigosa em que costumam incorrer muitas pessoas que fazem profissão de piedade. Isto é, dizer a toda hora muitas palavras santas, como uma simples conversa e sem nenhuma atenção, e depois disso pensa-se que se é realmente tal como se deixou transparecer aos outros, o que infelizmente não se é de modo algum.

CAPÍTULO XXVII
Honestidade das palavras e respeito que se deve ao próximo


Se alguém não peca por palavras, é um homem perfeito, diz S. Tiago.

Tem todo o cuidado em não deixar sair de seus lábios alguma palavra desonesta, porque, embora não proceda duma má intenção, os que a escutam a podem interpretar de outra forma. Uma palavra desonesta que penetra num coração frágil estende-se como uma gota de azeite e às vezes toma posse de tal modo dele que o enche de mil pensamentos e tentações sensuais.

É ela um veneno do coração, que entra pelo ouvido; e a língua que serve de instrumento a esse fim é culpada de todo o mal que o coração pode vir a sofrer, porque, ainda que neste se achem disposições tão boas que frustrem os efeitos do veneno, a língua desonesta, quanto dela dependia, procurou levar esta alma à perdição. Nem se diga que não seu prestou atenção, porque Nosso Senhor disse que a boca fala da abundância do coração. E, mesmo que não se pensasse nada de mal, o espírito maligno o pensa e por meio dessas palavras suscita o sentimento mau nos corações das pessoas que as ouvem.

Diz-se que quem comeu a raiz denominada angélica fica um hálito doce e agradável e os que possuem no coração o amor à castidade, que torna os homens em anjos na terra, só têm palavras castas e respeitosas. Quanto às coisas indecentes e desonestas, o apóstolo nem quer que se nomeiem nas conversas, afirmando que nada corrompe tanto os bons costumes como as más conversas.

Se se fala dissimuladamente e em torneios sutis e artificiosos de coisas desonestas, o veneno encerrado nessas palavras é ainda mais sutil, danoso e penetrante, assemelhando-se aos dardos, que são tanto mais para temer quanto mais finos são e mais agudas têm as pontas. Quem quer granjear deste modo o nome e a estima de homem espirituoso ignora completamente o fim da conversa; a conversa deve parecer-se com o trabalho comum de um enxame de abelhas para fazer um mel precioso, e o modo de agir dessas pessoas pode-se comparar a um montão de vespas em torno duma podridão.

Assim, se um louco te disser palavras indecentes, testemunha-lhe logo a tua indignação, voltando-te para falar com uma outra pessoa ou de algum outro modo que te sugerir a prudência.

Muito má qualidade é ter um espírito motejador. Deus odeia extremamente este vício e puniu-o, como se lê no Antigo Testamento, com muita severidade. Nada é mais contrário à caridade e máxime à devoção que o desprezo do próximo; mas a irrisão e mofa trazem forçosamente consigo este desprezo; e´, pois, um pecado muito grave e dizem os moralistas que, entre todos os modos de ofender o próximo por palavras, este é o pior, porque tem sempre unido o presprezo, ao passo que nos outros a estima ainda pode subsistir.

Mas, quanto a esses jogos de palavras espirituosas com que pessoas honestas costumam divertir-se, com uma certa animação, sem pecar contra a caridade ou a modéstia, são até uma virtude, que os gregos chamam eutrapelia ou arte de sustentar uma conversa agradável; servem-se para recrear o espírito das ocasiões insignificantes que as imperfeições humanas gerais fornecem ao divertimento.

Somente deve-se tomar o cuidado que essa alegria inocente não se vá tornando em mofa, porque esta provoca a rir-se do próximo por desprezo, ao passo que esses gracejos delicados só fazem rir por prazer e pelo espírito de certas palavras, ditas por liberdade, confiança e familiaridade, com toda a franqueza, e recebidas de boa mente, tendo-se completa certeza que ninugém as levará a mal.

Quando os religiosos da corte de S. Luís queriam entabular uma conversa séria e elevada depois do jantar, dizia-lhes o santo rei: Agora não é tempo de arrazoar muito, mas de divertir-se com uma conversação animada; diga, pois, cada um, livre e honestamente, o que lhe vem ao pensamento. Queria com isso dar um prazer à nobreza de que se rodeava, condescendendo nestas provas familiares da bondade de sua real majestade.

Enfim, Filotéia, passemos o pouco tempo que nos é dado para uma conversa recreativa e agradável, de modo que a devoção aí praticada nos assegure uma eternidade feliz.
 
(Filotéia - Parte III - São Francisco de Sales)
 
PS: Grifos meus. 

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nosso Senhor... em tua casa!

Nosso Senhor... em tua casa!


Em poucos dias vamos entrar no bendito mês de junho, todo iluminado por festas religiosas, populares e tradicionais. Mas sobretudo consagrado à devoção do sacratíssimo Coração de Cristo Senhor. Seria falta imperdoável não referir o que deve a família a Cristo Jesus. Urge afervorar a família leitora a santificar o mês pelo culto ao Coração do melhor Amigo que os homens jamais tiveram.

Toda família católica há de saber o quanto deve a Ele. Sempre d'Ele recebeu amor, alta estima, acentuadas preferências e confiadas responsabilidades.

Esse Coração bateu, pela primeira vez na Terra, dentro de uma casa de família, sob o coração de uma Mulher bendita entre todas as outras. Nessa casa foram ensaiados os passos d'Aquele que viera procurar os pescadores. Nas bodas de Caná esteve presente e milagroso o carinho desse Coração. Durante Seu apostolado entrava nas casas de família, mesmo onde moravam pecadores e doentes. Ia converter uns e curar outros.

Um dia mandou pedir ao chefe de família a grande sala, de que necessitava para Sua Última Ceia. Aí instituiu o Sacramento da Sua presença. De famílias honradas tira Seus santos e sacerdotes. As primeiras Missas foram celebradas em casas de família. O pai de Lacordaire guardava como santuário o quarto onde um pobre padre, perseguido pelos revolucionários, celebrava a Santa Missa. Perseguido, Cristo refugia-se em lares com Seu Sacrifício Eucarístico. Finalmente seu Coração preparou um Sacramento para os casais que fundam novos berços de vida.

Poderia uma família agradecida deconhecer tudo isso? Nada mais justo do que no mês de junho (principalmente) bendizer e louvar esse Coração tão rico em dádivas para nossas famílias...

Cristo Senhor revelou que deseja ser entronizado nos lares. Quer que O reconheçam como Dono da casa, amigo da família, Pai amoroso dos grandes e pequenos. Belo ato de reconhecimento, tem a família que se lembrar de entronizar uma estátua ou um quadro do Coração de Jesus. Ricas promessas prendem-se a este ato. Pergunto se a família leitora já fez tão abençoada entronização. Pergunto e imploro ao mesmo tempo. Que a faça ainda este mês. Não deixe para depois.

Aqui conto um fato que serve de aviso. Certa senhora combinou comigo a entronização. Escolheu o lugar que ficava bem de frente de um quadro que chamava de nu "artístico".

- Por favor, minha senhora, retire essa "arte" daqui. Seria um pecado ela continuar na sala onde deve estar o trono do Filho puríssimo da Virgem Maria... O quadro desapareceu e Cristo com Seu Coração foi entronizado em boa hora. Pesos estavam esmagando aquela família.

Há famílias que fazem a entronização depender de uma bela imagem. Sem dúvida, é louvável escolher imagens que, agradando à vista, se insinuem no coração. O que os refugam dificilmente será aceito pelo coração. Mas não haja exagero no caso. Nosso Senhor nunca estabeleceu tal beleza impecável como condição de Sua bênção.

(Excertos do livro: Mundos entre berços, do Pe. Geraldo Pires de Souza)

Espelho da alma

Espelho da alma


Amor, leitora, é - dom de si próprio.
Egoísmo é - a exclusiva preocupação consigo próprio; a desordem que te leva a antepor a satisfação do ser físico à do ser espiritual.

Algumas formas de egoísmo? Ei-las:

- Tudo para mim! E a mulher vive para seus vestidos, quer aparecer, ser comentada e apontada. Na vida íntima quer o prazer, a comodidade, as prerrogativas de esposa sem os deveres de mãe. Nascem daí as cautelas contra a natureza. Fogem da casa os berços com os filhinhos.

Ciúmes. Suspeitas contínuas, porque a esposa só tem em vista o corpo. A alma vive presa, apesar dos direitos e das ânsias que têm de se expandir numa santa liberdade. Os ciúmes matam a mútua confiança, impedem a certeza das fidelidades prometidas. No lar predominam então as cenas violentas, as recriminações, as lágrimas e os escândalos. Por fim o lar desmorona abalado pelo divórcio.

3º - Espírito de dominação e absorção... A esposa pouco indaga se a saúde, se os gestos do marido são de acordo com os seus desejos e caprichos de mulher egoista. Como mãe, não educa os filhos para a vida, mas forma-os para si própria, para suas vaidades. Quer vê-los sempre ao redor de si; não gosta que eles cresçam, que alarguem as afeições, que escolham um estado de vida, que fundem um lar ou se consagrem a Deus.

Diz sempre: Eu então viverei sem eles, depois de criá-los... para mim?

(As três chamas do lar - Pe. Geraldo Pires de Souza)

PS: Grifos meus

sábado, 22 de maio de 2010

Hino pela canonização de Joana d'Arc

Hino pela canonização de Joana d'Arc


Deus dos exércitos, toda a Igreja
deseja venerar, no Vosso Altar,
uma mártir heróica, uma Virgem guerreira
cujo nome no Céu ressoa.

Por Vosso poder,
ó Rei do Céu,
dá a Joana da França
a auréola e o Altar!

Achar conquistador para a França culpada
não é este o desejo que ela traz;
só por Joana será ela libertada:
entre muitos heróis um mártir vale mais!

Joana d'Arc, Senhor, é a Vossa grande obra!
Um coração de fogo, alma de guerreiro
deste a essa Virgem tímida,
pois querias coroar sua fronte altaneira.

Joana escutou, nos seus humildes prados,
vozes do Céu chamando-a para a guerra.
E ela partiu para salvar a pátria,
meiga menina a comandar o exército!

Ela ganha as almas de briosos guerreiros:
o brilho divino da Enviada dos Céus,
seu olhar puro e palavras ardentes
fazem curvar a fronte mais audaz!

Por um prodígio singular na história
viu-se um monarca hesitante
reconquistar sua coroa e glória
pela mão de uma criança tão-somente.

Não é bem a Joana d'Arc das vitórias
que queremos celebrar neste dia;
sabemos que suas verdadeiras glórias
são, Deus meu, suas virtudes, seu amor.

Por combater, Joana salvou a França;
mas era preciso que suas grandes virtudes
fossem arrancadas pelo elo do sofrimento,
selo divino de Seu esposo que é Jesus.

Na chama em que imolou a sua vida
Joana ouviu a voz dos Bem-aventurados;
ela deixou o exílio pela Pátria
e, como Anjo Salvador, voltou às alturas!...

És Joana, nossa única esperança,
do Céu escuta as vozes do teu povo:
desce até nós, vem converter a França;
pela segunda vez: Salva-a de novo!

Pelo poder que tudo alcança
do Deus Vencedor,
salva, salva tua França
Anjo libertador!... (bis)

Expulsando os ingleses de toda a França,
Filha de Deus, que belos passos eram os teus!
Entretanto, nos dias de infância,
só guardavas uns frágeis cordeiros...

Toma a defesa
dos impotentes,
Conserva a inocência
na alma das crianças.(bis)

Doce Mártir, são teus nossos conventos,
irmãs tuas as nossas virgens são
e querem, como tu, a todo momento,
ver Deus reinando em cada coração.

Salvar as almas
é seu desejo;
ah, dá-lhes as palmas
de Apóstola e de Mártir! (bis)

Dos corações todo temor se afasta
quando virmos a Igreja coroar
De nossa Joana santa a fronte casta
e, então, iremos todos nós cantar:

És tu nossa esperança,
escuta, então, nossa voz:
Santa Joana de França,
Roga, roga por nós! (bis)

(Música de: Dieus de paix et d'amour, retirada do livro:
Obras Completas de Santa Teresa do Menino Jesus)