quarta-feira, 17 de março de 2010

Santificar a mocidade

Santificar a mocidade


Para isto, deve o teu pensamento, antes de tudo, incitar-te para Deus.

Quando desejas mimosear tua amiga com uma rosa, certamente, não lhe envias uma flor sem viço, cujas pétalas caíram em parte, antes escolhes a rosa mais fresca, mais viçosa e mais olorosa do teu jardim; pois, somente esta será recebida com gratidão, enquanto a primeira será desdenhosamente rejeitada.

Do mesmo modo deverás proceder, donzela cristã, para com teu Deus.

A mocidade é o tempo mais belo, mais florescente mais alegre de tua vida. Assemelha-se à primavera, na qual, por toda parte, na natureza, se agita uma juventude forte e fresca; inúmeras flores abrem a doce corola, o céu azul sorri por cima de nossas cabeças e uma exalação aromática nos envolve. Assim sucede agora contigo.

Como corre fresco e forte o sangue em tuas veias, como teus olhos cheios de esperança fitam o futuro, e como são elásticas as forças do teu espírito!

Teu coração ainda não está dominado pelas paixões e se entusiasma por tudo quanto é elevado e bom. Na tua força juvenil e na tua inocência, tu és mil vezes mais bela que a mais formosa flor, de cujas pétalas pende uma gota de orvalho, onde brilha maravilhosa a imagem do sol.

Este tempo mais belo de tua vida não o deves negar a Deus, a quem tudo tens que agradecer, até a última gota de sangue de tuas veias e a menor fibra de teu coração; a Deus, para cujo serviço fosse criada e perante cujo tribunal hás de comparecer um dia, a fim de lhe prestar contas de toda tua vida, como também de tua mocidade; a Deus que te ama infinitamente e que encontra o Seu maior prazer nos serviços que lhe prestas na tua mocidade, e por isto Se inclina para ti cheio de graças e pede o teu amor sincero: “Minha filha, dá-me o teu coração”. (Prov. 23,26).

Este teu nobre coração não o deves negar a Deus, para dá-lo ao mundo, que aproveita de ti e por fim te ilude; nem a uma paixão que te escraviza, cega e conduz ao caminho de perdição.

Não, não! Tal coisa não podes, nem deves querer. Tem sempre em vista a admoestação do Espírito Santo: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade” (Ecl. 12,1). Alegremente e com entusiasmo deves consagrar-lhe o mais belo tempo de tua vida. De fato: somente aquilo que é mais belo, melhor e mais excelente é digno de Deus.

Orna donzela cristã, de virtudes, a tua mocidade

Inclina-te teu pensamento para teus pais. Eles te amam ainda mais do que podes pressentir. Seu coração pulsa por ti, seu entendimento pensa e cuida de ti, suas mãos trabalham por ti. As camarinhas de suor que lhes deslizam pela faces, equivalem ao teu bem-estar: os muitos, pequenos e grandes sacrifícios que tua mãe se impõe, todos os seus pensamentos e trabalhos, preces e sofrimentos são consagrados à tua felicidade.

A tudo quanto teus pais fazem e sofrem por ti suas esperanças para o futuro; confiam que não te esqueças os seus benefícios, antes os compenses por teu excelente proceder; esperam que lhes enchas o coração de alegria e satisfação; que, um dia, quando chegarem à velhice, com as mãos a tremer e os pés a vacilar, sejas sem dúvida, o seu cajado, sobre o qual poderão apoiar-se com firmeza na sua caducidade.

Não queres, porventura, satisfazer esta esperança de teus pais?
Não queres ser grata ao seu grande amor e desvelo por ti?
Certo que sim, porquanto possuis um coração nobre e leal. Conheces, porém, o melhor e mais seguro modo de manifestar essa gratidão a teus pais?

Ei-lo: viver a vida cristã, distinguindo-te entre as companheiras de tua idade pela virtude e pureza de costumes, pela modéstia e diligência, sendo por todas, que te conhecem, altamente apreciada e honrada. Quando o souberem teus pais, sentir-se-ão altamente ressarcidos de todos os cuidados e sacrifícios que houverem feito por ti. Mas do que o jardineiro com suas flores, mais do que o arquiteto com o êxito feliz de sua obra de arte, se alegrarão teus pais contigo, se transcorreres a mocidade ornada das mais belas virtudes.

Serás então a alegria e o enlevo, a consolação e o legítimo orgulho, a felicidade e a coroa da glória de teus progenitores. Verificar-se-á em teus pais a palavra da Sagrada Escritura: “Oxalá, se alegrem teu pai e tua mãe, e se rejubile aquela que te deu a luz”. (Prov. 23,25).
Esforça-te, pois, para que um dia possas dizer com sinceridade: tenho sido alegria e o orgulho de meus pais.
(Excertos do livro: Donzela cristã - Pe. Matias de Bremscheid)

PS: Grifos meus