quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sagrada Família - Seja esta Santa Família, modelo para a sua!

Sagrada Família - Seja esta Santa Família, modelo para a sua!


Ó Senhor Jesus Cristo, que obedecendo a Maria e José,
consagraste com inefáveis virtudes a vida doméstica,
 fazei com que nós, com a ajuda de um e outro,
sejamos instruidos pelos exemplos da Vossa Santa Família
 e consigamos alcançar a Sua eterna Companhia.
Vós que viveis e reinais.
(Missa da Festa da Sagrada Família - Oração)

O que a Igreja Católica oferece aos noivos católicos não é apenas o conceito claro e verdadeiro do matrimônio e do amor e, de envolta com os seus meios de graça, a força e o auxílio de poder viver de acordo com a Vontade de Deus, é, outrossim, o exemplo mais fascinante a imitar na futura família: o exemplo sublime da SAGRADA FAMÍLIA.

Não fosse, embora, compatível com a dignidade suprema do Filho de Deus que, além de seu Pai Celestial, tivesse um pai entre os homens, quis Ele, todavia, nascer à sombra do Matrimônio para, à luz de seus benefícios, se educar. Seu augusto exemplo devia restaurar a família que tanto se havia degradado.

Com efeito. O que o poderoso Imperador Augusto não conseguiu, Cristo conseguiu-o por sua doutrina, por sua graça e, mormente, por seu excelso exemplo. Restaurou, da forma mais ideal, a família depravada, dando-lhe o protótipo de todas as famílias, a família em que Ele próprio nasceu e cresceu, a família do pobre marceneiro de Nazaré.

Impossível é descrever quanta benção, quanta luz, quanta consolação tem irradiado aquela singela família, no decorrer dos séculos, para o mundo inteiro. Foi ela que reformou e renovou o mundo, foi seu exemplo que criou a família cristã em toda riqueza de suas virtudes, em toda beleza de sua paz e de sua alegria.

A vida da Sagrada Família representa, antes de tudo, a prova mais eloqüente, de que as alegrias do lar são, de verdade, alegrias tão profundas que podem absorver e satisfazer inteiramente, as aspirações terrenas de uma família. Pois, quem poderia imaginar infeliz e descontente, melancólica ou taciturna algumas das pessoas que constituem a Sagrada Família?

E, nada obstante, viviam elas naquele rincão perdido nos montes da Galiléia, longe do reboliço do mundo, longe de todos estes prazeres que tanta gente julga indispensáveis à vida.

Ah! Não careciam estas pessoas santíssimas de nenhuma alegria do mundo. Mui viva e vivaz levavam elas na riqueza de sua alma, aquela de alegria espiritual que lhes inundava de luz a existência, que lhes absorvia todos os pensamentos e a fantasia toda. Para que, pois, procurariam fora de si o que dentro d’alma se lhes deparava?

... A verdadeira felicidade da família constitui uma das mais puras e profundas alegrias desta Terra. O desvelo amoroso pelos seus, torna fáceis quaisquer trabalhos ao pai. É o amor que lhe suaviza todo e qualquer sacrifício. Seu afeto sentir-se-ia mesmo insatisfeito se o não pudesse documentar e comprovar.

A mãe, então, rejubila em todos os seus afazeres que se destinam ao bem do esposo e dos filhos queridos. Seu amor intenso lhes faz esquecer, a si própria, quando a família exige sua dedicação.

A alma de todo lar, porém, é a criança. E com franqueza. Que coisa mais linda, mais arrebatadora pode haver do que este ser maravilhoso em todo o encanto de sua inocência, de sua simplicidade e de sua ingenuidade. É o anjo da casa, é o raio de sol a espalhar luz e alegria.

Não há negar. Os cuidados múltiplos que os filhos exigem, podem absorver, completamente, a vida dos pais. Mas que ocupações mais gratas há que estes afazeres da vida da família?

É próprio à natureza do amor de se ocupar, constantemente, com o objeto amado, de lhe devotar todo o interesse e toda a dedicação. Quantos artifícios não excogita o amor para documentar a pessoa amada a sua grandeza e intensidade. Quer viver espalhando o bem e não conhece satisfação maior que o ver feliz a quem ama. Que muito, pois, vejam os pais, realizadas todas as suas aspirações quando se lhes deparam coroadas de êxito os seus esforços?

Quer dizer, então, do grato mister de cultivar o espírito dos filhos que vão crescendo? Do plasmar-lhes a cera d’alma, de enriquecer-lhes o patrimônio da inteligência, de formar-lhes a robustez do caráter, de educar-lhes a harmonia dos sentimentos?

Ah! Amigos noivos, observai uma criança a beber dos lábios da mãe o enredo de uma “história”, fixai o pai que, de filhinho ao colo, lhe explica um dos muitos “porquês” que aquele anjinho, ávido de saber, não cessa de lhes dirigir. Vereis dons instantâneos que parecem recortados de uma nesga do paraíso.

Não que tal felicidade íntima se dê a conhecer por risadas e gargalhadas a bandeiras respregadas. Não. É a alegria plácida que enche o coração a transbordar, que resplandece nos olhos cândidos e se estampa na testa lisa e no rosto sorridente dos pais. E que há de mais precioso que tal felicidade!

Não queirais, pois, amigos noivos, procurar a felicidade fora do teto que vos há de unir, não a procureis nas festanças e festins do mundo. Não. Procurai-a no próprio lar e não permitais que ela de lá se afaste.

Muito contribuirá, para isto, se com todas as veras do coração vos empenhardes em fazer da vossa casa um lar verdadeiro. Há tantos meios, tão pequeninos e tão importantes, que tornam a casa agradável e atraente. Quanto não faz o asseio em toda a parte e um vaso de flores, uma ramalhete de boninas colocados aqui e acolá!

Quantas alegrias não espalham, além disso, proveitosas leituras de família... Ou então, as atenções por ocasiões de algum aniversário!

Em tudo isto não queirais, nem por isto, deixar de ser moderados e sóbrios em vossos desejos. É novamente a Sagrada Família que disto nos legou a lição e o exemplo insuperável. Mui pouca era o que aquelas pessoas chamaram de seu. E, todavia não eram descontentes por tão pouco. Não é o possuir muito que garante o bem-estar. É o desejar pouco, que muito, que tudo dá.

Não quer isto dizer que não possais, que não deveis procurar mesmo a bem da vossa família, de melhorar e de garantir a vossa situação econômica. A pobreza que está nas raias da miséria e da indigência não pode garantir, nos tempos que corre, nenhum bem do matrimônio. Importa, entretanto, não se revoltar contra males irreparáveis de ordem social, importa não encarar como o maior dos males quando outros vão de limusine e vós nem tendes sapatos modernos para calçar. Olhai à estrebaria de Belém, vede a manjedoura, o presépio do Menino Jesus e bebei-lhes longamente as lições que vos dão.

O exemplo augusto da Sagrada Família oferece-vos, além disso, o ideal mais elevado de uma vida verdadeiramente santa no seio da família. Todas as virtudes que dignificam a vida no estado matrimonial vedes aí exemplificadas.

Contemplai a Vigem Mãe em toda sua pureza imaculada, em toda a dignidade e beleza austera de sua virtude ilibada. Quanto não deve Deus estimar a virgindade, se não hesitou em entender o véu do milagre sobre a Virgem Maria para torna-la mãe sem que deixasse de ser virgem.

Exemplo tão excelso constitui lição perene para toda a donzela, mormente para toda a noiva.

Ah! Não jogueis a pérola de vossa virtude às fauces do instinto animal! Não maculeis, com satisfações inconfessáveis, a túnica branca da vossa virgindade, que deve ser vossa túnica nupcial! Não deis, senão o troco da dignidade da mãe cristã, o que de mais belo possuis, a flor imaculada de vossa pureza batismal.

Também para o noivo de caráter deve a imagem da Virgem Maria representar o que de mais digno, de mais elevado se lhe possa dizer sobre a dignidade da virgem e da esposa. Sem pestanejar, sem corar de vergonha e de contrição deve o moço poder fixar a Virgem Imaculada a ver nela censura ou louvor de sua atitude.

A exemplo de São José, castíssimo esposo da Mãe de Deus, protetor intemerato da virgindade e da honra de Maria, deve-o defender e proteger a dignidade de sua futura esposa contra qualquer concupiscência, egoísmo e desrespeito.

Vosso olhar incide, finalmente, sobre o menino Jesus. Parece Ele menino como qualquer outro e, contudo, é, como sabemos, o Deus Eterno e Imenso, feito homem. Reverentes e respeitosos o fixam Jesus e Maria.

Hora virá, noivos amigos, em que também vós fixareis, extasiados e jubilosos, o mistério do vosso filho. Não olvides jamais, que é mistério de verdade, mistério da Onipotência e Bondade do Criador o haver Ele confiado à vossa colaboração a criação deste ser que acariciais com o doce nome de “meu filho”.

Ah! Que profundo não deve ser o vosso respeito ante o mistério da paternidade e da maternidade!

Tornai-vos dignos dele, noivos católicos, dignos como Maria Santíssima e São José, para educardes os filhos de Deus que o CÉU vos há de confiar.

... Não descuideis, jamais, de observar, antes e acima de tudo, as normas que Deus vos prescreve. Que digam os ateus e incrédulos o que bem entenderem, que o mundo vos chame de tolos e beatos, não vos desvieis dos preceitos de Deus e dos ensinamentos da Igreja. Meditai no que vos digo, meditai no que vos deixo escrito em todas estas páginas e nunca vos arrependereis se o houverdes observado...vos escrevi, haurido, unicamente, na palavra de Deus e na doutrina da Igreja.

... Procurai, pois noivos fiéis, que as graças do Sacramento do Matrimônio não fiquem estéreis para vós. Não as desperdiceis, mas fazei que em toda sua exuberância se derramem sobre o vosso lar. A oração e a recepção dos santos sacramentos constituía para vós norma que não pode faltar no programa de vossa vida. Faltar-vos-ia tudo. Mais do que de qualquer outra agremiação, vale para o matrimônio a promessa do Senhor: “Onde dois se reunirem em meu nome, aí estarei no meio deles”. (Mat. 18,20).

Fundou-se com o beneplácito e vivo desejo de Leão XIII a Pia União das Famílias Cristãs. Tem esta união como uma de suas regras que as famílias cristãs tenham em seu lar uma imagem da Sagrada Família e ante ela se reúnam, pelo menos uma vez por dia, para ligeira oração e meditação. Que exercício espiritual magnífico!

Também a consagração da família ao Sagrado Coração de Jesus (clicar sobre a escrita de vermelho) é exercício que a Igreja muito recomenda às famílias. A experiência de três séculos documenta quão verdadeiras são as palavras que Jesus disse a sua discípula Margareth Maria Alacoque: “Abençoarei as casas, onde se venerar a imagem do meu Coração”.

(Excertos do livro: Às ordens do Criador – Livros para noivos – Pe. Hardy Schilgen)
PS: Grifos meus