domingo, 13 de dezembro de 2009

A Segunda Ferida - Dores de Nossa Senhora


A Segunda ferida - Fulga para o Egito

A Santíssima Virgem recebeu a segunda ferida quando teve de partilhar das dores de todas as pessoas “deslocadas” no mundo, de todos os exilados, dos quais Cristo foi o primeiro. O ditador Herodes, temendo que Aquele cuja coroa era de ouro lhe tirasse a sua pobre coroa de metal dourado, mandou procurar o Menino Jesus apenas com dois anos, para o mandar matar.

Duas espadas são agora brandidas: uma por Herodes, que quer matar o Príncipe da Paz, de modo a obter uma falsa paz pelo reinado da força; a outra por Aquele que é a Própria Espada e que quereria ver o Êxodo levar, pelo contrário, da Terra onde vai refugia-se com sua Mãe, o povo, cujos exercícios Ele outrora dirigiu. É José, de novo, o encarregado de proteger o Pão Vivo.

...Como nós nos sentimos abandonados de Deus, quando Ele permite que a perversidade nos aflija! No entanto, o Todo-Poderoso está nos braços de Maria, e permite-o! A Cruz parece ser uma dupla cruz, quando não vem d’Ele; ora, neste caso, não são a nossa paciência e a nossa capacidade de sofrer que são postas à prova, mas a nossa humildade e a nossa fé.


... Como o padre que leva o Santíssimo Sacramento aos doentes está pronto a defende-Lo à custa da sua própria vida, também Maria, levando Emmanuel em seus braços, aprendia que ser sua Mãe significava sofrer com Ele para, em seguida, reinar com Ele.

...Foi por amor da humanidade que Maria sofreu com Jesus, as dores duma Terra inóspita. A Imaculada Conceição e a Virgem Maria tinham sido os dois muros que a separavam do mal. Mas a Espada fendeu os muros, abateu-os, e assim permitiu que ela sentisse o que Ele próprio sentiu na manhã da vida.
...E, no entanto, bastava uma palavra desse Bebê nos braços de sua Mãe, para poder fazer calar todos os Herodes do mundo, desde aquele até Estaline ou Mao-Tsé-Tung, mas tal palavra não a quis Ele dizer: o Verbo era agora uma Espada. Todavia, como devia ser apunhalante – e isso de um modo realmente superlativo – a dor do Menino que, possuindo um espírito infinito, conhecia e consentia nesses angustiosos acontecimentos!

...O Verbo é uma arma de dois gumes; se ela só pudesse ferir Maria, como Ele teria sido cruel em reservar só para ela a ferida! Mas nada penetra em sua alma que primeiro não tenha penetrado na de Cristo.

...Maria sabia que o Menino que ela trazia em seus braços não tinha ainda levantado a voz contra o mal; no entanto, ela vê todos os fanáticos, tiranos, ditadores, comunistas, intolerantes e libertinos insurgirem-se contra Ele. Para os seus braços, era Ele mais leve do que uma pluma, mas, na realidade, pesava mais sobre o coração daqueles que queriam mal à Sua vida do que o mais pesado dos planetas.

Um bebê odiado!

Era a segunda estocada na Virgem Maria. “Assim como eles me odiaram, assim vos odiarão”. O ódio dos homens contra Ele, ela o sentiria como em si própria! Mas, do mesmo modo que Ele amava os que o odiavam, também, Ela os amou. Se fosse necessário, mil vezes ela fugiria para o Egito, mil vezes suportaria temores, para impedir que uma só alma cometesse qualquer pecado, tudo por amor de Seu Filho, por amor de Deus.

...O verdadeiro “Tratamento de choque” que os pecadores devem utilizar é simples: consiste em invocar uma Mulher trazendo um Bebê em seus braços. Ela os levará consigo para o Egito, a comer o pão da tribulação e da penitência. Quando o coração do homem não se sente como que em sua casa em Nazaré, quando ele deserta da realidade, pode ainda esperar, porque a Madona e o Seu Divino Menino o encontrarão, mesmo na fuga desvairada para os desertos do Egito e do Mundo.

(Excertos do livro – O Primeiro Amor do Mundo – Arcebispo Fulton J. Sheen - continua...)
PS: Grifos meus

Ver também: