sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Retrato de uma mãe!



Quem encontrará uma mulher forte?
O seu valor excede o das perólas.
O coração de seu marido põe nela a sua confiança,
e não lhe faltarão lucros.

... buscou lá e o linho,
e, alegre, trabalhou neles com as suas mãos.
É como nau do negociante,
que traz de longe o seu pão.

Levanta-se quando ainda é noite,
e distribui o alimento pela sua família.

... Cingiu seus rins de fortaleza,
e fortaleceu o seu braço.
Experimentou, e viu que o seu trabalho frutifica;
A sua candeia não se apagará durante a noite.

Empregou as suas mãos em trabalhos rudes,
e os seus dedos manejaram o fuso.

... Muitas mulheres ajuntaram riquezas;
Tu excedeste-as a todas.
A graça é enganadora, e a formosura é vã;
A mulher que teme o Senhor, essa será louvada.

(Provérbios, XXXI, 10-31)
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Há queixas por toda parte, porque os salários são baixos. Todos querem aumento.
Só existe uma criatura que trabalha sempre e que não exige que seu trabalho seja pago, que não faz greves e que não diz nunca, nem mesmo só para si : "Malditos patrões".

Cozinha, lava, passa, encerra, varre, coze, remenda, e, às vezes, nem pode comer em paz. É a última que se senta, a primeira que se levanta pela manhã e, à noite, apaga as luzes e deposita um beijo na fronte de todos, quando a casa já está tranqüilamente sepultada no sono.

É mãe.

Também ela era uma jovem a quem agradava prolongar o calor dos cobertores nas frias manhãs de inverno. Mas desde que se tornou mãe, é capaz de descer à rua e despertar com seus passos o ladrar dos cães que aguardam a aurora. É para ir buscar o pão que a filha se esqueceu de comprar, na tarde anterior, para o irmão que tem de sair cedo para o trabalho.

Antes gostava de fazer gastos com vestidos novos: agora usa aqueles que já não agradam às filhas porque estão "fora de moda". Os cremes e o permanente não são julgados necessários como pão. O esmalte das unhas está, algumas vezes,  roído pela água dos pratos, pela agulha e pelos afazeres de casa.

... Parece um milagre. Mas é como o florescer de um jardim, do qual ninguém se admira, porque todos já se habituaram a este prodígio. Depois da confusão alegre dos primeiros dias do casamento, as mães começam a consumir-se como cera, para proporcionar luz, quando as alegrias diminuem e quando as sombras crescem, às primeiras lágrimas que borbulham.

... Há alguma alegria e são os bons filhos. É o amor de um esposo que seja cumpridor de seus deveres.

Por todos solicitada, para todos deve ter algo que dar. É destinada a chorar as suas lágrimas, a sorrir para não chorar, e a dizer sempre uma palavra boa. Damo-nos conta deste milagre de bondade e de sacrifício no dia em que ela fecha os olhos.

Parece então que escurece ao meio-dia.

A lâmpada que iluminava todos os caminhos da vida, se apagou à força de brilhar. E a mãe se vai , depois de ter dado tudo e nada ter recebido. Sem estipêndio.

(Excertos do livro: Mãe - Pe. E.Crippa)
PS: Grifos meus.