segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Os deveres do marido e da mulher - (Pio XII) - IV Parte de VI

IV Parte

Eis ó esposas, onde pode chegar a vossa parte de responsabilidade para a concórdia da felicidade doméstica.

Se ao marido vosso e ao trabalho dele cabe procurar e estabelecer a vida do lar, a vós e ao vosso cuidado cabe ajustar o conveniente bem-estar e providenciar a pacífica serenidade comum de vossas duas vidas. Isto é para vós não somente uma obrigação de natureza, mas também um dever religioso e uma obrigação da virtude cristã, para o vigor de cujos atos e de cujos méritos vós crescereis no amor e na graça de Deus.

 

Mas – dirá talvez alguma dentre vós – de tal modo se nos pede uma vida de sacrifícios”. Sim; a vossa é vida de sacrifícios, mas não somente de sacrifícios.

Acreditais vós, portanto, que aqui embaixo se possa gozar de uma verdadeira e sólida felicidade? Que em algum ângulo deste mundo se encontre a plena e perfeita beatitude do paraíso terrestre? E pensais talvez que vosso marido não deva também ele sacrificar-se, por vezes gravemente, para conseguir um pão honrado e seguro para a família?

Exatamente este mútuos sacrifícios, suportados juntos e em comum vantagem, dão ao amor conjugal e à felicidade da família a sua cordialidade e estabilidade, sua profundidade santa e aquela especial nobreza que se exprime no mútuo respeito dos cônjuges e os exalta no afeto e no recolhimento dos filhos.

Se o sacrifício materno é o mais agudo e doloroso, a virtude do alto os tempera.

De seu sacrifício a mulher aprende a compaixão às dores alheias. O amor para a felicidade de sua casa não a fecha em si; o amor de Deus, que a exalta no seu sacrifício acima de si, abre-lhe o coração a toda piedade e a santifica.

Mas- objetar-se-á talvez ainda – a moderna estrutura social, operária, industrial e profissional, leva em grande número a mulher, também as casadas, a sair de fora do lar, da família e a penetrar no campo do trabalho e da vida pública”.

... A Providência, sempre vígil em seu governo da humanidade, inseriu no espírito da família cristã forças superiores que servem para mitigar e vencer a dureza de um tal estado social e obviar os perigos, que indubitavelmente em si escondem.

Não tendes vós talvez observado como o sacrifício de uma mãe, que, por especiais motivos, deve além de seus deveres domésticos, industriais, prover com duro trabalho cotidiano ao nutrimento da família, não somente conserva, mas alimenta e acresce nos filhos a veneração e o amor para com ela, e mais forte obtém seus reconhecimentos por suas angústias e fadigas, quando o sentimento religioso e a confiança em Deus constituem o fundamento da vida familiar?

Se tal é o caso no vosso matrimônio, com plena confiança em Deus, o qual ajuda sempre quem o teme e o serve, ajuntai, nas horas e nos dias que podeis dar inteiramente aos vossos caros, com redobrado amor, a solerte cura, não somente para assegurar à verdadeira vida da família o mínimo indispensável, mas também para deixar que de vós procedam no coração do marido e dos filhos tantos luminosos raios de sol, que confortem, fomentem e fecundem, também nas horas da separação exterior, a espiritual união do lar.

(Discurso aos esposos – 25 de fevereiro, 1944 – Pio XII, retirado: Pio XII e os problemas do mundo moderno - continua ...)
PS: Grifos meus
PS 2: A tradução do livro que tenho em mãos, donde transcrevi o texto acima, está traduzido "esposos" (no início do texto - grifei de vermelho), uma leitora do blog, me alertou sobre o texto em espanhol estar como "esposas"; depois de confirmar o erro de tradução do autor, a transcrição foi alterada). Alteração feita dia 05/01/2010