terça-feira, 17 de novembro de 2009

Higiene Moral


Mas que o corpo, a alma precisa respirar uma atmosfera pura e nutrir-se de alimentos sãos, pois as conseqüências das moléstias da alma não se comparam com as do corpo. Além de tudo, a saúde da alma é das mais delicadas; um nada pode prejudicá-la, e para sempre.

E, no entanto, quantos rapazes passam uma boa parte do dia principalmente das noites, numa atmosfera moral irrespirável, pesada, com todos os miasmas do ceticismo e da sensualidade!

Freqüentam todos os lugares, em particular aqueles onde se aceitam os princípios da vida fácil; uma grande parte da sua força (da alma) dissipa-se em festas, salões e espetáculos. Não quer dizer que desejam o mal pelo mal: a maioria dirá, nos momentos de sinceridade, que essa existência lhes pesa, que as convicções se ressentem, que têm o coração apertado e a alma sufocada. Mas seria preciso um esforço para libertar-se dos compromissos sociais, sacudir-se um pouco e romper de face com os hábitos inveterados de moleza.

Não têm essa coragem.

... Em vez de procurar um remédio para o vazio do coração, nas afeições legítimas e nobres, e preparar-se, por um longo trabalho de purificação moral, para o futuro papel de esposo e pai, preferem alimentar toda sorte de sonhos, multiplicar relações superficiais, gastar ao acaso a provisão de sentimentos elevados e delicados adquiridos no lar.

Isso porque custa muito lutar contra paixões que despertam, reagir contra seus gostos, preservar-se, cercar-se de precauções minuciosas, em uma palavra, viver com regime, no modo de nutrir a inteligência com a verdade e o coração com sentimento viris. Alguns há, bem sei que deixam para mais tarde uma conversão brilhante. Então, sob a pressão dos acontecimentos, em face de necessidades, entrarão no bom caminho, como dizem: farão marcha à ré e abismarão a sociedade pela honestidade dos costumes e pela força das convicções.

Que perigosa utopia!

Dá-se o mesmo com a saúde da alma e com a saúde do corpo. Quando se passou a mocidade minando-a, vivendo em ambientes deletérios, intoxicando-se cada dia como por prazer; quando se rompeu de todos os modos, por abusos atrozes, o equilíbrio das funções essenciais da vida, não é de um dia para outro que será possível refazer-se, restabelecer o equilíbrio comprometido.

(A educação do caráter – Pe. Gillet)
PS: Grifos meus