sábado, 21 de novembro de 2009

Criando bom hábito!


Desde o berço

É espantosa a facilidade com que a criancinha contrai um hábito. Com uma semana, já está bem ou mal-educada, sujeitando-se ao horário da alimentação, tranqüila no berço, ou só querendo dormir embalada e chorando a cada instante pelo seio materno. Deixar para mais tarde a sua educação é mais grave do que adiar os cuidados da higiene, a pretexto de que ela é ainda muito novinha e não sabe o que é isto!

Não condiz com o bom senso deixar que floresçam más tendências, para erradicá-las depois, formando os bons hábitos à custa de resistência que não se encontram no terreno virgem da criancinha.

Iniciar nos bons hábitos

Não se trata da educação consciente, mas de um adestramento, que é maravilhosa predisposição para um futuro muito próximo...Bem conduzidos, os instintos cedem maravilhosamente... Lisonjeá-los (filhos)agora é firmá-los, para darem depois dobrados trabalhos à razão e à vontade, com acentuados desgostos nos imprudentes educadores. Contê-los, satisfazendo-os com justeza e moderação, é enfraquecê-los e domá-los, facilitando depois as vitórias sobre os seus impulsos.

O adestramento não faz querer o bem, mas inclina para ele e o facilita, porque acostuma a fazer o que é bom. Na criancinha, bem ou mal conduzida desde o berço, já podemos descobrir o adulto organizado, calmo, social, ou caprichoso, agitado e ditatorial.

Fixam-se com incrível firmeza os hábitos da infância...Fazer à criança todos os gostos, acostumá-la aos primeiros lugares entre companheiros, ceder a seus desejos ou a seus impulsos, facilitar suas vitórias nos jogos, etc., é preparar-lhe conflitos e desajustamentos quando, no futuro, não achar mais quem se submeta a seus caprichos.

Ficam as marcas

Conhecemos facilmente os que desde cedo foram mimados ou reprimidos, atendidos com moderação ou excesso, acostumados no controle ou satisfeitos com exagero, afeitos ao esforço ou às facilidades.
A resistência ao calor e ao frio, à sede, à fome e à dor; a capacidade para a ordem, a moderação, a obediência; certas precocidades para vícios ou virtudes; a facilidade de se contentar com privações, ausências e mudanças – as crianças as adquirem com o adestramento, que é o primeiro passo numa educação bem orientada.

Aqui está a raiz que brotará num homem viril ou efeminado, num espírito firme ou indeciso, numa têmpera resistente ou acovardada, num ânimo de espartano ou de sibarita, num cumpridor do dever, num gozador da vida, num joguete dos acontecimentos.

Outro motivo para começar cedo é que madrugam as manifestações do temperamento. Pequenininha, a criança já se revela calma ou impulsiva, tímida ou corajosa, irritadiça ou fleumática, gulosa ou sóbria, obstinada ou acessível.

A árvore já está na semente: o trabalho do educador é o mesmo do agricultor que prepara o terreno, afasta as influências nocivas, protege os ramos ou os poda segundo a necessidade, para ao cabo colher o melhor fruto.

(O que fazer de seu filho – Pe. Álvaro Negromonte)
PS: Grifos meus