sábado, 31 de outubro de 2009

Festa de todos os Santos



O Templo de Agripa foi consagrado ao tempo de Augusto a todos os deuses do paganismo e por esse motivo denominado Panteão. Bonifácio IV mandou para lá transladas as ossadas dos Mártires encontradas nas catacumbas e no dia 13 de Maio de 610 dedicou esta Nova Basília ao culto dos Mártires e da Virgem Santíssima.

A festa desta dedicação foi tomando com o tempo caráter mais universal, sendo mais tarde consagrada à Virgem SS. e a todos os Santos. Existindo já, porém, a festa da comemoração de todos os Santos, celebrada primeiramente em dias diferentes nas diversas igrejas e em 835 fixada por Gregório IV no dia 01 de Novembro, Gregório VIII transferiu para esta data a dedicação do Panteão.

A festa de hoje recorda pois e celebra a vitória do Deus verdadeiro sobre as falsas divindades do paganismo. Em razão da sua procedência, a Missa vai buscar numerosos textos à liturgia dos Mártires. A Santa Igreja coloca-nos debaixo dos olhos a admirável visão do Céu, a visão dos doze mil inscritos (12 por ser número perfeito e indicar plenitude) de cada tribo de Israel e da multidão sem conta, procedente de todos os povos, línguas e tribos, todos de pé diante do Cordeiro, revestidos de branco e com palmas na mão.

Jesus Cristo, a Virgem SS., as falanges dos Espíritos bem-aventurados distruídos em nove coros, os Apóstolos, os Mártires envoltos na púrpura do sangue que verteram, os Confessores vestidos de branco, o coro casto das Virgens formam o majestoso cortejo. Compõe-se dos que na Terra andaram pelos passos de Jesus, dos pobres de espírito, dos mansos, dos aflitos, dos que sofreram fome e sede de justiça, dos misericordiosos, dos puros, dos pacientes, dos que foram perseguidos pelo nome de Jesus.

Alegrai-vos, lhe dizia o Mestre, porque a vossa recompensa será grande no Céu.

Entre estes milhares de justos que foram na Terra discípulos fiéis de Cristo encontramos muitos dos nosso parentes, amigos, filhos da nossa terra e da nossa aldeia, os quais participam já da glória do Senhor, Rei dos reis e coroa de todos os Santos. Ao assistirmos à Missa neste dia, lembremo-nos que o sacedórcio de Jesus Cristo na Terra, exercido invisivelmente nos nossos altares se identifica como o que visivelmente exerce no Céu. Os altares da Terra onde reside o Cordeiro de Deus e o altar do Céu onde o mesmo Cordeiro se ostenta de pé e em estado de vítima são um e o mesmo altar.

Toda a Missa procura despertar em nós esta presença do Céu.

(Missal quotidiano e vesperal - Dom Gaspar Lefevbre - 1951)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Adestre os ouvidos de seus filhos


Como sentido eminentemente social, o ouvido merece cuidados que têm sido desprezados geralmente. Se os adultos falassem mais articulada e expressivamente, se os mestres não gritassem tanto, se a leitura fosse mais inteligente e mais bem inflexionada, se as canções correntes fossem mais elevadas, as crianças teriam outras facilidades neste terreno.

Todos sabem quanto o tom e o modo de falar influem em nossas relações sociais. Acresce que sempre são acompanhadas do gesto, da expressão fisionômica e da atitude. Tomem a frase mais simples: "Meu filho, vá estudar", experimentem dizê-la em vários tons e modos, com expressão súplice ou arrogante, amiga, mendicante ou dilatorial - e vejam qual é mais agradável e eficiente. Pela educação do ouvido forçaríamos até as radioemissoras a cessarem a enxurrada "musical" com que aturdem e deturpam o nosso povo.

A vista e o ouvido terão muito a lucrar e a fazer pela educação, se pais e mestres encaminharem as crianças e os jovens para o seu aproveitamento artístico. A visita a museus e exposições, a freqüentação dos concertos, a declamação e o canto, são atividades muito pouco aproveitadas entre nós, apesar do grande valor educativo.

Assinalados serviços presta a vitrola, em contraposição ao rádio... com a vitrola se proporciona boa música, em escala ascendente, de acordo com a capacidade da criança, desde a música popular (no bom sentido da deturpada palavra) até as mais finas composições.
São cuidados que só parecem pequenos aos que não sabem que os sentidos são o fundamento natural dos planos superiores da educação.

(O que fazer de seu filho - Pe. Álvaro Negromonte - 1955)

PS: grifos meus

O Calvário e a Missa - 1ª Parte: Confissão

Cada palavra é uma parte da Missa.

A primeira, "Perdoai-lhes", representa o Confiteor; a segunda, "Hoje estarás comigo no paraíso", é o Ofertório; a terceira, "Mulher, eis aqui o teu filho", é o Sanctus; a quarta, "Por que me abandonaste?", é a Consagração; a quinta. "Tenho Sede", é a Santa Comunhão; a sexta, "Tudo está consumado", é o "Ite missa est"; a sétima, "Pai, nas Vossas mãos entrego o Meu espírito", é o Último Evangelho... [continuar aqui]
(O Calvário e a Missa- Arcebispo Fulton J.Sheen)

PS: No decorrer do próximo mês iremos transcrever as sete explicações acima.
Segue a primeira:
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Confissão (1ª Parte)

“Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”. (Lc 23,34)

A Missa principia com a confissão. A confissão é uma prece na qual confessamos os nossos pecados e pedimos à Nossa Mãe Santíssima e aos Santos para que intercedam junto de Deus pelo nosso perdão, pois apenas os limpos de coração poderão ver a Deus. Nosso Senhor inicia também a Sua Missa com a Confissão, embora ela seja diferente da nossa neste ponto: Ele é Deus e, portanto, sem pecado. “Qual de vós me arguirá de pecado?” A sua Confissão não pode, portanto, ser uma prece pelo perdão dos Seus pecados, mas sim uma oração pelo perdão dos nossos pecados.

Outros teriam gritado, amaldiçoado, ter-se-iam contorcido, quando os cravos atravessaram os Seus pés e as Suas mãos. Nem a revolta nem a vingança encontram, porém, lugar no peito do Salvador; os Seus lábios não proferem uma única exclamação de represália contra os Seus algozes, nem sequer murmuram uma prece para obter mais forças que Lhe ajudem a suportar as Suas dores.

O Amor Incarnado esquece a angústia e, naquele momento da agonia concentrada, revela algo na altura, da profundidade e inspiração do maravilhoso amor de Deus, quando Jesus pronuncia a sua Confissão: “Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”.

Ele não disse “Perdoa-Me”, mas sim “perdoai-lhes”. O momento da morte era, certamente, o mais adequado para provocar a confissão do pecado, porquanto a consciência, na solenidade das últimas horas, afirma a sua autoridade. Nem sequer esboço de contrição se escapou dos Seus lábios. Jesus associou-Se aos pecadores, mas nunca Se associou ao pecado. Tanto na morte como na vida, Ele nunca teve a consciência de ter descurado um único dever para com Seu Pai Celestial. E porque? Porque um homem imaculado, absolutamente isento de culpa, é algo mais que um homem – é Deus. E é nisso que reside a diferença.

Nós vamos buscar as nossas orações às profundidades da nossa consciência do pecado: a própria palavra “perdoa”, prova que Ele é o Filho de Deus. Repare-se nos termos em que Jesus pediu a Seu Pai que nos perdoasse - “Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”.

Quando alguém nos ofende ou censura sem razão, nós comentamos amargamente a falta de conhecimento de quem assim procede. Quando, porém, nós pecamos contra Deus, Ele encontra uma desculpa para perdoar – a nossa ignorância.

Não há redenção para os anjos caídos. As gotas de sangue que caem da Cruz, na Missa de Sexta-Feira Santa de Cristo, não tombam sobre as suas cabeças. E porque? Porque eles sabiam o que faziam. Eles previam as conseqüências dos seus atos, tão claramente como nós vemos que dois mais dois são quatro, e que uma coisa não pode existir e deixar de existir, ao mesmo tempo. Verdades desta natureza, uma vez compreendidas, não podem ser refutadas, pois são irrevogáveis e eternas.

Foi essa razão pela qual, quando os anjos decidiram revoltar-se contra o Altíssimo, não puderam voltar atrás com a sua decisão. Eles sabiam o que estavam a fazer!


Conosco, no entanto, é diferente. Nós não vemos as conseqüências dos nossos atos com a mesma clareza, porque somos mais ignorantes que os anjos. Se, contudo, soubéssemos que cada pecado de orgulho tece uma coroa de espinhos para a fronte de Jesus; se soubéssemos que cada transgressão dos Seus Divinos Mandamentos é a negação da própria Cruz; se soubéssemos que os atos da avareza e soberba correspondem aos cravos que trespassam as mãos e pés de Jesus; se, conhecendo a bondade de Deus, continuássemos a pecar, nunca teríamos sido salvos.

É apenas a nossa ignorância do infinito amor do Sagrado Coração que nos abrange na prece da Sua Confissão, pronunciada do alto da Cruz: “Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem.”

Estas palavras devem ser gravadas no íntimo das nossas almas, e não constituírem desculpa para a nossa reincidência no pecado, mas serem, antes, um motivo de contrição e penitência. O perdão não é uma negação do pecado. Nosso Senhor não nega o horrível fato do pecado, e é precisamente neste ponto que o mundo erra, pois considera-o como que um retrocesso ao processo evolucionário, uma sobrevivência de influências do passado e identifica-o com a verbosidade psicológica. Numa palavra, o mundo moderno nega o pecado.

Nosso Senhor lembra-nos que ele é a mais terrível de todas as realidades. Sendo assim, porque, é, porém, que Ele deu uma cruz àqueles que não pecam? Porque é que deixou derramar sangue inocente? Porque é que estão ligados ao pecado, sentimentos horríveis, como a cegueira moral, a covardia, o ódio e a crueldade? Porque é que Ele saiu do reino do imaterial, revestiu a forma material, e permitiu que a Inocência fosse crucificada num madeiro?

Jesus, que amou os homens até a ponto de morrer por eles, permitiu que o pecado exercesse a sua vingança sobre Ele, para mostrar todo o horror representado pela crucifixão de Aquele que mais amava. Aqui, não há, portanto, negação do pecado; a despeito de toda a monstruosidade que ele representa, a Vítima perdoa. A morte de Jesus revela a suprema depravação do pecado, mas tem também a marca de perdão divino. Sendo assim, não há homem que, olhando para um crucifixo, possa afirmar que o pecado não uma coisa grave, nem também possa asseverar que ele não tem perdão.


Pela maneira como sofreu, Jesus revelou a realidade do pecado. Pela maneira como suportou os seus tormentos, Ele revela a Sua compaixão pelo pecador. Ele é a Vítima que sofreu e perdoa. Assim na Vítima, tão humanamente bela, tão divinamente adorável, qualquer de nós pode recordar um Grande Crime e um Grande Perdão. Sob o escudo, que é o sangue de Cristo, podem abrigar-se os maiores pecadores, pois esse sangue tem o poder de sustar as marés da vingança que ameaçam submergir o mundo.

O mundo pode explicar o pecado à sua maneira e desculpá-lo; só, no Calvário, podemos encontrar o perfeito conhecimento da divina contradição do pecado perdoado. A renúncia voluntária e o divino amor transformam o pecado na ação mais nobre e na mais suave e piedosa súplica que o mundo jamais viu e ouviu – a Confissão de Cristo: "Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”.

Aquela palavra “perdoai”, que soou do alto da Cruz naquele dia em que o pecado se ergueu a toda a altura e com toda a sua força, para ser vencido pelo Amor, produziu um eco que ainda não se extinguiu.

Pouco antes da Sua Morte, o Divino Salvador instituía os meios para prolongar o perdão, através do espaço e do tempo, até ao fim do mundo. Reunindo à Sua volta os membros da Sua Igreja, Ele disse aos Seus Apóstolos: “Aquele a quem perdoardes os pecados serão perdoados”. Em qualquer ponto do mundo dos nossos dias, desde então, os sucessores dos Apóstolos têm o poder de perdoar. Não nos cabe perguntar:

Mas, como pode um homem absolver os pecados, se, realmente, um homem não tem esse poder? É Deus quem perdoa, por intermédio do homem. Pois não foi essa a maneira como Ele perdoou àqueles que o pregaram na Cruz, visto que estava revestido da natureza humana? Não será, pois, razoável esperar que Ele nos perdoe os pecados por intermédio de outras naturezas humanas, às quais Ele conferiu esse poder?

E onde encontraremos essas naturezas humanas? Lembro, a propósito, a história daquela caixa, cujo conteúdo fora durante muito tempo ignorado e até ridicularizado pela sua provável insignificância, até ao dia em que foi aberta e se descobriu que encerrava o coração de um gigante. Esse caixa existe em todas as igrejas católicas, e damos-lhe o nome de confessionário. Alguns ignoram-na, ou escarnecem-na; mas a verdade é que nela se contém o Sagrado Coração de Jesus que perdoa aos pecadores, por meio da mão do sacerdote que se ergue, tal como Ele perdoou, quando as Suas mãos se ergueram e foram pregadas nos braços da Cruz.

Na realidade, existe apenas o perdão de Deus. A exclamação “Perdoai-lhes”, foi proferida uma vez – num ato divino e eterno, com o qual a humanidade entrou em contacto através dos tempos. Assim como não podemos ouvir as melodias e palavras que pairam no ar, a não ser que liguemos os rádio-receptores, também as nossas almas só podem sentir a alegria eterna da divina exclamação “Perdoai-lhes”, acorrendo ao confessionário, onde nos será dado ouvir a divina palavra soltada do alto da Cruz.

Deus deseja que, em vez de negar a culpa, o espírito dos nossos dias a admita, olhe para a Cruz, em busca do perdão; Deus quer que as consciências desassossegadas, que não podem encarar a luz e receiam as trevas, procurem alívio, não no domínio da medicina, mas sim na Divina Justiça.

Aqueles cujos espíritos estão imersos nas sombras, devem recorrer à confissão, único meio de expurgar as suas culpas. Em vez de enxugar as suas lágrimas em silêncio, os pobres mortais devem procurar a mão que lhes enxugue o pranto e os absolva. A maior tragédia da vida humana não é, precisamente, aquilo que às almas acontece, mas sim aquilo que lhes falta.

E haverá maior tragédia do que a falta de paz, provocada pelo estado de pecado, cuja absolvição se não procura?

A confissão, proferida aos pés do altar, é uma declaração da nossa ausência de merecimento: o “Confiteor” da Cruz é a nossa esperança de perdão e absolvição. As feridas do Salvador foram terríveis; a pior de todas, porém, será aquela que for infligida pelas nossas culpas.

O “Confiteor” pode salvar-nos, pois, quando o pronunciamos, admitimos que carecemos de perdão, e muito mais do que podemos supor.

Conta-se que certa religiosa, estando um dia a limpar do pó uma pequena imagem do Salvador, a deixou cair. Apanhou-a, intacta, beijou-a e colocou-a no seu lugar, dizendo: “Se não tivésseis caído, não teríeis recebido este ósculo”. Penso, a propósito, se Deus Nosso Senhor seria para nós o que é, se jamais tivéssemos pecado, pois, se assim fosse, não poderíamos chamar-Lhe “Salvador”.

(O Calvário e a Missa- Bispo Fulton J.Sheen – 1ª Parte)

PS: Grifos meus

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Feministas X Lar Cristão



(Algumas frases retiradas do livro: Mística feminina - Betty Friedan -Marxista feminina - grifos meus)

"Estaria o problema sem nome de certo modo relacionado com rotina doméstica da dona de casa? Quando uma mulher tentava expressá-lo, limitava-se muitas vezes a descrever sua vida diária. Que haveria nessa récita de confortáveis detalhes domésticos capaz de causar tal desespero? Sentir-se-ia prisioneira simplesmente por causa das imensas exigências de seu papel de dona de casa moderna: esposa, amante, mãe, compradora, cozinheira, motorista, enfermeira, educadora, consertadora de utensílios domésticos, decoradora, nutricionista?

Seu dia é fragmentado entre a máquina de lavar pratos e a de lavar roupa, o telefonema para a tinturaria, a ida ao supermercado, a entrega de Johnny ao grêmio esportivo, de Janey à aula de dança, o conserto do cortador de grama e a espera do trem das 6,45. Nunca pode passar mais de quinze minutos fazendo qualquer coisa. Não dispõe de tempo para ler livros, somente revistas. Mesmo que dispusesse, teria perdido a capacidade de concentração. Ao fim do dia está tão cansada que às vezes o marido a substitui na tarefa de levar as crianças para a cama. Este terrível cansaço levou tantas mulheres ao médico na década de 50 que um deles resolveu investigar. E descobriu, surpreendido, que suas pacientes, queixando-se de «fadiga de dona de casa»" (Pág 28)
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"Contudo, permanece o fato de vivermos no mundo das realidades, do presente e do futuro imediatos, onde repousa a pesada mão do passado, um mundo onde a tradição ainda tem valor e os costumes exercem uma influência mais forte do que o teorista... um mundo onde a maioria dos homens e das mulheres casam e a maioria das casadas são donas de casa. Falar sobre o que poderia ser feito se a tradição e os costumes fossem radicalmente mudados, ou o que sucederá no ano 2000 pode ser um interessante exercício mental, mas não ajuda os jovens de hoje a ajustar-se à inevitabilidade da vida, ou a erguer seu casamento a um plano mais satisfatório." (pág. 111)
 
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"Mas Parsons avisa: E' possível, naturalmente, à mulher adulta seguir o padrão masculino procurando uma profissão nos campos de realização ocupacional, em direta competição com os homens de sua classe. Contudo, nota-se que, apesar da grande emancipação da mulher, que a afasta dos tradicionais padrões domésticos, somente uma pequena fração evoluiu, de fato, neste sentido. E' claro também que sua generalização somente seria possível com PROUNDAS ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DA FAMÍLIA." (pág 114)
 
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"Em vários casos, porém, as mulheres que interroguei encaixavam-se de fato na nova imagem feminina: quatro, cinco ou seis filhos, faziam pão, ajudavam a construir sua casa com as próprias mãos, costuravam a roupa das crianças. Não haviam sonhado com carreiras, não tinham visões de um mundo mais amplo que o lar; toda a sua energia concentrava-se na vida doméstica; sua única ambição, seu único sonho já realizado. Mas seriam mulheres satisfeitas?"(pág 201)
 
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"As feministas viram claramente que a educação e o direito de participar do trabalho mais avançado da sociedade eram os principais impulsos da mulher. Lutaram e conquistaram o direito a uma personalidade nova e plenamente humana. Mas poucas de suas filhas e netas decidiram usar de sua cultura e capacidade para um objetivo criador mais amplo, uma tarefa responsável na sociedade. Quantas foram enganadas, ou enganaram a si mesmas, transformando-se em figuras infantis, que se definiam com «Ocupação — dona de casa»? Não foi uma questão sem importância essa escolha errónea. Sabemos agora que existe a mesma gama de potencialidade para o homem e a mulher. Tanto ela como êle só se encontram pelo trabalho que utilize toda a sua capacidade. A mulher não pode encontrar-se por intermédio do marido e dos filhos, nem da tediosa rotina das tarefas domésticas."(pág 287)
 
(Mística feminina - Betty Friedan - Marxista feminina)

Ver também:
- "Emancipação" da mulher - Condenado pelo Cristianismo
- Mulher e os trabalhos manuais - Mons Landriot
- Mulher e os trabalhos intelectuais - Mons Landriot

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A beleza na diferença - família


Deus criou o primeiro casal humano: um homem e uma mulher. O homem e a mulher são dois seres completos em si mesmos, e, no entanto, devem-se completar um ao outro. Nos dois sexos o Criador realizou conjuntamente, de modo completo, a idéia de "homem". Cada sexo tem o seu caráter peculiar, porém o homem e a mulher, completando-se mutuamente, dão a idéia completa de "homem".

O cunho característico do homem é o trabalho criador que reclama coragem e atividade. A sua vontade é forte, o seu caráter firme, perseverante nas resoluções. Ele se enche de alegria quando pode afrontar vitoriosamente, com fronte dura como o granito, as mil tempestades do combate da vida.


A mulher seria esmagada na luta contínua pela vida.

O terreno melhor para ela é o doce ninho da família, onde com amor inexaurível e com dedicação incessante, cuida do lar, dos filhos, e desenruga com um sorriso os traços severos do esposo que entra após o trabalho penoso. A sua força criadora não é tão elevada quanto a do homem, mas são maiores a sua paciência e a sua perseverança.

Deus realizou para a humanidade o mais belo ideal, criando dois sexos. Fundou sobre a diferença dos sexos o encanto inesgotável da vida familiar, o amor do esposo e dos filhos, e mesmo, em parte, o amor dos pais. São, pois, precisos no mundo o homem e a mulher. Faz-se mister a força do homem ao lado da ternura da mulher. É necessária a energia ardente do homem ao lado da ternura da mulher. É indispensável a energia ardente do homem ao lado do amor, da beleza e da sensibilidade mais profunda da mulher. Os dois sexos são inseparavelmente feitos um para o outro. Foi por isso que o Criador colocou a primeira mulher ao lado do primeiro homem, e fundou desde o começo da humanidade a primeira família.

(O brilho da mocidade - Dom Tihaner Toth, págs. 12 e 13)

PS: grifos meus

Oração pelas Almas do Purgatório


Oração pelas Almas do Purgatório (do Venerável Martinho de Cochem [+1712] )

Ó Pai de toda misericórdia, tende piedade das almas benditas do Purgatório.
Ó piedosíssimo Redentor do mundo, Jesus Cristo, livrai as almas do Purgatório de seus tormentos.
Espírito Santo, Deus de todo amor, livrai as almas dos fiéis defuntos de suas grandes penas.
Virgem Maria, cheia de graça, Mãe de misericórdia, alcançai às almas perdão e misericórdia.
Todos os Anjos, visitai-as e consolai-as no seu cárcere!

Todos os Santos e Bem-aventurados no Céu, rogai pelas almas do Purgatório que tanto sofrem.
Prostrai-Vos todos diante do trono de Deus, pedindo perdão e misericórdia por elas.
Ó Deus, atendei às súplicas dos Vossos Santos e livrai as almas que tanto sofrem no fogo do Purgatório.
Eu clamo juntamente com eles a Vós, Senhor: olhai propício para o Purgatório, e lembrai-Vos de Vossa piedade e misericórdia.

Oh! Quanto são terríveis as chamas do Purgatório! Quão cruéis as dores que lá as almas sofrem!
Pela Paixão e Morte de Jesus Cristo, tende piedade delas, ó Pai de misericórdia, ó Deus de toda consolação!
Eu Vos ofereço, para purificação das almas dos fiéis defuntos, as lágrimas de Jesus, e para alívio de suas penas e dores Vos ofereço o preciosíssimo Sangue do Vosso divino Filho.

Eu Vos ofereço, para expiação de suas culpas, os tormentos que Jesus sofreu na cruz, e para perdão de seus pecados todos os horrores que o mesmo Jesus padeceu na Sua agonia.
Eu Vos ofereço, para seu livramento, todas as santas Missas e o sagrado Corpo e o precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que está presente sobre os nossos altares.

Ó meu Deus, Pai de misericórdia, aceitai propício este oferecimento, e salvai as almas do Purgatório, pelo amor de Maria Santíssima, e sobretudo pelo amor de Jesus Cristo, Vosso divino Filho, Nosso Senhor. Amém.

Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno,
Entre os resplendores da luz perpétua.
Descansem em paz. Amém.

(Esta oração foi extraída da obra: “Adoremus: Manual de Orações e Exercícios Piedosos”, de Dom Eduardo Herberhold, O. F. M., bispo titular de Hermópolis Magna e Prelado-coadjutor de Santarem, XV Edição, Bahia, 1929, página 319)

PS: Oração recebida por e-mail

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Autoridade do homem: Proteção para a família


O homem possui um sentimento de força e de poder que o leva a proteger aquela que ama e, nela, o filho que ela concebeu. Ele controla a natureza emotiva e medrosa da mulher contra as angústias da maternidade, faz nascer nela confiança que lhe permite aceitar sem receio os encargos e canseiras do estado maternal.

Feito para o trabalho, o homem sabe-se obrigado a levar para o lar tudo quanto é necessário para a subsistência dos seus; ele tem a previdência de um rei que vela pelas diversas necessidades de seus súditos. Sua inteligência, calma e senhora de si mesma, não se deixa obscurecer pelos incidendes e pelas dificuldades da vida quotidiana. Vê ao longe, calculando os meios de prevenir os fins, evitando escolhos e saltando os obstáculos que se antepõem. Sua consciência não se deixa pertubar pelo sentimentalismo, porque deve permanecer como farol que ilumina a rota e conduz os membros da família para o porto seguro, isto é, para Deus e para a perfeição. Ele é senhor que dirige, sustenta, encoraja e esclarece.

A mulher possui qualidades complementares das do homem. Ela sente necessidade de dar sua ternura para adoçar a rudeza e as dificuldades do trabalho masculino. É emotiva e sensível afim de melhor penetrar as nuances do amor e de descartar-se de tudo quanto possa corrompê-lo ou diminui-lo. Todo o seu ser aspira completar-se e realizar-se no filho que deseja. Ela se dá, antecipadamente e inteiramente àquele que nascerá de sua carne e de seu sangue...

(O Casamento - Cônego Jean Viollet)
PS: Grifos meus

Os mártires e o Céu


O pensamento dos fiéis das primeiras gerações cristãs estava dirigido para a vida futura de uma forma mais geral e mais constante do que pensamos. Eles viviam em uma espécie de familiaridade com esse Além misterioso, do qual as almas piedosas fazem ainda o essencial de suas meditações. A crença e a esperança no Céu tem sido um estímulo poderoso para a prática da virtude, sobretudo em situações difíceis ou mesmo trágicas, em que se necessita de uma coragem heróica. Era, com efeito, o pensamento da recompensa eterna, a esperança que sustentava os cristãos conduzidos ao suplício.

O Pe. François Cuttaz escreve, com muito propósito sobre o exemplo dos mártires:

Não se pode deixar de ficar admirado quando se lêem as Atas dos Mártires, do lugar considerável que nelas ocupa o pensamento do Céu. Entre os cristãos dos primeiros, a crença geral era que os mártires iam diretamente unir-se a Cristo. E os fiéis, para encorajar seus irmãos a não fraquejarem, não temiam fazer valer a seus olhos esse prêmio magnífico de seu combate."

"Ó mártires benditos, escreve Tertuliano, os sofrimentos que vos esperam são bem pouca coisa diante da glória celeste e da divina recompensa que eles vos alcançam." (Ad Martyres, ep. 4, PL 1,626). E São Cipriano: "A morte dos justos é preciosa aos olhos de Deus; sim preciosa, uma vez que compra a imortalidade ao preço de sangue." (Epist. 10, ad martyres confessores, 2,3)

O primeiro mártir cristão, Santo Estevão, exclamava enquanto os judeus o lapidavam: “Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus... Senhor Jesus recebe o meu espírito.” (At 7,56-59) Santo Inácio de Antioquia, conduzido ao martírio, pedia aos cristãos de Roma: “Deixai-me ser o alimento das feras pelas quais me será dado gozar de Deus... Caiam sobre mim os suplícios do demônio desde que eu goze de Jesus Cristo... Fazei-me a graça, irmãos, não me priveis da verdadeira vida... Deixai-me receber a pura luz; é quando chegar lá que eu serei verdadeiramente homem.”

Santa Felicidade assim exortava seus filhos a suportarem os tormentos do martírio: “Levantai os olhos, meus filhos, olhai o Céu, Jesus Cristo vos espera com os Santos”.A mãe de São Sinforiano exortou nos mesmos termos seus filhos ao martírio: “Hoje, filhos, migrareis para a felicidade da vida eterna”.

O primeiro filósofo cristão, São Justino, perguntado ironicamente pelo prefeito Rusticus: “Se eu te fizer flagelar e decapitar, pensas que irás ao Céu?”, respondeu: “Eu não penso, eu o sei”. Do mesmo modo o mártir Evipode respondeu a seus juízes: “Que me importa o gênero de morte, desde que eu suba ao Céu junto Daquele que me criou?”.

Na Paixão dos Santos Tiago, Mariani e outros muitos mártires da Numídia, é narrado que na véspera do martírio desses santos apareceu um mártir sentado em meio a alegre banquete, que lhes disse: “Alegrai-vos: amanhã vós estareis conosco, entre os convivas deste festim.”

Verdade de fé
Os dogmas sobre o Céu são atestados pelos Símbolos de Fé: Símbolo dos Apóstolos, de Nicéia, de Santo Atanásio. As heresias opostas à existência do Céu foram condenadas pelos papas Bento XII (1336), Clemente V (1311) e São Pio V (1567). A Igreja definiu como dogma de fé a existência e a eternidade do Céu. Eis aqui algumas declarações dogmáticas:

2º Concílio de Lião (1274):As almas, depois de recebido o sagrado Batismo, não incorreram em manha alguma de pecado, e também aquelas, que depois de contraída, se purificaram enquanto permaneciam em seus corpos ou depois de se desprender deles [no Purgatório], são recebidas imediatamente no Céu”.
Bento XII (1336):Por esta constituição, que há de valer para sempre, declaramos que as almas de todos os santos que saíram deste mundo... estiveram, estão e estarão no Céu... onde são verdadeiramente bem-aventuradas e têm vida e descanso eterno”.

Vemos assim que a existência do Céu, não somente está de acordo com a razão e a Tradição, mas é uma das verdades mais presentes nas Escrituras, assim como nos monumentos da Antiguidade cristã. Foi ainda definida como dogma de Fé pela Igreja.

(O Céu – Esperança de Nossas Almas - Gustavo Antônio Solimeo)

sábado, 24 de outubro de 2009

Leitura perigosa e a indigestão


“Nossa mocidade feminina lê muito. Lê por ocupação e lê por distração. Num e noutro caso a leitura exerce uma influência considerável em sua vida. Que o alimento influa no organismo e na saúde, ninguém o contesta. Muita moça, de saúde fraca, vê-se constrangida a seguir uma dieta. Ou então, a que é de boa saúde, tem lá um ou outro alimento que a prejudica. Os livros senhorita, apresentam-nos idéias.

Os capítulos são os vários pratos de um banquete. As idéias entram pela inteligência como o pão desce ao estômago, transubstanciam-se em nós, mudam-se em nós, correm pelo sangue ‘da alma’, dão-lhe vitalidade própria e colorido especial. Uma boa leitura é suficiente para vigorar a alma, como uma sadia refeição basta para retribuir as forças depauperadas. Mas na hipótese de uma alimentação malsã ou de uma deficiente digestão, ou no caso de não possuírem os alimentos a necessária força nutritiva, que acontecerá?

Depois de algum tempo o organismo se enfraquece, o sangue depaupera-se, a saúde torna-se fraca e o indivíduo anda sem energia para o trabalho. E no caso de haver algum veneno no alimento? Sendo um tóxico ativo, a morte é instantânea; sendo de lenta atuação, o envenenamento será progressivo e a morte chega devagar, mas sem falta.”(Mons.Landriot)

Por isso é uma verdadeira aventura de mau gosto pegar a moça qualquer livro e lê-lo. Só porque ele vem recomendado por uma amiguinha, ou muito falado, não deixa de ser alimento, sobre o qual é necessário estar bem informada. Que pena não ter muita moça o mesmo “luxo” para ler, como o tem para comer!

Na comida repara em tudo, de tudo tem medo, indaga “das misturas que podem fazer mal”. Mas não é de seu uso tal luxo em se tratando dos pratos para o espírito, dos livros. O manjar de fino gosto, apresentado pela fé, não é apreciado, porque a tal leitora tem um paladar estragado. Estragaram-no as leituras de... todos os temperos.

(Audi Filia - Pe. Geraldo Pires de Souza)

PS: grifos meus

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O que as mulheres, devem aprender!

"Sede firmes desde o início..." ver aqui


"Considerai os corvos: não semeiam nem colhem, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves?” (Lucas 12:24).


"A menor deslealdade de vossa parte, não somente seria a ruína de vossa autoridade moral, senão a porta aberta a todas as deformações de consciência." ver aqui

"O título de mãe é fruto do sofrimento. Deus assim o quis."
ver aqui



"Ahora bien, toda familia es una sociedad de vida; toda sociedad bien ordenada requiere un jefe; toda potestad de jefe proviene de Dios. Por eso también la familia fundada por vosotros tiene un jefe investido por Dios" ver aqui


"Tende o sumo cuidado de formar caracteres, isto é, homens corajosos e enérgicos. Acostumai vossos rapazes a não se lastimar" ver aqui



"É nos primeiros meses que a criança - que registra muito mais do que se pensa - pode receber a feliz influência da mamãe rezando ao pé do seu berço. A criança, olhando apenas, imitará por si mesma os gestos da mãe e aprenderá assim, pouco a pouco, a juntar as mãos ... " ver aqui


"Na família numerosa, a criança, por ser obrigada a prestar serviços à comunidade, forma-se, naturalmente, no esquecimento de si e na generosidade. Enquanto que, sendo única, torna-se propensa no egoísmo por ser, sempre servida, sem jamais ter de pensar nos outros." ver aqui



"Quanto à mulher, não há por que recusar-se a esta submissão, tão natural e elevada, tão delicada e necessária. Nada tem de humilhante um regime que acautela por inteiro a dignidade da pessoa e mantém inviolável o santuário da consciência." ver aqui

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Como é falha hoje a educação para o sacrifício



Como é falha hoje a educação para o sacrifício. Em casa faz-se toda a vontade da criança. Seus caprichos, suas veleidades, suas teimas, seus egoísmos estúpidos são respeitados, consultados, satisfeitos. Cresce a pobrezinha fazendo de sua pequena pessoa o centro do mundo, erguendo suas alegrias sobre os pesares de outros. A si mesma não sabe negar-se nada. Precisa ter tudo ... há de ir a todas as festas, a todos os passeios, a todos os teatros que eles preferem. Aos milhares andam por aí esses infelizes.

Por fora muito riquinhos e cuidados, mas pobres e descontentes por dentro. Ao erro da educação ajunta-se a correnteza de fora. Vivemos numa época onde o prazer vale mais que o pão. Grande números de meninas só pensam em festas, em passeios, em flirts, em prazeres e toilettes.

... Entretanto, urge possuir o espírito de sacrifício. O grande segredo da ventura conjugal está no dom de si mesmo. Mas este dom supõe abnegação, requer que a moça saiba e possa renunciar às preocupações pessoais, às liberdades, aos próprios cômodos, para concentrar-se no bem e contentamento daqueles que ama. Já sabemos de uma importante verdade; que as qualidades futuras não se improvisam. Antes, pelo contrário, os egoísmos da moça solteira acompanham-na ao lar de amanhã. Para praticar o sacrifício dê a leitora largas ao seu seu instinto de maternidade. Está aí o mais belo traço deixado pelo Criador na alma da mulher.

É no seio da família que floresce esse espírito de sacrifício e aí deve ser exercitado nos pequenos cuidados para com os seres que se aquecem no mesmo sol do amor familiar.

... Queremos mais uma coisa. Todo sentimento natural está sujeito ao resfriamento, quando não se apóia na religião. A leitora piedosa sabe que o centro da religião está no fato de haver um Deus amado os homens e por eles ter dado sua vida e seus méritos, para torná-los dignos de uma felicidade sem fim. Por isso procure tirar das graças dos sacramentos, da oração, da reflexão cristã, a perseverança e a clareza para seu espírito de sacrifício. Nada melhor do que unir os sacrifícios de cada dia ao grande Sacrifício da Missa.

(Escolha do futuro - Pe. Geraldo Pires de Souza)
Grifos meus

Educação do caráter

Para ser cristão de caráter, é necessário adquirir, além das virtudes naturais próprias do homem de bem, as virtudes sobrenaturais ... ao humano dos nossos atos, é preciso acrescentar o divino.

As virtudes sobrenaturais são, com efeito, divinas; tanto na origem como no desenvolvimento e nos efeitos. Só Deus no-las dá, ao conceder-nos a graça; só Ele as aumenta, na proporção dos nosso méritos; finalmente, fazem de nós filhos de Deus. Apesar de divinas, as virtudes sobrenaturais não deixam de ser condicionadas no exercício pela aquisição e pelo desenvolvimento das virtudes naturais correspondentes.

Imaginemos duas basílicas superpostas nas quais a abóbada de uma serviria de adro para a outra; sem dúvida, enquanto uma tem a base na terra, a flecha da outra perde-se no céu. A beleza da segunda basílica está confiada à solidez da primeira; suprima-se a primeira e a outra será destruída. O mesmo se dá com as virtudes sobrenaturais em relação às naturais. Na verdade são virtudes divinas de poder maravilhoso, mas para sua plena expansão precisam do apoio das virtudes naturais.

Queremos ser cristãos de caráter?
Comecemos por ser homens de bem.

(A educação do caráter - Pe. Gillet)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Calvário e a Missa



O púlpito, onde as palavras de Jesus são repetidas, não nos une a Ele; o coro, no qual os suaves sentimentos são cantados, não nos aproxima tanto da Sua Cruz. Um templo sem altar de sacrifício não existiu entre os próprios povos primitivos, e nada significa entre os cristãos. Na Igreja Católica é, pois, o altar, e não o púlpito, ou o coro, ou o órgão, que representa o centro de amizade, pois é ali que se renova a memória da Paixão.

... A Missa é o maior acontecimento da história da humanidade: o único Ato sagrado que afasta a ira de Deus de um mundo pecador, porque eleva a Cruz entre a terra e o Céu, renovando assim aquele decisivo momento em que a nossa triste e trágica humanidade viu desenrolar-se na sua frente o caminho para a plenitude da vida sobrenatural.

... Não é possível fugirmos à cruz, a não ser que façamos o que fizeram os Fariseus ou vendendo Cristo, como o fez Judas, ou crucificando-O, tal como fizeram os seus carrascos. Todos nós vemos a Cruz, quer para abraçá-la, para nos salvarmos, quer fugindo dela, para nos perdermos.

Como é, porém, que a cruz se torne visível?
Como se perpetuou e renovou o cenário do Calvário?

No Santo Sacrifício da Missa, porque, quer no Calvário, quer durante o Santo Sacrifício, o Sacerdote e a Vítima são os mesmos. As sete palavras derradeiras são idênticas às sete partes da Missa. Assim como as sete notas musicais comportam uma infinita variedade de harmonias e combinações, também na Cruz há sete notas divinas que o Cristo moribundo fez soar através dos séculos e que, no seu conjunto, constituem a sublime melodia da Redenção do mundo.

Cada palavra é uma parte da Missa.

A primeira, "Perdoai-lhes", representa o Confiteor; a segunda, "Hoje estarás comigo no paraíso", é o Ofertório; a terceira, "Mulher, eis aqui o teu filho", é o Sanctus; a quarta, "Por que me abandonaste?", é a Consagração; a quinta. "Tenho Sede", é a Santa Comunhão; a sexta, "Tudo está consumado", é o "Ite missa est"; a sétima, "Pai, nas Vossas mãos entrego o Meu espírito", é o Último Evangelho.

Representai, pois, na vossa idéia, o Sumo Sacerdote, Cristo, saindo da sacristia do Céu para o altar do Calvário. Ele já se revestiu da nossa natureza humana, colocou no braço o manípulo do nosso sofrimento, a estola do sacerdote, a casula da Cruz. O Calvário é a Sua Catedral; a rocha do Calvário é a pedra do altar; o rubor do sol poente a lâmpada do Santuário; Maria e João são as imagens vivas dos altares laterais; a Hóstia é o Corpo de Jesus; o vinho o Seu sangue. Ele está de pé, como sacerdote, e prostrado, como vítima.

A Sua Missa vai começar.

(O Calvário e a Missa - Arcebispo Fulton J.Sheen)

PS: Grifos meus

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Doçura e justiça de Deus

Sendo tanta a doçura do amabilíssimo Jesus, nem por isso deixa de se temperar com o austero de sua justiça. Por isso disse Davi: Dulcis et rectus Dominus - doce e reto é o Senhor.

Doce (expende elegantemente Hugo Cardeal), dando de graça;
reto pedindo conta do que deu.
Doce, porque não consente a nossa ruína;
reto, porque não se esquece do nosso castigo.
Doce, porque no carinho é nossa mãe;
reto, porque no ensino é nosso pai.
Doce, porque é esposo;
reto, porque é Senhor.
Doce, para o afeto;
reto para o entendimento.
Doce, porque é nossa vida;
reto, porque é nosso caminho.

Tomás Ânglico acrescenta:

Doce no Sacramento da Eucaristia;
reto no da Penitência.

Importa, pois, (diz Ludolfo) que o amemos, pois é tão doce; que o temamos, pois é tão reto:
Ama quod dulcis est; time quod rectus esta.

(As mais belas páginas de Bernardes -- Pe. Manoel Bernardes -- pág 165)

Valiosa e grande responsabilidade: autoridade dos pais


"Foi dos vossos pais e de Deus que recebi o direito de vos educar; mas este direito receberam-no os vossos pais de Deus e de Deus somente. A nossa autoridade sobre vós é passageira; dentro em breve, apenas nos ficará a do nosso afeto e de vosso reconhecimento, ao passo que a autoridade dos vossos pais é inalienável. Nós podemos deixar de nos consagrar à vossa educação; mas eles devem ensinar-vos até os derradeiros dias, e vós devereis ouvi-los sempre com respeito, até o fim.

Numa palavra, aqui mesmo, em todo o curso da nossa educação, os vossos pais são os primeiros educadores; e, se receberdes com docilidade os nossos ensinamentos, os vossos pais serão sempre, em toda a vossa vida, os vossos preceptores mais venerados e mais queridos.

Foi por estar tão convencido destes princípios que, um dia, julguei do meu dever expulsar do Seminário Pequeno de Paris um jovem, de quem eu era amigo e que sempre me estimara e respeitava, mas que, no mesmo ano, faltou duas vezes, e gravemente, ao respeito a sua mãe. Não o podendo corrigir, não me julguei no direito de continuar a sua educação."

(Mgr. Dupanloup - Da educação, t.II, p. 164)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Novena de Santa Filomena

Oração a Santa Filomena (oração inicial - todos os dias)

Ó gloriosa Virgem Mártir, que tão amada fostes por Deus, Santa Filomena, eu me regozijo convosco pelo grande poder que Deus vos conferiu para glorificação do seu Santo Nome, para a edificação da Igreja e para honrar os méritos da vossa vida e da vossa morte. Alegro-me ao ver-vos tão grande, tão pura, tão generosa, tão fiel a Cristo e ao seu Evangelho, tão magnificamente recompensada por Ele no Céu e na Terra.

Atraído(a) pelos vossos exemplos à prática de sólidas virtudes e cheio(a) de esperança à vista das recompensas concedidas aos vossos merecimentos, eu me proponho imitar-vos pela fuga do mal e pelo perfeito cumprimento dos mandamentos de Deus.

Ajudai-me pois, grande Santa, com a vossa poderosa intercessão. Alcançai-me sobretudo, uma pureza inviolável, uma fortaleza capaz de resistir a todas as tentações, uma generosidade que não recuse a Deus, nenhum sacrifício e um amor forte como a morte pela fé em Jesus Cristo, pela Santa Igreja Romana, pelo Supremo Pontífice, pai comum de todos os fiéis.

Eu vos saúdo, ó inocente Filomena, que por amor de Jesus, conservastes imaculado o lírio da virgindade.
Eu vos saúdo, ó ilustre Filomena, que vertestes tão generosamente o vosso sangue em defesa da fé.
Eu vos saúdo, ó celeste Filomena;  Arca de salvação, que operastes tantos e tão grandes prodígios.
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Meditação para o 1º. dia
1- Considerai que Santa Filomena foi Virgem... Virgem em meio ao mundo... Virgem não obstante a perseguição... Virgem até a morte... Que modelo! Posso contemplá-la sem confusão?...Qual será o remédio?...
2- Humilhai-vos muitas vezes pelo que vos confundiu, considerando a sua pureza virginal.
3- Assisti à Santa Missa em sua honra e visitai uma imagem sua, se vos for fácil.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 2º. dia
1- Considerai que Santa Filomena foi e não deixou de ser Virgem... Porque soube mortificar os corruptos desejos da carne... conservar, no uso dos sentidos, a modéstia em Jesus Cristo... conservar-se afastada de um mundo enganador e das ocasiões perigosas... Será que a imitastes em tudo isso? Quais as fontes das vossas tentações... das vossas fraquezas... das vossas inquietações... das vossas quedas... Procurai analisá-las.
2- Fugi do que vos causou dano, praticai o que tivestes a desgraça de negligenciar relativamente à castidade.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 3º. dia
1- Considerai que Santa Filomena conservou e aumentou o amor pela virgindade com a oração, fonte abundante da vida sobrenatural... com os Sacramentos, pelos quais a alma se lava no Sangue de Jesus Cristo e se alimenta com o Sagrado Corpo, germe divino da virgindade cristã... com a lembrança de que seus membros eram os membros do Corpo de Jesus Cristo e de que seu corpo era templo do Espírito Santo... Não tendes porventura os mesmos meios?... Que uso deles fazeis?...
2- Redobrai de fervor em todas as vossas orações... Dizei de quando em quando a vós mesmos: meus membros são os de Jesus Cristo... o templo do Espírito Santo.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 4º. dia
1- Considerai que Santa Filomena foi Mártir... que teve de sofrer... sofrer muito... sofrer até a morte, e que mostrou nesses tormentos uma insuperável paciência... Estão em vós indissoluvelmente ligados o sofrimento e a paciência... Muitas vezes tendes que sofrer... que sofrer pouco... jamais que morrer em conseqüência. Donde provém tanta debilidade?... Não quereis talvez dar-lhe remédio?... Que meios escolheis portanto?
2- Sofrer com paciência as poucas dores, contrariedades e penas que aprouver ao Senhor enviar-nos neste dia.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 5º. dia
1- Considerai que Santa Filomena sofreu o martírio por Jesus Cristo... Queriam arrebatar-lhe a fé... queriam fazer com que violasse os votos de seu Batismo... induzi-la a seguir os exemplos dos idólatras ou dos apóstatas. E que desejam de vós, em tantas ocasiões, o demônio, o mundo, a carne e o vosso próprio coração, senão semelhantes infidelidades?... estas se reduzem à ofensa a Deus... Não são talvez os vãos temores que vos fazem faltar agora aos vossos deveres e trair a vossa fé?... Ó Deus, que vergonhosa tibieza! Recuperai finalmente a coragem.
2- Vencei algum respeito humano... Dizei de quando em quando a vós mesmos: É melhor agradar a Deus que aos homens.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 6º. dia
1- Considerai que Santa Filomena, morrendo por Jesus Cristo, teve de pôr em prática esta máxima do Salvador: "Aquele que ama mais o pai, a mãe, o filho ou a filha e a própria vida que a Mim, não é digno de Mim" (Mt 10,38-39)... Ela não hesitou... Tudo sacrificou, conquanto o sangue e a natureza erguessem a sua voz; em ocasiões menos difíceis, mostrar-nos-íamos dignos de Cristo? Se nos aparecer alguma vez uma escolha entre Deus e as criaturas, entre a graça e a natureza, entre o amor de Deus e as afeições às criaturas, a quem daremos a preferência?... Oh!, não mais desçamos no futuro, da nossa dignidade de filhos de Deus e de discípulos de Jesus Cristo.
2- Esforcemo-nos neste dia por não agradar senão a Deus ou às criaturas somente por Deus.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 7º. dia
1- Considerai que Santa Filomena, morrendo por Jesus Cristo, teve de tolerar as zombarias, os sarcasmos, os ultrajes de seus perseguidores, de seus algozes e da maior parte dos espectadores de seu suplício... Ela não foi menos generosa, menos constante, menos alegre na confissão pública de sua fé... Se o mundo vos der a beber em semelhante cálice, tereis bastante coragem para tragar-lhe a amargura com iguais sentimentos? Oh!, que importam as suas burlas, os seus desprezos, as suas mais injustas e mais sanguinolentas perseguições?... Pode jamais ser desonrado aquele que por Deus é honrado? Não temais... Segui o vosso caminho... Ele terminará na posse da glória eterna.
2- Não deixeis que se perturbe o vosso coração se vos disserem alguma palavra desabrida, grosseira, mordaz, ofensiva, etc.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 8º. dia
1- Considerai que Santa Filomena, morrendo por amor de Jesus Cristo a todas as coisas deste mundo abjeto, entrou no gozo da vida eterna. Sim, estou certa, dizia em seu coração, de que o Supremo Juiz me concederá, em troca dos bens passageiros que sacrifico por Seu amor, a coroa de justiça que me prometeu. Ela morre... e ei-la no tabernáculo de Deus, com os Santos a seguir o Cordeiro... São estes os pensamentos que procuro ter quando me acho diante de algum sacrifício?... Que impressão causam a minha alma os sacrifícios? Para que lado fazem cair a balança?... Ah! Os Santos para tudo possuir, tudo diziam, perdiam tudo... e que direi eu?
2-Façamos neste dia algum sacrifício voluntário... Façamos prontamente e de boa vontade os que estão unidos aos nossos deveres, etc.

(Oração Final e ladaínha)

Meditação para o 9º. dia
1- Considerai que Santa Filomena, depois de tudo haver sacrificado neste miserável mundo por amor a Jesus Cristo, d'Ele recebeu, mesmo neste mundo, mais do cêntuplo de quanto havia dado. Quanta reputação! Quanto poder! Quanta glória! Quanta grandeza humilhada a seus pés! Que numerosa afluência de peregrinos a seus diversos santuários! Quantas festas em sua honra! Que testemunhos de veneração lhe são tributados! Assim exatamente cumpre Deus as suas promessas. Oh!, se com igual fidelidade guardássemos as nossas para com Ele!... Mas privando-O de Sua glória, não viremos talvez a privar-nos também de tantos méritos e favores, seja neste mundo seja no outro?... Coragem, portanto. Sede fiéis, para que Deus o seja convosco.
2- Fazei hoje alguma obra de misericórdia em honra de Santa Filomena. Disponde-vos por uma boa confissão a receber dignamente Nosso Senhor Jesus Cristo.

(Oração Final e ladaínha)
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Oração Final
Ó Deus, que entre os outros milagres do Vosso poder, também ao sexo frágil destes a vitória do martírio, concedei propício que nós, celebrando o natalício de Santa Filomena, Vossa Virgem e Mártir, pelos seus exemplos, cheguemos por ela a Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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Ladainha de Santa Filomena (reza-se depois da Oração final)

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho de Deus, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Trindade Santa, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, Rainha das Virgens, rogai por nós.

Santa Filomena, cheia de abundantes graças desde o berço, rogai por nós.
Santa Filomena, fiel imitadora de Maria, rogai por nós.
Santa Filomena, modelo das Virgens, rogai por nós.
Santa Filomena, templo da mais perfeita humildade, rogai por nós.
Santa Filomena, abrasada no zelo da glória de Deus, rogai por nós.

Santa Filomena, vítima do amor de Jesus, rogai por nós.
Santa Filomena, exemplo de força e de perseverança, rogai por nós.
Santa Filomena, atleta invencível da castidade, rogai por nós.
Santa Filomena, espelho das mais heróicas virtudes, rogai por nós.
Santa Filomena, firme e intrépida em face dos tormentos, rogai por nós.

Santa Filomena, flagelada como o vosso Divino Esposo, rogai por nós.
Santa Filomena, transpassada por uma saraivada de dardos, rogai por nós.
Santa Filomena, consolada pela Mãe de Deus, quando agrilhoada, rogai por nós.
Santa Filomena, milagrosamente curada na prisão, rogai por nós.
Santa Filomena, amaparada pelos Anjos no meio dos tormentos, rogai por nós.

Santa Filomena, que preferistes as humilhações da morte aos esplendores do trono, rogai por nós.
Santa Filomena, que convertestes as testemunhas do vosso martírio, rogai por nós.
Santa Filomena, que cansastes o furor dos algozes, rogai por nós.
Santa Filomena, protetora dos inocentes, rogai por nós.
Santa Filomena, padroeira da juventude, rogai por nós.

Santa Filomena, asilo dos desgraçados, rogai por nós.
Santa Filomena, saúde dos doentes e enfermos, rogai por nós.
Santa Filomena, nova luz da Igreja militante, rogai por nós.
Santa Filomena, que confundia a impiedade do século, rogai por nós.
Santa Filomena, cujo nome é glorioso no Céu e formidável para o inferno, rogai por nós.

Santa Filomena, ilustre pelos mais esplêndidos milagres, rogai por nós.
Santa Filomena, poderosa junto de Deus, rogai por nós.
Santa Filomena, que reinais na glória, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Rogai por nós, Santa Filomena, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oração: Nós Vos suplicamos, Senhor, que nos concedais o perdão dos nossos pecados, pela interecessão de Santa Filomena, Virgem Mártir, que foi sempre agradável aos vossos olhos pela sua eminente castidade e exercício de todas as virtudes. Rogai por nós. Amém

(300 dias de indulgência para cada dia de novena)

domingo, 18 de outubro de 2009

O flagelo romano


"Não tinha presença nem beleza para atrair nossos olhares,
nem aspecto que nos cativasse.
Desprezado e evitado pela gente, homem acostumado a sofrer,
curtido na dor; ao vê-Lo cobriram o rosto;
desprezado, nós o tivemos por nada;

Ele, que suportou nosso sofrimentos e carregou nossas dores,
nós o tivemos como um contagioso,
ferido de Deus e afligido.
Ele, ao contrário, foi trespassado por causa de nossas rebeliões,
triturado por causa de nossos crimes.

Sobre ele descarregou o castigo que nos cura,
e com suas cicatrizes nos curamos.
Todos nós andávamos perdidos como ovelhas,
cada um para o seu lado, e o Senhor fez cair sobre Ele
todos os nossos crimes.

Maltratado, suportava, não abria a boca;
como cordeiro levado ao matadouro,
como ovelha muda diantes do tosquiador,
não abria a boca."
(Isaías 53, 2-6)

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O que é flagelação?

O flagellatio romano, mais conhecido como flagelação, era uma das mais temidas de todas as punições. Um castigo brutal e desumano, usualmente executado pelos soldados romanos, que usavam um dos mais terríveis instrumentos da época, chamado flagrum, ou, nas palavras de Horácio, “o horrível flagelo”. A flagelação era um procedimento normal entre os romanos antes da crucificação. Muitos acham que no açoitamento era usado um chicote comum. De certa forma isso é correto, mas seria como comparar um choque elétrico a um raio.


O flagrum era confeccionado de várias formas, sendo que a mais corriqueira era a de um chicote de couro com três ou até mais extremidades também de couro com bolinhas de metal, ossos de carneiro (astragals) e outros objetos pendurados ao final de cada uma, principalmente em forma de haltere. Esse tipo de flagrum é o mais compatível com as descobertas relativas ao Sudário. As evidências indicam que o flagrum com várias extremidades e suas esferas de chumbo (plumbatae) ou osso era usado principalmente nas crucificações. Em 1709, um exemplar do flagrum romano, com várias extremidades e objetos em forma de haltere, foi encontrado nas escavações em Herculaneum, antiga cidade romana destruída por uma erupção vulcânica em 79 d.C.

Mais raramente, os pesos nas extremidades do flagrum eram pontiagudos e chamados de scorpiones. Havia outros tipos de flagrum; uma cuja estrutura trazia três correntes; outro contendo pequenos objetos em forma de botões e, ainda, uma versão mais rara e sofisticada, com vários pedaços de ferro ou zinco presos intermitentemente, em intervalos, ao longo de cada tira de couro (mostrado no baixo-relevo de uma estátua de Cibele no Museu do Capitólio, em Roma). Um tipo de chicote mais simples, chamados cutica, também era usado.

Como a flagelação era executada?

Embora a flagelação fosse realizada de várias maneiras, a vítima geralmente era despida e presa pelos pulsos a um objeto fixo, como uma coluna rebaixada, forçando-a ficar curvada, o que facilitava o trabalho do carrasco. Um ou mais soldados romanos eram escalados para iniciar o chicoteamento. O soldado ficava de pé ao lado do prisioneiro com o flagrum na mão e, ao receber a ordem, lançava o instrumento de couro para trás das costas, girava o pulso e golpeava as costas nuas do prisioneiro como se fosse um arco.

O peso do metal ou dos objetos feitos de osso nas pontas das tiras de couro atingiam as costas e os braços, os ombros e as pernas, incluindo as panturrilhas. Os pedaços de metal penetravam na carne, rasgando vasos sangüíneos, nervos, músculos e pele. A manobra era repetida ininterruptamente, com os soldados trocando de posição até atingir o número definido de chibatadas.[Dr.Pierre Barbet em sua obra - A paixão de Cristo segundo o cirurgião afirma que no caso do Homem do Sudário, um soldado era menor que o outro devido aos locais das marcas do flagrum]

Os efeitos físicos da flagelação

Você já recebeu um golpe na costela, como um soco ou uma bolada de beisebol? A dor é extremamente intensa e pode durar semanas. A respiração se torna superficial, já que uma inspiração profunda provoca dor. A isso se chama tensão nos músculos. Dormir passa a ser um problema, porque a única posição confortável é deitar-se de costas. Deitar-se do lado do ferimento é muito desconfortável, e, como a estrutura das costelas é interligada, deitar do lado oposto coloca tensão em todo o conjunto, ampliando o desconforto.

Imagine a intensidade da dor se você receber numerosos golpes violentos na costela com o flagrum, como foi descrito antes. Pacientes que se machucam no tórax ou sofrem certos tipos de cirurgia, como a do aparelho urinário, apresentam dificuldade para respirar e são periodicamente obrigados a usar um aparelho chamado espirômetro, para assegurar que os pulmões inflem totalmente e impedir que se contraia pneumonia.

Os efeitos da flagelação fazem o que foi relatado anteriormente parecer apenas uma simples surra. Depois do açoitamento, aparecem no corpo da vítima enormes feridas (com matizes de preto, azul e vermelho), lacerações, arranhões e inchaço, basicamente ao redor das perfurações feitas pelo peso dos objetos ou scorpiones. Sêneca fez referências às “horrendas contusões” nos ombros e no peito. Freqüentemente, as costelas eram perfuradas.[O que não aconteceu com Nosso Senhor, segundo o estudo dos especialistas]

As vítimas esperneavam, se contorciam em agonia, caindo de joelhos, mas eram forçadas a se levantar novamente, até não poder mais. A respiração do açoitado era severamente afetada, porque os golpes no peito causavam dores excruciantes toda vez que ele tentava recuperar o fôlego. Os músculos intercostais, entre as costas e os músculos do peito, apresentavam hemorragia, e os pulmões eram lacerados, freqüentemente colapsados – todos esses fatores impunham à vítima extrema dor quanto tentava respirar.

... O açoitamento com flagrum é ainda mais grave do que com um cinto e um fio de abajur, e resulta geralmente em fraturas nas costelas e ferimentos e lacerações nos pulmões, causando sangramento nas cavidades do peito e pneumotórax parcial ou total... Estudos recentes provaram que uma simples fratura nas costelas causaria a perda de 125 mililitros de sangue. Jorros de vômito, tremores, ataques e desmaios podiam ocorrer a intervalos variados e, às vezes, de firma simultânea, durante o procedimento.

A vítima guinchava a cada golpe, normalmente implorando por misericórdia. Períodos de intensa transpiração ocorriam intermitentemente. A vítima era reduzida a uma massa de carne, exaurida e destroçada, ansiando por água. A flagelação levou Jesus a um prematuro estado de choque. Nas horas seguintes, houve um vagoroso acúmulo de fluído (efusão pleural) ao redor de Seus pulmões, causando dificuldades na respiração. Pode ter havido laceração no fígado e no baço.



* [Clique na imagem ao lado e verifique que as marcas no Corpo Santo são compatíveis com a do flagrum de haltere]
Evidência de flagelação no Sudário

Uma análise do Sudário de Turim revela de forma contundente marcas de um objeto em forma de haltere, atingindo a parte dianteiras e traseira do tronco e chegando às panturrilhas, mas poupando a cabeça, o pescoço e os braços, o que é consistente com o tipo de flagrum usado. A relativa falta de marcas do açoite nos braços sustenta a teoria de que eles tenham sido levantados acima da cabeça. O número de marcas de açoite ultrapassa cem...pois o flagrum era formado de três tiras; assim, cada golpe causaria três marcas.

... As marcas em forma de haltere podem não ser evidências de machucados ou contusões, como pensam alguns, mas, sim, marcas de pequenas quebras na pele, resultando em “padrões de ferimentos” muito parecidos com os que vemos na patologia forense. Esses padrões em forma de haltere no Sudário são o resultado das impressões feitas pelo sangue presente nas quebras de pele causadas pelos objetos do flagrum.

Sumário da reconstituição forense

Depois da flagelação, a condição de Jesus era relativamente grave. Ele estava preste a sofrer um choque traumático em razão dos ferimentos causados pelas chibatadas – particularmente na caixa torácica e nos pulmões – e pelos maus tratos anteriores, na residência de Caifás. Além disso, um quadro de hipovolemia (baixo volume de sangue) se desenvolvia por causa da baixa efusão pleural, da hematidrose, das pequenas hemorragias resultantes da flagelação, do vômito e da extrema transpiração.

... Os primeiros estágios de hipovolemia (perda de líquido em circulação) e o choque hipovolêmico poderiam ter causado fraqueza, cor acinzentada e suor abundante. É importante notar que o brutal espancamento na caixa torácica poderia ter afetado os pulmões e ocasionado a concentração de fluido no local. O fluido, misturado ao sangue, deve ter aumentado algumas horas depois dos golpes no peito, dificultando a respiração e causando dor extrema. O termo pulmão molhado traumático refere-se a acúmulo de sangue, líquido e muco depois de um violento trauma no tórax.

(A crucificação de Jesus - Dr. Frederick T.Zugibe)

PS: As palavras em [ ] foram acrescentadas por mim e os grifos são meus.

sábado, 17 de outubro de 2009

Insubmissão - Ruína da própria mulher


Esta chefia do marido está longe de ser absoluta. A mulher é uma pessoa, com todos os direitos inalienáveis da pessoa humana. A sua liberdade é essencial e se conserva intacta e intangível em tudo o que toca a consciência, aos deveres de esposa e de mãe. Ela casou por um ato desta liberdade e não abdicou dela, senão no que se refere ao regime conjugal.

... Essa autoridade é diferente da que se exerce com os filhos quando estes são ainda incapazes de se dirigir, por falta de maturidade. É bem diferente da autoridade militar, diante de cujas ordens o súdito não tem direito de discutir, mas apenas de pensar que podia ou devia ser de outra forma.

Aqui, a autoridade que se não exercer com elevação, degrada-se. É um regime necessário de hierárquia. A exigência de ordem implica a subordinação. Santo Agostinho, comentando a criação de Eva, nota que esta não foi tirada da cabeça de Adão, para não parecer que o devesse dominar, nem dos pés, para não parecer que devesse ser dominada. Tirada do lado, de perto do coração, seria tratada com uma autoridade suave e amorosa... É na verdade, misteriosamente delicada esta autoridade do marido sobre a mulher. Quase que a exerce sobre si próprio, reconhecendo na esposa a carne de sua carne e o osso de seus ossos (Gn 2.23). Uma atitude de tirania revela um espírito anticristão - e só condiz com um sultão.

... Quanto à mulher, não há por que recusar-se a esta submissão, tão natural e elevada, tão delicada e necessária. Nada tem de humilhante um regime que acautela por inteiro a dignidade da pessoa e mantém inviolável o santuário da consciência.

... É plano verdadeiramente diabólico o que deseja afastar a mulher "da honesta e fiel submissão ao marido" como se isto fosse "uma indigna escravidão". Impelindo-a, em nome da "emancipação", para a independência econômica, na qual ela possa "livremente ter, tratar e administrar seus negócios particulares", visam os inimigos da Família "afastar a mulher dos cuidados domésticos, dos filhos e da família", terminando por "desobrigá-la dos deveres matrimoniais tanto de esposa como de mãe". Mas isto "é antes corruptela da índole feminina e da dignidade da mãe", porque redunda em "privar da mulher o marido, e da mãe os filhos, e toda a família daquela que deve ser sua guarda vigilante".

Aliás, é a própria mulher que deve rejeitar esta situação artificial. Porque "esta falsa liberdade e esta igualdade anti-natural com o homem revertem em ruína da própria mulher: se ela desce do trono real, a que foi elevada, no lar doméstico, pelo Espírito Santo, cedo recairá na antiga escravidão, e tornará a ser, como no paganismo, mero instrumento de prazer nas mãos dos homens".

No mais, não há porque esquivar-se à submissão, pois esta - como autoridade do esposo- é um ato de amor.

* As palavras entre aspas são da Encíclica Casti Connubii

(Noivos e esposos - Pe. Álvaro Negromonte)

PS: grifos meus