domingo, 27 de setembro de 2009

Um velho feminismo apresenta-se como novo nos tempos atuais (feminismo = arma do demônio)


Apresentação feita em sua biografia

Betty Naomi Goldstein, mais conhecida como Betty Friedan, (Peoria, 4 de fevereiro de 1921 — Washington, DC, 4 de fevereiro de 2006) foi uma importante ativista feminista estado-unidense do século XX. Participou também de movimentos marxistas e judaicos. Em 1963, publicou o livro "The Feminine Mystique" ("A Mística Feminina"), um best-seller que fomentou a segunda onda do feminismo, abordando o papel da mulher na indústria e na função de dona-de-casa e suas implicações tanto para a sobrevivência do capitalismo quanto para a situação de desespero e depressão que grande parte das mulheres submetidas a esse regime sofriam.

Auxiliou também na criação do NARAL, organização de fomento aos direitos reprodutivos, inclusive o do aborto. Em 1971, com Gloria Steinem e Bella Abzug, fundou a Organização Política de Mulheres. Por esse tempo, Mística feminina era usado como verdadeira bíblia pelo movimento de mulheres americanas. É considerada uma das feministas mais influentes do século XX.

Alguns trechos do livro citado

- "Seria inteiramente errado de minha parte oferecer soluções fáceis do problema para todas. Não há respostas fáceis nos Estados Unidos, hoje em dia; é difícil, penoso, e talvez leve muito tempo para que cada qual descubra a sua solução. Primeiro é preciso dizer «não» à imagem da dona de casa. Isto não significa, naturalmente, divorciar- se do marido, abandonar os filhos, renunciar ao lar. Não é preciso escolher entre casamento e profissão — esta foi a opção errada da mística feminina.
Na verdade, não é tão difícil como se sugere conciliar casamento e maternidade com o objetivo pessoal que antigamente recebia o nome de «carreira». E' necessário apenas fazer um novo plano de vida, em termos da existência inteira.

O primeiro passo é considerar o trabalho doméstico tal qual ele é na realidade — não uma profissão, mas algo que deve ser feito com o máximo de rapidez e eficiência. Uma vez que a mulher deixe de considerar as tarefas de cozinhar, arrumar, lavar e passar como «algo mais» poderá dizer: «Não, não quero um fogão de cantos arredondados, não quero quatro tipos diferentes de sabão». E será capaz de dizer não a esses devaneios em massa apresentados pelas revistas femininas e a televisão, não aos pesquisadores e aos psicólogos comerciais que querem dominar sua vida. Depois usará o aspirador, a lavadora de pratos e todos os eletrodomésticos e até o amassador de batatas, dando-lhes o valor que realmente têm: economizar tempo para tarefas mais criativas." (pág. 292)

- "Quando mães realizadas as conduzirem (filhas) à segurança de sua condição de mulher não será necessário forçar-se por ser feminina. Poderão evoluir à vontade, até que por seus próprios esforços encontrem sua personalidade. Não precisarão da atenção de um rapaz ou de um homem para se sentirem vivas. E quando não mais precisarem viver através do marido e dos filhos, os homens não temerão o amor e a força da mulher, nem precisarão das suas fraquezas para provar a própria masculinidade. E finalmente homem e mulher verão um ao outro como de fato são, o que talvez venha a ser um passo adiante na evolução humana." (pág 322)

- "Mas a nova imagem de que essa mística reveste a mulher é também uma velha imagem: «ocupação — dona de casa». Transforma a espôsa-mãe, que jamais teve oportunidade de ser outra coisa, em modelo para todas as mulheres; pressupõe que a história tenha atingido um final glorioso neste capítulo. Sob roupagens sofisticadas faz de certos aspectos concretos finitos, domésticos, da vida feminina, conforme era vivida pelas mulheres limitadas que estavam por necessidade a cozinhar, lavar, procriar, dentro de uma religião, dum padrão pelo qual deviam todas pautar-se, sob perigo de perder a feminilidade." (págs. 40 e 41)

(Mística feminina - Betty Friedan)