segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Saúde da futura mãe

O campo das vidas

O Deus que semeou as estrelas no céu, espalha, ainda hoje, as vidas em campos abençoados. Pois é campo o corpo da jovem cristã. Dele nascerá a seara das vidas com seus altos destinos e suas riquíssimas reservas. Segue-se disso que o seu bem-estar, a sua força vital há de merecer cuidados especiais por parte da futura esposa... Em uma moça que ao casamento se destina tudo tem de contribuir para a grandeza do título de esposa e de mãe. Para a grandeza e para a plenitude indispensável. É o casamento a oficina da vida e supõe na esposa robustez de saúde, reservas físicas, por cuja conservação e aumento ela fica responsável. As leis da vida têm suas austeridades; a lei do amor, de par com as alegrias, enumera rigores. Mais de uma vez a obediência a elas leva ao heroísmo...

Há severas realidades incluídas no plano divino do casamento. Não há fugir delas. Oram isto exige a centralização das forças para a entrega de si mesmo com as lágrimas e suores, com o sangue e as agonias. Leve, portanto, a moça uma boa saúde para o lar.
Infelizmente é grande a legião de moças doentes por causa de abusos e desleixos. Não nos referimos às pobrezinhas que nasceram fracas e na vida se arrastam padecendo.

Pensamos naquelas que enfileiram noites a noites de bailes, que se vestem e se mexem procurando constipação e gripes, que passam fome porque desejam emagrecer por elegância. Os nervos vão-se abalando, a neurastemia acentua-se, a cabeça anda tonta e por um nada estão essas senhoritas desmaiando. Não toleram sem crispações nervosas nem um dia de chuva ou um transtorno que demanche qualquer festa esperada com ansiedade.

Hoje em dia fala-se muito em cultura física para melhorar a raça. O exercício de ginástica é realmente necessário para as futuras dispensadoras da vida. Nós o aconselhamos, contanto que seja  feito com método e, sobretudo, não procure exibições públicas de plásticas gregas, desenvolturas que espantam o recato, e graça de gestos que tiram a graça de gestos morais.

Intensa é hoje a propaganda em favor da cultura física, do atletismo feminino. O esporte procura arregimentar em equipes nossas alunas de Estados Normais, a alta sociedade local, etc. Em parte é isso uma reação contra certa negligência na formação física da mulher, contra a falta de higiene na longa vida sedentária a que ficou condenada a aluna. Por isso é muito razoável que em casa cultive toda moça o exercício corporal, seguindo um método adequado... Mas não se iluda. O que se requer na futura mãe é a saúde e não a força muscular, o extraordinário desenvolvimento da musculatura, coisa que fica bem no homem e por ele pode ser adquirida sem risco de lesões perigosas. O esporte pode facilmente acrretar lesões nas esposas de amanhã.

E nunca podemos nos esquecer que a graça, o encanto, a harmonia doce e calma, ao lado do recato virtuoso, são indispensáveis até nos exercícios corporais da ginástica feminina. Reunir moças num clube de ginástica é espô-las a um meio algo duvidoso, quando não declaradamente pernicioso. O dano moral é bem maior que o aproveitamento físico. Com a tal desculpa de ginástica, de cultura física, vai a menina pegando a doença moderna do "garçonismo". O galicismo significa: modos de rapaz. Raspam o cabelo à "I'homme", assobiam, fumam, refesteladas num sofá, falam como estudantes ou soldados...

A moça que adota os modos de rapazes quebra a lei da harmonia entre os gestos e as formas e, fatalmente, torna-se incorreta. Se não fora a cegueira da época, veria o irritante efeito que produz, sob o simples prisma da estética moral, física e natural.

Compara-as a notas desafinadas numa harmonia, a linhas rompidas num quadro, a proporções falhas numa estátua. Como tudo isso, elas repugnam, incomodam, irritam a quantos têm ainda o senso real das leis misteriosas da harmonia. Rotas essas leis do seu ser harmonioso, é fácil ser a moça afastada de sua missão e da sua finalidade. O coração perde a fragrância toda feminina para entregar-se a camaradagens cujos limites dificilmente combinam com as normas da moral.
(Na escolha do futuro - Pe. Geraldo Pires de Sousa - 1946)

PS: grifos meus

sábado, 29 de agosto de 2009

Ó morte amorosamente vital! Ó amor vitalmente mortal!

"Morte a mais nobre de todas, e devida por conseguinte à mais nobre vida que já houve entre as criaturas, morte da qual os próprios anjos desejariam morrer, se de morte fossem capazes.

 
A fênix, como dizem, estando muito envelhecida, ajunta no alto de uma montanha uma quantidade de madeiras aromáticas sobre as quais, como sobre seu leito de honra, vai findar os seus dias; porque, quando o sol no forte do meio-dia deita seus raios mais ardentes, essa ave toda única, para contribuir para o ardor do sol com um acréscimo de ação, não o cessa de bater as asas sobre a sua fogueira até que a tenha feito fogo, e, ardendo com ela, consome-se e morre entre as suas chamas olorosas.

Assim, também, a Virgem Mãe, tendo reunido em seu espírito, por uma vida e contínua memória, todos os mistérios mais amáveis da vida e morte de seu Filho, e recebendo sempre diretamente, por entre isso, as mais ardentes inspirações que seu Filho, Sol de justiça, lançasse sobre os humanos no mais forte do meio-dia da sua caridade, e depois, ademais, fazendo também de seu lado um perpétuo movimento de contemplação, afinal o fogo sagrado do divino amor consumiu-a toda como um holocausto de suavidade, de sorte que ela morreu disso, sendo sua alma toda arroubada e transportada nos braços de dileção de seu Filho.

Ó morte amorosamente vital! Ó amor vitalmente mortal!

Vários amantes sagrados estiveram presentes à morte do Salvador, entre os quais os que tiveram mais amor tiveram mais dor ; porém a doce Mãe, que mais do que todos amava, mas do que todos foi transpassada pela espada de dor ( Lc 2,35). A dor do Filho foi então uma espada cortante que passou através do coração da mãe, visto que aquele coração de mãe estava colado, junto e unido a seu Filho com uma união tão perfeita, que nada podia ferir um sem ferir também vivamente o outro.
 
Ora, sendo assim ferido de amor, aquele peito materno não somente não procurou a cura da sua ferida, porém amou a sua ferida mais do que toda cura, guardando caramente as setas de dor que recebera, por causa do amor que lhas desferira no coração, e desejando contínuamente morrer delas, já que morrera seu Filho, que, como diz toda a Escritura sagrada e todos os doutores, morreu entre as chamas da caridade, holocausto perfeito por todos os pecados do mundo."

(Tratado do amor de Deus - São Francisco de Sales - Livro sétimo - Capítulo XIII - Que a sacratíssima Virgem Mãe de Deus morreu de amor a seu Filho - pág. 384)
PS: Grifos meus

Estima pela pureza

Forçosa é a guerra à tirania das nossas paixões, em nossa peregrinação pela terra. É lei tanto de ordem e de subordinação laboriosa, como também de harmonia e de unidade, de liberdade e de paz.
As aparências austeras de obrigação ocultam, porém, sua encantadora e sublime beleza à uma mocidade que, loucamente prodiga de si, sacrifica ao prazer sua integridade moral, e que hesita arruínar em outros o que ela não soube respeitar em si mesma.
Uma depravação mais consciente e mais requintada na malícia, acrescenta a calúnia à tentação: a lei da castidade é impossível. É , se quizerem, o patrimônio de seres fracos.
***
Fraco o homem que nutre ambições celestiais; forte o incapaz de uma coragem que o levanta acima do sensualismo animal?
Fraco o que disputa às inteligencias puras o prêmio da nobreza; forte, o que se avilta?
Fraco o magnanismo que por amor de Deus e dos seus semelhantes se esquece de si; forte, o egoísta que só se preocupa de vis prazeres?
Fraco o cavaleiro do direito; forte, o escravo de desejos desordenados?
Fraco aqueles cujas energias vitais enriquecerão a sociedade dos homens; forte, o esgotado, o gasto pelo vício?
Fraco, o homem, que sabe guardar os seus sagrados juramentos; forte, o cínico ou hipócrita que viola seus compromissos?
Fraco o vitorioso; forte, o vencido?
***
E contudo, por toda a parte, encontra aplausos a absurda calúnia. Os preconceitos do mundo a embalam; médicos, em nome de uma suposta ciência corroboram-na com seus maus conselhos; uma vasta e poderosa imprensa a difunde e patrocina; e um código de uma certa moral, em voga, formula para o homem, para a mulher, para o celibatário, para o esposo, para o nacional e para o estrangeiro, regras que são outros tantos desafios à honestidade. Diante dessa insolência, a virtude, tímida e retraída, resígna-se por vezes a envergonhar- se e até mesmo a capitular!

É mister, pois despertar a estima pela pureza.
É necessário excitar e estimular o brio em quem a possue.


Convêm igualmente, já que a conservamos em fragilíssimo vaso, ensinar a arte de a defender e de preservá-la de choques fatais.
E como o homem é curável, e como um triunfo pode vingar cabalmente uma derrota, é necessário reanimar a coragem dos abatidos e hesitantes e incitar à desforra, os irresolutos e humilhados.

A Castidade é um heroísmo.

O benefício que se realiza pela conservação da pureza, entre os jovens, é de ordem eminentemente social. Tanto e mais que a saúde física importa à sociedade a saúde moral dos seus membros.
Convém-lhe para o presente, e convém-lhe para o futuro. Assegura-lhe uma prosperidade superior à abundancia material.

Há ainda mais.

Quando o Cristianismo penetrou na Cidade Eterna - Roma, outrora tão corrompida, a austeridade da cruz, a severidade dos princípios religiosos, a grandeza moral dos fíéis convertiam à fé as multidões. Do mesmo modo, para os nossos contemporâneos, que vivem afastados da Igreja pelo nascimento ou pela educação, mas cujas nobres aspirações se afastam com desgosto de um néopaganismo cupido e luxurioso não será certamente menos salutar o admirar este espetáculo reconfortante de uma juventude trazendo na fronte o candor de uma pureza triunfante, e, no coração, a chama de um amor pronto a qualquer sacrifício.

(Prefácio do livro - A Grande Guerra - do Padre J.Hoornaert - edição 1928, escrito pelo Padre A. Vermeersch.)
PS: grifos meus

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ligações de amizade

Um amigo fiel, diz o Espírito Santo, é um tesouro inestimável, mas é preciso saber escolhê-lo entre mil, e prová-lo antes de a ele se confiar.
Existe uma amizade de glória, que desaparece na hora da humilhação. Outra, de interesse, que se transforma em inimizade e revela os defeitos do amigo. Outra ainda de prazer, que se esquiva ante a necessidade.
A amizade do cristão deve ser prudente na escolha e fiel no afeto.
***
1º - Prudente na escolha - Um amigo fiel é raro; um falso amigo, muito perigoso. É na própria religião que convém escolher, tanto quanto possível, esse amigo fiel. A simpatia, a espiritualidade, a unidade de espírito e de coração, no amor de Jesus Esucarístia, tornará essa amizade mais doce e mais santa.
2º - Fiel no afeto - Nada é tão delicado quanto o coração do amigo. É mister saber dar ao amigo provas de confiança e de estima; defender-lhe a honra como a sua própria; zelar o seu bem com interesse; ajudá-lo no dia da adversidade. Mas é mister sobretudo advertí-lo caridosamente de seus defeitos - pois nisso consiste a verdadeira prova de amizade; sustentá-lo na prática do bem; fortificá-lo contra os perigos que sua alma possa correr; finalmente, assisti-lo cristãmente se vier a morrer.

( A Divina Eucaristia - São Pedro Julião Eymand - Volume V )

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Perigo de exaltação religiosa na adolescência


Em conseqüência da necessidade que tem o adolescente de julgar que por si mesmo e de libertar-se dos cueiros da infância, vão-se manifestar, segundo os temperamentos e a influência do meio, duas atitudes contraditórias. Em alguns, sobretudo, talvez, nas meninas, os sentimentos religiosos vão tomar um impulso até a exaltação. Virão a confundir, facilmente, as manifestações de sua sensiblidade com o sentimento religioso. Se não forem bem esclarecidas, imaginarão terem perdido a Fé por não experimentarem sentimento, isto é, sensações durante suas orações e práticas religiosas. Convém lembrar-lhes que a verdadeira vida de piedade reside na vontade e não na sensibilidade e que, para perseverar na Fé, é preciso realizar atos e não se contentar com sentir emoções.

Tovadia, essa é também a idade dos sonhos de perfeição e de heroísmo. As almas generosas, sobretudo, as que receberam uma forte educação cristã durante a infância procurarão imitar os santos e facilmente chegarão a crer que são chamadas a uma vocação excepcional. É preciso, ao contrário, servir-se dessa tendência dos adolescentes, para confirmá-los em seus desejos de perfeição, velando, ao mesmo tempo, para impedí-los de desviarem-se. O tempo e as exigências da vida não tardarão em repor o problema da vocação dentro do limite do real e do possível.
(Pequeno Tratado de Pedagogia - Cônego Jean Viollet - págs. 170 e 171)

PS: grifos meus

Modéstia e santidade


A grande guerra

"Quando toca o meio-dia, Bernadette ajoelha-se para rezar o Angelus, depois tira a tampa da cestinha e vai estendendo o toucinho sobre o pão de centeio...a tarde ficava parecendo longa, Bernadette esgaravata o chão a cata de pedrinhas. Logo que conseguiu juntar um bom montezinho delas, sai à procura de um local plano para aí construir um altarzinho à Virgem: trabalho de paciência, pois falta o cimento. Mas Bernadette é habilidosa. Uma cruz feita de dois gravetos encima-lhe a construção. Só falta encontrar flores para orná-la. Puxa então do bolso o terço, que vai desfiando conta após conta diante do altarzinho mal seguro.
É assim que durante seus dias de solidão vai procurando uma companheira divina com quem possa comunicar seus pensamentos infantis."

(A humilde Santa Bernadette - Colette Yves)

Modéstia e santidade







A arte de punir


- Há dois excessos a evitar em matéria de educação: o que consiste em jamais intervir- o “deixar-passar”- ou a política dos olhos fechados: “Faze o que te agrada e deixa-me em paz”, política de demissão que pode culminar em conseqüência catastróficas; ou então, o excesso que consiste em intervir a cada instante por bagatelas. A verdade, como sempre, está no meio-termo. A criança precisa de ajuda do adulto e mesmo, quando é pequena, essa ajuda pode consistir numa espécie de adestramento incessante: a lembrança de uma dor (palmada ou ralho) relativa a um gesto ou a uma atitude repreensível.

- Uma advertência para ser eficaz, deve ser breve e rara. Se assumir o ar de cena, de gritos intervalados ou superagudos, perde todo o efeito.
- Por pouco se observe num jardim, num trem ou num lar, uma mãe com o filho, é de espantar o número por vezes ilógicas e injustificadas que chovem sobre os pobres pequenos:
Henrique, não corras mais, vais sentir muito calor...”.
E cinco minutos depois:
Não fiques aí plantado como uma árvore vai brincar... Não te chegues tão perto da água... Cuidado com os sapatos, vai sujá-los!... Vais ainda desobedecer-me como sempre... Que foi que te disse Henrique?... É terrível ter crianças como esta! Não há nada a fazer contigo, não serves para nada!”
E ainda quando a pobre mãe, inconsciente do alcance de suas palavras, não acrescenta: “Vê-se bem que tens o gênio de teu pai!”

- Quando se tem de repreender uma criança é melhor (a menos que o erro seja público) fazê-lo em particular e em voz baixa.

- O que é preciso evitar a todo custo quando se faz uma observação a uma criança, é compará-la a uma outra: “Olha como o teu irmão é bonzinho... - Ah, se fosses sempre como o Jaimezinho”, etc. Não há nada pior do que isso para criar entre a criança e o modelo proposto ciúmes e até mesmo inimizades implacáveis.

- Nunca ressuscitar, a propósito de um acidente qualquer, todas as velhas mágoas. Uma vez perdoada, a falta passada não deve ser mais lembrada. Voltar a ela é mostrar que nada foi esquecido e que se tem sempre em reserva uma certa história humilhante prestes a ser contada de novo. Há nisso algo capaz de desencorajar para sempre uma criança em seus esforços.

- Não há nada mais falso e mais cruel para a própria criança do que essa errônea sensibilidade que consiste em inclinar-se diante dos caprichos e faltas, sob o pretexto de que se trata apenas de uma criança. É claro que não se cogita de brutalizá-la; mas, erigir em princípio ser preciso “não impor às crianças qualquer sofrimento, mesmo leve”, é um absurdo que levará a criança a se tornar o nosso próprio tirano.

- A criança é uma anarquia de tendências. Não é de espantar que subitamente surja uma tendência perversa. Desconfiemos das perfeições prematuras. É papel do educador intervir por vezes energicamente para associar no espírito e mesmo na carne da criança a idéia de uma dor física à transgressão de uma interdição.

- A punição, para ser educativa, isto é, para formar a consciência, deve sempre ser dosada, ou melhor, adaptada à idade da criança, ao seu caráter, ao seu temperamento, bem como às circunstâncias de falta. O mau jeito é uma coisa, a maldade, outra. Uma coisa é uma irreflexão, outra uma falta de respeito.

- É um erro castigar uma criança por um mal-feito do que não havia adivinhado o caráter repreensível. Antes de punir, convém verificar se a criança sabia da proibição.

- O educador deve se apagar o mais possível, a fim de eliminar qualquer aspecto de luta ou de vingança pessoal, e fazer sentir ao culpado que ele é a causa primeira dos aborrecimentos que lhe caírem sobre os ombros.

- É preciso não punir tudo. Há pecadilho que devemos às vezes fingir que não vemos. Sobretudo se não têm conseqüências morais ou sociais. Mas, quando se proíbe uma coisa, que seja para todos os dias, enquanto não mudarem as circunstâncias.

(A arte de educar as crianças de hoje – Pe. G.Courtois)

domingo, 23 de agosto de 2009

Menino Jesus envolto em panos

Representai-vos Maria que, tendo dado à luz seu divino Filho, o toma respeitosamente em seus braços e, depois de adorá-lo como seu Deus, o envolve em panos. Assim atesta o Evangelho, e a Santa Igreja o repete em seus cânticos:

Membra pannis involuta
Virgo Mater alligat.


Vede a Jesus Menino que, obediente, oferece suas mãozinhas, estende seus pézinhos e se deixa envolver. Considerai como cada vez que sua Mãe o apertava assim nos paninhos, o santo Menino pensava nas cordas com que seria ligado um dia no jardim das Oliveiras, depois atado a uma coluna, e nos cravos que deviam prendê-lo na cruz; e como, assim pensando, Ele sofria voluntariamente aqueles laços a fim de livrar nossas almas das cadeias do inferno.

Jesus, estreitamente apertado nos paninhos, dirige-se a nós e convida a nos unirmos estreitamente a Ele pelos doces vínculos do amor; e voltando-se a seu Pai eterno, diz-lhe: Meu Pai, os homens abusaram de sua liberdade e, revoltando-se contra vós, tornaram-se escravos do pecado; para expiar a sua desobediência consinto em ser ligado e apertado nestes panos. Nesse estado, faço-vos o sacrifício de minha liberdade, a fim de que o homem seja libertado da escravidão do demônio. Aceito estes panos; são-me caros, e tanto mais caros porque representam as cordas com as quais me ofereço a ser um dia atado e conduzido à morte para a salvação dos homens.

Os seus vínculos, os de Jesus, são ligadura salutar para curar as chagas de nossa alma. — Meu Jesus, quisestes pois ser ligado em paninhos por amor de mim. Ó divina caridade, direi com S. Lourenço Justiniano, só tu pudeste fazer meu Deus meu prisioneiro. — E eu, Senhor, recusaria ainda deixar-me unir a vós por vosso santo amor? teria ainda a triste coragem de romper vossas doces e amáveis cadeias, e isso, para tornar-me escravo do inferno? Meu Jesus, estais ligado no presépio por meu amor; quero permanecer sempre preso a vós.

S. Maria Madalena de Pazzi dizia que esses panos significam para nós a firme resolução de nos unirmos a Deus pelos laços do amor e de nos desapegarmos de tudo que não é Deus. Para esse mesmo fim, como é evidente, e para ver as almas diletas enlaçadas pelos vínculos de seu amor, é que nosso amantíssimo Jesus quis ficar nos altares como ligado e preso sob as espécies do Santíssimo Sacramento.

(Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo - Sto. Afonso de Maria Ligório, págs.183 e 184)

"Salvação dos filhos, proveito dos pais" (São Jerônimo)


"A maior desgraça dum povo é não receber a educação que merece." (René Bazin)

Pode separar-se impunemente a ação do pai com a da mãe?
- Não; mil vezes não; a mãe representa o amor; o pai, a autoridade; e os dois participam dessa clarividência que é "a companheira da força e do amor, e que eternamente os ilumina." (Mons Dupanloup - Da educação t.II, p. 134)
Eis a razão por que se não podem separar e devem presidir conjuntamente à educação de seus filhos.

"Como é falha de coração e de vida a educação em que a mãe não toma parte! E quanta hesitação e fraqueza na educação de que o pai anda arredio!" (Mons Dupanloup - Da educação t.II, p. 134)

O pai e a mãe desempenham missões diferentes?
- Certamente; e as missões de um e de outro estão em relação com o caráter e com a função particular de cada um. Mas todos os esforços tentados para o bem a desempenharem devem harmonizar-se, concertar-se, conjugar-se, e tender ao mesmo fim: - a formação do homem e do eleito.

Mas, se é verdade que, para ministrar a educação, o pai e a mãe devem ter um só espírito, um só coração e um só vontade, não poderemos dizer que é a mãe que, na prática, incumbe a maior parte da tarefa?
- Sim; e pode-se afirmar, sem medo de errar, que a mãe ocupa o primeiro lugar na hierarquia dos educadores.

Porque pertence a mãe o primeiro lugar na hierarquia dos educadores?
Por três razões:
Porque vive mais com os filhos;
Porque é mais clarividente;
Porque ama com mais dedicação.

Mas é sempre verdade que a mãe vive, "mais" que ninguém "com seus filhos"?
- Infelizmente, não; e isto por diversas razões, em regra, é esta a lei da natureza, e as circunstâncias favorecem, de ordinário, a sua realização.

É junto da mãe que o filho passa a maior parte do tempo, nos primeiros anos.

É também verdade que a mãe é, geralmente, mais "clarividente" nas questões da educação?
- É; e da mãe se pode dizer que tem o instinto da educação; esta vantagem deve-a à própria missão que Deus lhe confiou. Foi a ela, como outrora a filha de Faraó à mãe de Moisés, que Deus disse: "Tomai este menino e cria-o para mim".

E, como Deus não emprega as suas criaturas nem opera por seu intermédio sem lhes comunicar uma centelha dos seus atributos divinos, teve de dar aos pais, especialmente à mãe, um raio de sabedoria, de inteligência e de clarividência.

E não será "o amor da mãe" um título ainda mais precioso do importante papel que lhe é distribuído na educação?
- Incontestavelmente, e por duas razões principais:

Porque amar a criança e fazer-se amar por ela será sempre o grande segredo da educação.(F.Kieffer, A autoridade, p.126)
A educação é o amor. (Lachelier)
A educação deve ser uma benevolência e uma bondade permanentes. (Pestalozzi)

Porque a educação, que exige muitos e penosos sacrifícios, supõe, no educador, um amor profundo, devotado e desinteressado.
Ora não há ninguém como a mãe que possua as ternuras e os heroísmos deste amor.
E, por conseqüência, não se lhe pode contestar o lugar que ocupa na hierarquia dos educadores.

Que se infere do que acabamos de dizer acerca do papel da mãe na educação?
- Resulta que a criança será, geralmente, aquilo que a mãe tiver feito dela.
Do cuidado das mães depende a primeira educação dos homens.

"Nada nos aproxima mais de Deus do que a memória duma santa mãe."(Ozanam, cartas, I, p.225)

"O mérito da mulher, escrevia J. de Maistre a sua filha, está em governar a sua casa, tornar o marido feliz, consolá-lo dar-lhe coragem e educar os filhos, isto é, fazer homens; é este o parto feliz, que não foi amaldiçoado como o outro."(Cartas e opúsculos, t.I, p.190)

Quais são os deveres particulares dum pai?
- Os deveres particulares do pai estão em harmonia com a natureza da sua inteligência, com a sua autoridade de chefe, com o espírito de decisão e energia que, em geral, o caracteriza.

1º - A inteligência do pai, é ordinariamente, a mais firme, mais equilibrada, mais segura: pertence-lhe, por conseguinte, formar o pensamento dos filhos e até das filhas.
2º - A sua autoridade de chefe de família exige, para o bom desempenho, um caráter digo e sério, cheio de força e também de suavidade: pertence-lhe, conseqüentemente, formar a virilidade dos filhos, com palavras autorizadas e com o exemplo duma vida de dever e de honra.
3º - O pai, em virtude da sua posição na família, é o juiz, em última instância, das decisões a tomar, e o agente inicial e principal da sua execução. Compete-lhe, portanto, formar a vontade dos filhos, dando-lhes a luz, o arrojo, a energia e a constância que lhes são necessárias.

(Catecismo da educação - Abade René Bethéem)

Está armado (a) contra o orgulho?

Ninguém pode considerar-se suficientemente armado contra o orgulho e, já que não é possível exterminá-lo nesta vida, é preciso ao menos servir-se avidamente de todos os meios para enfraquecê-lo e neutralizar-lhe as investidas. Ora, dentre estes meios, um dos mais eficazes é justamente fornecido pelas nossas faltas. À semelhança da mandíbula dessecada de uma mula, que se transformou nas mãos de Sansão num engenho de morte contra os filisteus, os nossos pecados, por mais hediondos que sejam, podem também tranformar-se numa maça poderosa contra o orgulho, e converter-se assim em instrumento da nossa salvação e santificação.

Com efeito, se o orgulho é uma estima e um amor desordenado da nossa pretensa excelência, a humildade, diz São Francisco de Sales, é o "verdadeiro conhecimento e o reconhecimento voluntário da nossa miséria" (Filotéia, III,6). E que há de mais apropriado para nos dar esse verdadeiro conhecimento do que a consideração dos nossos pecados? São eles, realmente, na engenhosa expressão do P. Álvarez, como outras janelas pelas quais penetra uma luz mais abundante sobre as nossas misérias.
Mais eficazes do que as humilhações que nos vêm dos acontecimentos ou dos homens, as nossas quedas convencem-nos da fragilidade das nossas forças puramente humanas. E diz, nosso santo, "este reconhecimento do nosso nada não nos deve intranqüilizar, mas tornar-nos mansos, humildes e pequenos diante de Deus". (XIV,236)
"Conheces bem o estado da tua alma? Pois bendize a Deus por te dar esse conhecimento e não te lamentes tanto. És muito feliz por saber que não és senão a própria miséria".(VI,48 Colóquio III. da firmeza)." "Devemos confessar a verdade: somos umas pobres criaturas que, sem a ajuda de Deus, não podem fazer bem coisa alguma".(XII, 203)

"- Eu vos digo que, se fordes humilde, sereis fiel.
"- Mas chegarei a ser humilde?
"- Sim, se quiserdes sê-lo.
"- Mas eu quero.
"- Pois então já o sois.
"- Mas eu vejo que não sou.
"- Tanto melhor, pois isso serve para que o sejais com mais certeza"
(XIX,300. Carta a uma superiora carmelita)

" As nossas limitações à hora de levarmos adiante os nossos assuntos, tanto interiores como exteriores, são um motivo eficaz de humildade produz e alimenta a generosidade".(XVIII,266. Carta a uma superiora)

Com efeito, como confiar em nós mesmos e julgar-nos de algum valor quando caímos de bruços ao primeiro sopro da tentação, quando vemos os nossos melhores propósitos desvanecerem-se como uma faísca, como a estopa atirada às chamas?(Is.1,31)?

Como o orgulho perde a sua força quando uma queda nos mostra a realidade da nossa miséria, e como então a humildade lança facilmente raízes na verdade! É como se ouvíssemos uma voz bradar: Sejam retos os vossos juízos! (Sl 57,1); Fostes pesados na balança e viu-se que não tínheis o peso necessário (Dn 5,27); Pensáveis ser mais, e eis que sois menos.(Ag 1,9)

(A arte de aproveitar as própria faltas - Joseph Tissot- págs.53 a 55)

sábado, 22 de agosto de 2009

"Eu preciso tanto de uma mãe!"

"Eu preciso tanto de uma mãe!"

Um dia conta-nos um vigário dos subúrbios de Paris, notei uma ovelha estranha misturada ao rebanho do meu catecismo. Aquela figurinha pálida e apoucada, que se insinuara na ponta do último banco, não me era totalmente desconhecida; minha memória lembrou-me logo que o intruso era filho do contramestre da fábrica, homem de opiniões violentas e exaltadas, orador de clube, inimigo de padres, etc. Aliás, o pequeno parecia deslocado no santo lugar.

Olhava para todos os lados e tinha uma atitude constrangida na extremidade do seu banco. Não aparentei reparar na presença dele, mas, após acabar de interrogar os meus meninos, fui a ele e fi-lo levantar. Ele segurava um gorro na mão e olhava-me com grandes olhos tristes. As suas roupas belas e bem feitas careciam de frescor. Ao vê-las, adivinhava-se que não as preparava um mãe.

- Vais à escola, - disse-lhe eu, - já ouviste falar de Deus Nosso Senhor? - Silêncio, gesto vago e indiferente.
- Da Santíssima Virgem? - O pequeno levantou a fronte e subitamente o semblante se lhe animou.
- Ouvi, - disse-me ele baixinho, misteriosamente. - Ouvi dizer que os meninos do catecismo têm uma Mãe, a SS.Virgem. Foi por isso que eu vim... - E grossas lágrimas rolaram-lhe pelas faces, enquanto ele acrescentava: " Eu preciso tanto de uma mãe!"

Esse grito comoveu-me. Assim que meus alunos saíram, voltei ao pequeno estranho, e lhe disse: " Vem cá, vou-te levar à tua Mãe." - Ele deitou-me um olhar profundo. " Aquela que substituirá tua mãe", continuei. E conduzi-o ao branco altar que as Filhas de Maria ornamentam com desvelo piedoso. Quando o menino avistou a bela imagem coroada do diadema de ouro, rodeada de flores e iluminada pelo reflexo dos vitrais, exclamou de mão postas: " Ah! lá está ela! Como é bela!

O Sr. acha que ela quererá me tomar por seu filho? olhe, ela tem outro nos braços. Talvez não precise de mim; e eu, se o Sr. soubesse! Preciso muito de uma mãe...ainda mais depois que estou doente..." - e estás doente, meu filho? - Ele tocou o lado esquerdo. - Tenho uma dor aqui, não grande, mas não posso brincar ou correr como os outros, então o médico proibiu que eu fosse á escola. Sou infeliz sozinho em casa. Papai me quer muito bem, mas está sempre fora de casa. Disseram-me que os meninos que vêm aqui acham uma mãe muito boa e toda-poderosa, eu então fugi e vim cá.

Eis aí mais um dos vossos benefícios, ó boa Mãe, pensei eu.
Obrigado por me terdes trazido esta cara alminha, que pereceria na ignorância, e cuja voz, talvez em breve, se misturará aos concertos dos anjos.

E ele repetia inquieto: "O Sr. acha que a santa Virgem quererá saber de mim? - Sem dúvida, meu amigo, mas é preciso fazer como os meninos que aqui vêm, e aprenderes o teu catecismo."

Pus-lhe um catecismo nas mãos, e ele disse: " Obrigado, Sr., não deixo de o ler."

Leu-o, aprendeu-o, mas a morte fazia lentamente a sua obra. Pouco tempo depois de fazer a primeira comunhão, ele morreu como um santo, e foi encontrar-se com sua Mãe no céu.

(Relatos de Pe. J. Baeteman)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Modelo de esposa cristã


Santa Rita de Cássia - rogai por nós!

Que infelizes seremos se nossa esperança se limitar à vida presente!
Rita havia-se entregado ao seu esposo Fernando com todo o afeto de seu inocente coração, porque via nele o homem que a Providência lhe destinara. Fernando julgava-se feliz por haver unido sua sorte a uma mulher que, adornada de tão singulares prendas, havia de ser o anjo tutelar de sua casa, e para ele fonte de felicidade.

Mas ai! quão inconstante é a condição humana! Não passou muito tempo, e o esposo de Rita começou a mostrar o caracter iracundo que o dominava. Quando falava era com enfado e com palavras ásperas, às vezes grosseiras. Nada lhe agradava; de tudo se enfastiava e aborrecia. Não era amigo e companheiro de Rita antes o verdugo de sua mansidão, e provação perpétua de sua paciência, permitindo-o assim o Senhor para continua mortificação de sua serva.

O silêncio, a humildade e a paciência eram a resposta de Rita aos maus tratos, às injurias e desprezos de Fernando. Nada omitia para agradar ao marido, despendendo toda sua amorosa solicitude para servi-lo, adivinhando suas necessidades, interpretando seus gostos e evitando o menor motivo de queixa. Sempre disposta a fazer a vontade do esposo, até onde lhe permitisse chegar a condescendência cristã, não empreendia coisa alguma sem o beneplácito dele, chegando ao ponto de não sair de casa, nem para os ofícios divinos, sem prévia licença do esposo. Mas nada bastava para contentar o ânimo iracundo e displicente de Fernando.

Oh! que esplêndida, e com que auréola de santidade aparece Rita, a mártir esposa!

Havendo aprendido a praticar desde criança, na escola do divino Mestre, a mais fiel obediência e abnegação de si mesma, sem dificuldade submetia-se às exigências do bárbaro marido, carregando resignada a pesada cruz do matrimônio: e esse estado, que para muitas esposas é manancial abundante de brigas, discordas e pecados, para Rita foi ocasião de praticar excelentes virtudes.

Os dias que contava de matrimônio não haviam sido senão de luta continua entre a soberba e a humildade, entra o desabrimento e a mansidão, entre o despotismo e a docilidade; numa palavra, entre o vicio e a virtude; luta medonha capaz de fazer sucumbir o valor mais esforçado, se não estivesse protegido por uma paciência invencível e um coração moldado no amor de Deus e do próximo.

A esposa mártir, cada dia mais firme em sua fé e levando sua paciência até o heroísmo, multiplicava a oração e penitências, rogando ao Senhor que se apiedasse de seu esposo: e Deus, que muitas vezes pelas súplicas de uma fiel esposa tem abrandado a dureza do marido infiel e trocado seu coração rebelde, quis consolar sua serva Rita, fazendo do esposo, de leão furioso que era, um manso cordeiro.

Admirado Fernando da paciência e mansidão de Rita foi aos poucos moderando suas tirânicas exigências, a ira e as palavras injuriosas com que freqüentemente a maltratava, acabando por reconhecer-se culpado, desagravando ao Senhor das ofensas passadas e procurando agradar a sua esposa.

(...) Odiava a murmuração e fugia dela como de doença contagiosa; e se alguma indiscreta amiga ou vizinha fazia alguma referência aos maus tratos de seu marido, logo mostrava Rita sinais de desagrado,e com palavras repassadas de doçura desviava a conversa para outro assunto. Por este e outros motivos, todos viam nela a esposa cheia de virtude e o modelo perfeito da esposa cristã.

(Capítulo IX. Virtudes heróicas de Rita no matrimônio - Pe. José R. Cabezas)
PS: grifos meus

Modéstia ao assistir a Santa Missa

Recolhimento, modéstia e silêncio

Era opinião de São João Crisóstomo, opinião aprovada e confirmada por Gregório, no quarto de seus Diálogos, que, no momento em que o padre celebra a Missa, os céus se abrem, e multidões de Anjos descem do Paraíso para assistir ao santo Sacrifício. São Nilo abade, discípulo do mesmo São Crisóstomo, afirma que via, quando este santo doutor celebrava, uma grande multidão daqueles espíritos celestes assistindo os ministros sagrados em suas augustas funções.

Eis o meio mais adequado para assistir com fruto à Santa Missa:

Consiste em irdes à Igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes, diante do altar, como o faríeis diante do trono de DEUS, em companhia dos Santos Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que DEUS costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos. Entre os hebreus, enquanto se celebravam os sacrifícios da antiga Lei, nos quais se ofereciam apenas touros, cordeiros e outros animais, era coisa digna de admiração ver com quanto recolhimento, modéstia e silêncio o povo todo acompanhava. E, se bem que o número de assistentes fosse incalculável, além dos setecentos ministros que sacrificavam, parecia, no entanto, que o templo estava vazio, pois não se ouvia o menor ruído, nem um sopro.

Ora, se havia tanto respeito e veneração por esses sacrifícios que afinal, não eram mais que uma sombra e figura do nosso, que silêncio, que atenção, que devoção não merece a Santa Missa, na qual o próprio Cordeiro Imaculado, o Verbo de DEUS, se imola por nós?!
Bem o compreendia Santo Ambrósio. No testemunho de Cesário, quando ele celebrava a Santa Missa, após o Evangelho virava-se para o povo e o exortava a um piedoso recolhimento e impunha a todos guardar o mais rigoroso silêncio, não só proibindo a menor palavra, mas ainda abstendo-se de tossir ou fazer qualquer ruído. E era obedecido. Quem quer que assistisse à Santa Missa do santo Bispo, sentia-se tomado de profundo respeito e comovido até ao fundo da alma, tirando assim grande proveito e acréscimo de graças.
(As excelências da Santa Missa - Leonardo de Porto Maurício, págs. 41 e 42)

Inveja: " A sarna da alma"


A caridade proíbe a INVEJA

O que a caracteriza é um amor-próprio violento que aspira a ter tudo em detrimento dos outros; um egoísmo que não quer repartir com ninguém ; um desejo ardente de ser amado de maneira exclusiva; um sofrimento secreto à vista da felicidade de outrem, ou uma alegria maligna com as suas desditas, enfim uma paixão imoderada das distinções, das preferências e das atenções.

Um crítico pretendeu que todas as mulheres são mais ou menos invejosas. Sem dúvida é exagerado. Porém, mesmo assim, cumpre tomar cuidado com certos movimentos instintivos que poderiam surdir das profundezas da má natureza. Parecem bastante raras as almas femininas que não trazem em si o germe odioso deste vício. Um grande coração deve elevar-se acima das vilanias de uma paixão tão mesquinha e tão degradante.

Para conceber mais vivo horror dela, examinai as devastações que ela causa, assim na alma que ela tiraniza como mas outras a quem persegue.

Suas devastações

- A invejosa não tem mais nem alegria nem prazer: dir-se-ia que um véu fúnebre a circunda; ela sofre com a sua própria desgraça e com a felicidade dos outros.
- A invejosa julga sempre ver ironia no olhar das pessoas, a quem detesta; escuta incessantemente, para surpreender palavras malévolas nos lábios de outrem. Vigia as amigas para ver se o afeto delas é sincero; não tolera provas de benevolência cuja melhor parte não seja para ela.
- A invejosa sofre uma verdadeira tortura moral, que não lhe traz nada...a não ser novos sofrimentos. As outras paixões têm uma certa satisfação momentânea; a inveja é um fogo devorador que arde e rói o coração e não proporciona nenhum gozo.
- A invejosa sente que se rebaixa pelo seu vício; mas se cegará a ponto de jamais querer confessá-lo, e mesmo de censurá-lo seriamente a si mesma! Para se curar, medite ela, pois estas palavras de La Bruyère: "A inveja, que muitas vezes, não passa de indigência de espírito, denota muito mais a pobreza do coração."

A inveja, enfim, é malvada e facilmente se torna feroz. As mentiras mais odiosas não a fazem recuar; a sua alegria é ver sofrer e fazer sofrer os outros. Não se pode compará-la melhor do que ao demônio, cuja inveja para com os homens vai até ao ódio.

E não acrediteis que esse vício odioso não seja gravíssimo:

"Ele se oculta sob o manto da zombaria, da mentira, de um interesse hipócrita, de conselhos falazes, de indiscrições comprometedoras, de perguntas insidiosas, de exageros tolos, de ingerências culpadas, de informações superfíciais ou notóriamente falsificadas, e de muitas outras maldades que se penetram com um sorriso ou com um suspiro, agitando o leque, às vezes mesmo entre duas dezenas de terço." (Henri Lassere)

Por que se deve combatê-la?

1) Ela transtorna o coração: O nosso coração foi criado por Deus para amar o bem e odiar o mal. Ora, a inveja odeia o bem do próximo e aplaude o mal. É o contrário da ordem estabelecida por Deus!
2) Transtorna a inteligência e o juízo: A pessoa invejosa não sabe ver coisa alguma sob a luz requerida; desarrazoa, e mostra-se sempre má quando se trata de julgar quem não tem as suas simpatias. Acusa primeiro as ações; se alguém as justificar, achará ela sempre alguma coisa a redizer, como aquela raposa que achava as uvas "verdes demais"!
3) Transtorna a alma: A invejosa tem em si como que uma serpente que a devora. É por isso que Job chama esse pecado "a podridão dos ossos"!
4) Transtorna o céu: Foi por inveja que Lúcifer, tendo tido a revelação do mistério da Encarnação, recusou submeter-se ao Homem-Deus e exclamou: Não obedecerei!
5) Transtorna a terra: Por invejar a felicidade de nossos primeiros pais foi que o demônio veio tentá-los! Por causa da sua inveja foi que "a morte entrou na terra"!

Preserve-vos Deus para todo o sempre deste vício, menina de coração bom e puro!

São João Crisóstomo cognomina-o de "a sarna da alma"... Sabeis que a representam sob os traços de uma mulher idosa, de olhos lívidos, de rosto pálido e emagrecido, arrimando-se a um bordão espinhoso, enquanto se vê uma serpente devorar-lhe o coração. Basta dizer-vos isto, para vo-la fazer detestar!
Aliás, bem sabeis como vós mesma a detestais nos outros!

(A formação da donzela - Pe. Baeteman, págs. 129 a 131)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Carta aos pais



Esta carta de André Charlier merece ser lida duas vezes. Uma, por seu conteúdo e oportunidade; Outra, tendo-se em vista a data em que foi escrita, 22 de outubro de 1954, quando Charlier era diretor da escola preparatória de Clères, na Normandia.
Embora escrita para pais franceses, estas breves reflexões certamente interessarão ao leitor brasileiro.


Carta aos pais

Prezados amigos, escrevi há muitos anos "cartas aos pais", e parei de escrevê-las, uma vez que, no final, não via utilidade. Elas não persuadiam senão aqueles que já se encontravam persuadidos. Muitos me escreviam: «Como o sr. tem razão!», mas não passavam desta aprovação platônica. Ora, tenho muito pouco tempo para escrever coisas inúteis. Se escrevo aos senhores hoje mais uma vez, é porque uma imperiosa necessidade me incita a isto. É preciso, de todo modo, que o homem ao qual os senhores confiaram a educação de seus filhos lhes diga o que pensa da juventude da França que cresce. Sua responsabilidade moral, como a minha, está empenhada e é preciso que aos senhores seja apresentada a realidade. O quadro que apresento é uma visão geral cujos elementos não foram tomados apenas do que pude constatar na escola. Do que tenho a lhes dizer, cada um aproveitará o que quiser ou puder.

O que me espanta mais, é o quanto esta juventude é pouco viril. E por que é assim? Porque, simplesmente, os senhores jamais exigiram nada dela. Os senhores apenas se preocuparam de que fossem felizes e realizaram todos os seus desejos; desde a primeira infância, os satisfizeram de todos os modos possíveis; como poderão querer que tenham a idéia de que, por um lado, a vida é difícil, que as coisas difíceis são as únicas que interessam e que, por outro lado, todas as alegrias se compram e mesmo que custam tanto mais caro quanto mais elevadas são? Tudo sempre lhes foi dado e eles julgam normal que tudo lhes seja dado, estimam mesmo que é seu direito; e como a cultura e a ciência não se comunicam por si mesmas, vêem nisso uma espécie de injustiça. Eles não estão longe de se considerarem vítimas, posto que o Latim e as matemáticas não entregam tão facilmente os seus segredos.

Isto é assim porque, na educação que os senhores lhes deram, eles sempre receberam tudo de graça. Os senhores foram vítimas da demagogia universal e do moderno liberalismo, que considera a autoridade um vestígio de tempos bárbaros. Os senhores repudiaram a autoridade; quiseram agradar seus filhos para serem amados: mas não serão mais amados do que nossos pais o foram e serão, talvez, menos estimados por seus próprios filhos quando estes tiverem idade para julgar. Pois não lhes ensinaram que tudo tem um preço e que as coisas de valor custam caro. Jamais tiveram necessidade de merecer os prazeres que lhes foram dados; jamais aprenderam a fazer coisas contrárias às suas vontades. Ora, não é coisa agradável, em si mesma, por exemplo, estudar as declinações do latim ou do alemão.

Quando eu era pequeno, aprendi a fazer sem discutir o que me era ordenado; prestaram-me, assim, um imenso serviço. Mas, seus filhos, como discutem tudo! Não param nunca de discutir! Nada parece agradável para eles. Julgam tudo à medida de seu prazer imediato. Não se surpreendam que não tenham nem obediência, nem disciplina, nem respeito, nem senso de dever. E mais: os senhores os cumularam a tal ponto, que não querem mais nada, e eu jamais vi coisa mais desoladora do que jovens sem vontade. A ausência de vontade é um estanho bem-estar.

Julgam que sou pessimista? Mas os professores que conheço me dizem precisamente o mesmo. Aliás, nas conversas que tive com os senhores, todos mostraram estar de acordo com o que disse, apenas esqueceram de aplicá-lo nas próprias casas. Os senhores não se dão conta de que se preocupam imensamente com tudo que diga respeito à saúde, alimentação, conforto, férias ― e também com os estudos, pois, no final, há o sacro-santo vestibular ― mas, e quanto à alma dos seus filhos, ela os preocupa? Enquanto aguardo que o respondam perante Deus, pergunto: Que homens os senhores darão à França?

Os senhores sabem, contudo, que a vida não é fácil. Seus encargos profissionais são cada vez mais pesados. Os senhores estão insensíveis para o quanto a França diminuiu-se politicamente no mundo, o quanto ela decepciona seus amigos estrangeiros por não trabalhar o bastante, por não saber governar sua casa, por ter perdido suas forças em discussões estéreis. Acreditam que uma geração sem alma livrará a França de seu mal? Pois estamos prestes a fabricar a geração mais medíocre que a França jamais conheceu, pois nossos filhos não sabem mais impor a si mesmos tarefas desagradáveis. Aliás, eles encontraram um maneira fácil de escapar delas, que é a dos fracos: eles mentem. Mentem aos senhores, e os senhores não se dão conta. Quanto a mim, gasto um tempo precioso para descobrir suas mentiras. Jamais tive tanta dificuldade para estabelecer, em meu internato, uma atmosfera de lealdade. Não seria assim se os senhores tivesse comunicado o sentimento de que a regra nos ultrapassa e que a devemos respeitar. Mas, como os srs. são franceses — os franceses são anárquicos ― os srs. dão a eles, involuntariamente, o sentimento de que podemos burlar a regra. Para as saídas de domingo, fixei que se deveria voltar às 17 horas — pois a esta hora há, seja um estudo, seja um ofício na capela: mas cada domingo há alunos atrasados. Estabeleci como regra absoluta que os alunos não devem levar dinheiro com eles, mas os srs. lhes dão por trás de minhas costas, o que os instala na mentira e produz conseqüências por vezes muito graves.

Após nos ter confiado seus filhos, os srs. pararam de se preocupar com sua educação. Mas os senhores nos repassam a responsabilidade de fazer o que os srs. mesmos não têm a coragem de fazer. Os srs. abdicaram. Sei bem que, dada a atmosfera moral do mundo moderno, a tarefa dos pais, se a quiserem cumprir escrupulosamente, é uma tarefa quase heróica. Pois bem, é preciso tomá-la como tal, e não fugir dela. Ninguém os substituirá e, apesar de tudo, os senhores responderão por ela. Os srs. sabem o que se passa nas casas de educação, mesmo religiosas? Os educadores estão completamente impotentes: ocupam-se dos melhores e deixam a grande massa dos medíocres com sua mediocridade.

Somos aqui uns poucos que se põem a fazer uma tarefa que, hoje, ninguém mais quer fazer e que ninguém quer ajudar, sob nenhum ponto de vista. Portanto, não nos dê o desgosto de achar que, aquilo que arduamente fazemos de um lado, é freqüentemente desfeito por outro. Jamais foi tão difícil retomar o trabalho como este ano, após as férias, pois estas foram demasiado doces, prazerosas, confortáveis. E sobretudo, quando os srs. vierem aqui, abandonem a idéia de que estes pobres meninos devem ser, a todo preço, confortados do mal de serem internos com quilos de bombons, gordos desjejuns ou sei lá o que. Tento tratá-los como homens, e peço que acreditem: não é fácil. Ser homem não consiste em discutir e colocar tudo perpetuamente em discussão. Consiste em assumir responsabilidades corajosas e generosas em uma ordem que nos ultrapassa. Façam, pois, como eu. Acham que é heróico? Sejam, pois, heróis. Não há outra coisa a fazer.

PS:grifos meus

Hematidrose e a Paixão de Nosso Senhor


"Pai, se queres, afaste de mim este cálice, todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua'. E então apareceu um anjo do céu e lhe deu forças. E, entrando em agonia, ele orou mais intensamente: e seu suor transformou-se em gotas de sangue que caíram ao chão"
(Lucas 22, 42-44)

O texto grego diz com mais exatidão:

“Egéneto ho hidrós autou hosei thromboi haímatos katabaínontes epi en gen”. (Lc 22,44)
thromboi = coágulos.

O que é Hematidrose?

Hematidrose = Vasodilatação intensa dos capilares, que se rompem em contato com a base de milhões de glândulas sudoríparas. O sangue se mistura com o suor. Mas, uma vez em contato com o ar, o sangue se coagula. Os coágulos assim formados sobre a pele caem em terra, levados pelo abundante suor.

Causa: fenômeno raro, uma grande debilidade física, acompanhado de um abalo moral.

Conseqüências: Considerável diminuição da resistência vital após essa hemorragia. Estado anormal em que fica a pele, ficando mais sensível, dolorida e, portanto, menos apta a suportar as violências e os golpes que podem atingi-la.
(A Paixão de Cristo segundo o cirúrgião - dr. Pierre Barbet)

É extremamente importante perceber que o impacto total da agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras não é geralmente reconhecido entre os cristãos. Seu significado reside não apenas no fato de que Jesus passou por violento sofrimento físico durante o Caminho da Cruz, mas que Ele também foi vítima de extrema augústia mental, que drenou e debilitou sua força física, até o ponto de total exaustão.

Para reconstituir o mecanismo e a causa da morte de Jesus e assim obter uma compreensão mais precisa dos efeitos de cada fase da jornada do Getsêmani ao Calvário, o patologista forense deve examinar e reconstituir de forma crítica a Paixão (os efeitos da hematidrose, o flagelo, a coroa de espinhos, a estrada para o Calvário, a fixação e suspensão na cruz. Durante a primeira jornada, ocorrida no Jardim do Getsêmani, a hematidrose ilustra a gravidade do sofrimento mental de Jesus, um aspecto que não é reconhecido quando sua dor é contemplada.

Os efeitos da hematidrose é de profunda ansiedade e a ela estão associada: fraqueza geral, depressão, pequena ou moderada desidratação e discreta hipovolemia(baixo volume sangüíneo e de fluído) devidos ao suor e perda de sangue- tudo isso deve ter enfraquecido Jesus antes de sua crucificação.

(Crucificação de Jesus - dr. Frederick T. Zugige -pág.29)

Missão da mãe

Noções do matrimônio:

Chama-se "Matrimônio", porque o fim principal que a mulher deve propor-se, quando casa, é tornar-se mãe. Noutros termos: porque a função própria de uma mãe é conceber, dar à luz, e criar a sua prole. (Catecismo Romano - pág. 364)

Ensinamento de São Pedro Julião Eymard - Missão da mãe


Santificar sua família

Não contente em servir sua família, a mãe deve dedicar-se à santificação dos seus. É o pedaço de terra que o pai de família confiou a seus incessantes cuidados, a fim de que o cultive na paciência, e o faça frutificar ao cêntuplo, pelo zelo puro e generoso duma caridade ardente.

A missão divina da mãe de família é uma missão de fé, de virtude, de oração e de sofrimento.

1 - Missão de fé - A ela cabe, em primeiro lugar, falar a seus filhos de Deus, da Bondade de Jesus Cristo; desenvolver o germe da Fé neles depositados pela Graça do Batismo, zelar-lhes a inocência, e formá-los bem cedo na piedade cristã e no amor a Jesus Eucaristia. À mãe cabe conservar e alimentar a Fé da família, afastando rigorosamente tudo o que for apto a escandalizar algum de seus membros. A fé é o mais precioso tesouro do cristão, e é por meio de santas leituras, de piedosos entretenimentos, que ela fará frutificar estas virtudes nos seus.

2 - Missão de virtude - A mãe de família deve inspirar a virtude e torná-la amável a cada um dos seus.
Sua própria virtude será simples e natural, a fim de que seus filhos fiquem sendo naturalmente virtuosos; será doce e afável, como em Jesus e Maria, a fim de lhes conciliar todos os corações; será forte e desinteressada, a fim de manter sempre igual nas provações e fiel a Deus nos sacrifícios.

Se o esposo que Deus lhe deu é antes um pecador a converter que um cristão a edificar, ela se dedicará com paciência e confiança a essa conversão.

3 - Missão de oração - É sobretudo pela oração que a mãe cristã santifica sua família; pela oração, completa aquilo que sua palavra e seus exemplos esboçaram. Deus nada recusa à oração constante duma mãe -- e nisso pôs sua força e sua vitória. A oração, por conseguinte, deve ser-lhe o alimento habitual da alma.

A mãe ensinará, muito cedo, seus filhos a rezar. Tratará, na medida do possível, de fazê-los ela mesma cumprir cada dia esse dever piedoso. Habituá-los-á sobretudo à visita frequente ao Santíssimo Sacramento, levando-os à Igreja desde pequeninos.
4 - Missão de sofrimento - O título de mãe é fruto do sofrimento. Deus assim o quis. O de mãe espiritual se adquire somente no Calvário, ao lado de Maria, Mãe de todos os homens.

Para obter a salvação dos seus, a mãe de família deve, portanto, resignar-se a sofrer, e a sofrer a sós com Jesus e Maria. São, todavia, sofrimentos felizes, que geram almas à vida da Graça. Filhos de Deus, e cidadãos para o Céu. Quanto maior o sofrimento, quanto mais isento de consolação natural, tanto mais deve a mãe regozijar-se na caridade divina, pois é sinal de que a hora da vitória se aproxima.

Ditosa a mãe que tem a ciência da Cruz e a virtude de Jesus Crucificado, porquanto terá toda a doçura e poder inerentes. Que ela se exerça sem cessar na prática do amor crucificado, que o peça instantemente, como sendo a Graça mais segura e mais sublime da perfeição.

(A Divina Eucaristia - volume V - Escritos e Sermões de São Pedro Julião Eymard, págs. 139 à 140)

PS: grifos meus

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Para descontrair: Um médico enrolão


Como saber se o seu médico pretende enrolá-la e fazer uma cesárea desnecessária? Veja se ele se encaixa nesse perfil:

1) Nove entre dez amigas suas que fizeram o pré-natal com ele tiveram parto cesárea. A décima teve o bebê na porta do pronto-socorro.
2) Essas suas nove amigas tiveram cesáreas por motivos como: que seu corpo não estava preparado para parto normal, o cordão enrolou no pescoço, não tinha passagem (mesmo que ela não fosse viajar para lugar nenhum), estava passando da hora de nascer. Coincidentemente, foram todas em uma terça-feira.
3) Ele nunca desmarcou o consultório por estar fazendo um parto.
4) Quando você pergunta sobre maternidades, ele lhe lista aquelas nas quais ele opera.
5) Se você já teve outros filhos, ele nunca se preocupou em perguntar sobre seus outros partos. Se foram cesárea, ele nunca se lembrou de perguntar o porquê.
6) Ele nunca parou para examinar sua bacia.
7) Mesmo no fim da gravidez, ele não se preocupa em palpar sua barriga para avaliar o tamanho e a posição do bebê.
8) Ele comenta que não é do tipo que deixa as pacientes sofrerem.
9) Ele comenta que não gosta de arriscar (o que???).
10) Se você disser que a vida de médico é muito corrida, ele diz que consegue ajeitar bem os compromissos.
11) Ele começa a fazer exames próprios da gestação e na 30ª semana já comenta, com ar tristonho, que seu corpo não está preparado para parto normal.
12) Ele nunca lhe explica nada sobre: mecanismo do parto, vantagens do trabalho de parto e do parto normal, como se preparar, como reconhecer o trabalho de parto, etc, mesmo que você pergunte. Afinal, você não terá chance de usar essas informações mesmo.
13) Ele descobre a data do aniversário de toda a sua família: você, seu marido, seus pais, seus sogros, etc. Depois passa a comentar como seria legal se o bebê nascesse no dia xx/xx para homenagear o Tio Fulano.
14) Se você perguntar se o seu parto vai ser normal, ele lhe dirá que isso vai depender da conjunção de muitos fatores (o que obviamente nunca ocorrerá). Se você perguntar se seu parto vai ser cesárea, ele marcará a data.

* autor desconhecido

Importância de um bom padre na formação de nossas crianças


O mundo em que vivem vossas crianças está impregnado do materialismo. Em toda parte hoje só voga o que se vê, o que se toca, o que se apalpa. Vossa grande missão é revelar a vossos meninos o mundo sobrenatural. O padre é o testemunho visível de realidades invisíveis. De vós depende em grande parte a noção que os meninos terão da religião por toda a vida.

...Tende fé profunda na necessidade e no poder da oração para as almas que vos estão confiadas. Estai certo de que o tempo de nossa Missa, de vosso breviário, de vossa oração, de vossa visita ao Santíssimo Sacramento não é jamais um tempo perdido para vosso apostolado. Senão ao contrário.

...Não temais fazer apelo aos meios espirituais: Ponde-vos em comunicação com alguns Carmelos ou algumas comunidades de clausura, escrevendo-lhes ou fazendo escrever, confiando a suas orações vossos encargos e intenções e pondo-os ao corrente de vossos trabalhos.
Confiai outrossim na eficácia da oração dos que sofrem e dos enfermos. Fazei-lhes compreender e utilizar seu poder intercessor para as vossas almas.

... O exemplo é dos mais poderosos meios de educação...Nossa atitude diante da oração, nosso modo de fazer o sinal da cruz, o respeito ao pronunciar as palavras da santa Missa, o olhar de fé fixado sobre a Hóstia tem, a nossa revelia, mais influência sobre as almas do que os mais belos discursos.

...O melhor argumento para avivar a fé naqueles que nos rodeiam é provar-lhes por toda nossa vida que agimos conforme o que afirmamos, que nós cremos de verdade naquilo que dizemos.

Nada de mais prejudicial para as crianças do que habituá-las a considerar a virtude como coisa que se diz, mas que se não pratica. Torna-se então o cristianismo um sublime poema, não mais um caminho, uma vida.

(Padre G. Courtois - Educar com êxito)
PS: grifos meus
* Livro escrito para formação pedagógica na vida sacerdotal

"O mundo sempre nos fará guerra"


Não se deve fazer caso do que dizem os mundanos

Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo, maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de praticá-la. Os libertinos tomarão a tua mudança por um artifício de hipocrisia e dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por pirraça a recorrer a Deus.

Os teus amigos, por sua vez, se apressarão a te dar avisos que supõem ser caridosos e prudentes sobre a melancolia da devoção, sobre a perda do teu bom nome no mundo, sobre o estado de tua saúde, sobre a necessidade de viver no mundo conformando- se aos outros e, sobretudo, sobre os meios que temos para salvar-nos sem tantos mistérios.

Filotéia, tudo isso são loucas e vãs palavras do mundo e, na verdade, essas pessoas não têm um cuidado verdadeiro de teus negócios e de tua saúde: Se vós fôsseis do mundo, diz Nosso Senhor, amaria o mundo o que era seu; mas, como não sois do mundo, por isso ele vos aborrece.

Vêem-se homens e mulheres passarem noites inteiras no jogo; e haverá uma ocupação mais triste e insípida do que esta? Entretanto, seus amigos se calam; mas, se destinamos uma hora à meditação ou se nos levantamos mais cedo, para nos prepararmos para a santa comunhão, mandam logo chamar o médico, para que nos cure desta melancolia e tristeza. Podem-se passar trinta noites a dançar, que ninguém se queixa; mas por levantar-se na noite de Natal para a Missa do Galo, começa-se logo a tossir e a queixar de dor de cabeça no dia seguinte.

Quem não vê que o mundo é um juiz iníquo, favorável aos seus filhos, mas intransigente e severo para os filhos de Deus?

Só nos pervertendo com o mundo, poderíamos viver em paz com ele, e impossível é contentar os seus caprichos – Veio João Batista, diz o divino Salvador, o qual não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possesso do demônio. Veio o Filho do Homem, come e bebe, e dizeis que é um samaritano.

É verdade, Filotéia, se condescenderes com o mundo e jogares e dançares, ele se escandalizará de ti; e, se não o fizeres, serás acusada de hipocrisia e melancolia. Se te vestires bem, ele te levará isso a mal, e, se te negligenciares, ele chamará isso baixeza de coração. A tua alegria terá ele por dissolução e a tua mortificação por ânimo carrancudo; e, olhando-te sempre com maus olhos, jamais lhe poderás agradar.

As nossas imperfeições ele considera pecados, os nosso pecados veniais ele julga mortais, e malícias, as nossas enfermidades; de sorte que, assim como a caridade, na expressão de S. Paulo, é benigna, o mundo é maligno.

A caridade nunca pensa mal de ninguém e o mundo o pensa sempre de toda sorte de pessoas; e, não podendo acusar as nossas ações, condena ao menos nossas intenções. Enfim, tenham os carneiros chifres ou não, sejam pretos ou brancos, o lobo sempre os há de tragar, se puder.

Procedamos como quisermos, o mundo sempre nos fará guerra. Se nos demorarmos um pouco mais no confessionário, perguntará o que temos tanto que dizer; e, se saímos depressa, comentará que não contamos tudo. Espreitará todas as nossas ações e, por uma palavra um pouco menos branda, dirá que somos insuportáveis. Chamará avareza o cuidado por nossos negócios, e idiotismo a nossa mansidão. Mas, quanto aos filhos do século, sua cólera é generosidade; sua avareza, sábia economia; e suas maneiras livres, honesto passatempo. É bem verdade que as aranhas sempre estragam o trabalho das abelhas!

Abandonemos este mundo cego, Filotéia; grite ele quanto quiser, como uma coruja para inquietar os passarinhos do dia. Sejamos firmes em nossos propósitos, invariáveis em nossas resoluções e a constância mostrará que a nossa devoção é séria e sincera. Os cometas e os planetas parecem ter o mesmo brilho; mas os cometas, que são corpos passageiros, desaparecem em breve, ao passo que os planetas brilham continuamente. Do mesmo modo muito se parece a hipocrisia com a virtude sólida e só se distingue porque aquela não tem constância e se dissipa como a fumaça, ao passo que esta é firme e constante.

Demais, para assegurar os começos de nossa devoção, é muito bom sofrer desprezos e censuras injustas por sua causa; deste modo nós nos premunimos contra a vaidade e o orgulho, que são como as parteiras do Egito, às quais o infernal Faraó mandou matar os filhos varões dos judeus no mesmo dia de seu nascimento. Enfim, nós estamos crucificados para o mundo e o mundo deve ser crucificado para nós. Ele nos toma por loucos; consideremo- lo como um insensato.

(São Francisco de Sales, Filotéia – ou Introdução à Vida Devota –, Ed. Vozes, 16ª edição, 2008, págs. 363 à 367).
PS; grifos meus

Exercitar nossa vontade na virtude e valentia espiritual

Assim como a posse do bem alegra o coração, a vitória contra o mal sacia a coragem

Por entre a inumerável multidão e variedades de ações, movimentos, sentimentos, inclinações, hábitos, paixões, faculdades e potências que estão no homem, Deus estabeleceu uma natural monarquia na vontade, que manda e domina sobre tudo o que acha neste pequeno mundo...Mas esse domínio da vontade pratica-se, por certo, mui diferentemente...

... É tolice mandar um cavalo que não engorde, que não cresça, que se não empine; se desejardes tudo isso, levantai-lhe a grade da manjedoura; não se lhe deve mandar, deve-se sofreá-lo para domá-lo.
Sim a própria vontade tem poder sobre o entendimento e sobre a memória; porque, de várias coisas que o entendimento pode entender, ou de que a memória pode lembrar-se, a vontade determina aquelas a que quer que as faculdades se apliquem, ou das quais quer que elas se desviem.

...Teu apetite está sob ti, e dominá-lo-ás. Teu inimigo pode excitar em ti o sentimento da tentação; mas, se quiseres, podes dar ou recusar o consentimento. Se permitires ao apetite levar-te ao pecado, então estarás sob ele, e ele te dominará, porque quem quer que faz o pecado é servo do pecado.
...Em suma esse apetite sensual é, na verdade, um súdito rebelde, sedicioso, irrequieto; e cumpre confessar que não o poderemos por tal modo desfazer, que ele não se eleve, não tome a iniciativa e não assalte a razão; mas, no entanto, a vontade é tão forte acima dele, que se quiser, pode rebaixá-lo quebrar-lhe os intentos, e repeli-lo, visto que é repeli-lo bastante o não consentir nas suas sugestões.
... Sobre todo esse povo das paixões sensuais a vontade mantém seu império, rejeitando-lhes nas sugestões, repelindo-lhes os ataques, impedindo-lhes os efeitos e, quando menos, recusando-lhes fortemente o seu consentimento, sem o qual elas não podem fazer mal, e pela recusa do qual elas ficam vencidas, e mesmo, com a continuação, abatidas, esmorecidas, atenuadas, reprimidas, e, senão inteiramente mortas, ao menos amortecidas, ou mortificadas.
E é a fim de exercitarmos nossas vontades na virtude e valentia espiritual que essa multidão de paixões é deixada em nossas almas.

(São Francisco de Sales - Tratado do amor de Deus)
PS:grifos meus

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Honra teu pai e tua mãe"



" Honra teu pai e tua mãe, para teres longa vida na terra, que o Senhor teu Deus te há de dar". (Ex.20,12)


A obrigação de filhos e súditos:

São eles, por assim dizer, imagens de Deus imortal; neles vemos uma representação de nossa origem; por eles nos foi dada a vida; deles Se serviu Deus para nos dar uma alma racional; foram eles que nos levaram aos Sacramentos, que nos formaram para a vida religiosa e social, que nos instruíram na integridade e pureza de costumes.

1. Caráter de nossa piedade filial

Devemos honrar nossos pais de tal maneira, que nossas demonstrações de respeito para com eles procedam, visivelmente, de um coração cheio de amor e carinho.
O principal motivo desta nossa obrigação é o nutrirem eles tal afeição para conosco que, por nossa causa, não recusam nenhum trabalho, nenhuma fatiga, nenhum perigo, não podendo experimentar maior alegria do que se sentirem benquistos de seus filhos, a quem amam extremosamente.

2. Manifestações da piedade filial

Há ainda outras mostras de honra, que devemos prestar aos nossos pais. Assim é que também os honramos, quando nos afervoramos em pedir a Deus, para que tudo lhes corra prosperamente; que tenham a maior estima e consideração entre os homens; que sejam aceitos aos olhos de Deus e dos Santos no céu.
Outra maneira de honrar pais é regular nossos planos pelo juízo e vontade. Assim o aconselha Salomão: "Ouve, meu filhos, as advertências de teu pai, e não abandones a doutrina de tua mãe, para que isto seja como um adorno em tua cabeça, e como um colar no teu pescoço". (Pr.1,8-9) Do mesmo sentido são as exortações dadas por São Paulo: " Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois assim é de justiça". (Ef.6,1) E também: " Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque nisso se compraz o Senhor". (Cl.3,20)

Honramos também nossos pais, imitando-lhes os bons exemplos e costumes, pois o maior sinal de estima que se pode dar a uma pessoa é procurar a maior semelhança com ela.
Da mesma sorte, honramos nossos pais, quando não só pedimos, mas também pomos em prática os seus conselhos. Honramos igualmente nossos pais, quando os socorremos, ministrando-lhes o necessário para a sua mantença e posição social.

Doença e hora da morte:

Os deveres da piedade filial, devemos cumpri-los em todas as ocasiões, mas sobretudo quando os pais caem em doença perigosa. Cumpre-nos cuidar que nada se omita a respeito da Confissão e dos mais Sacramentos, que todos os cristãos devem receber, quando a morte está iminente.
Procuremos que pessoas boas e piedosas os visitem com freqüência, para os confortarem e aconselharem, quando já se acham em boas disposições, de sorte que ponham toda a sua alma nas mãos de Deus, depois de tê-la desapegado das coisas humanas.
Sendo, assim, venturosamente acompanhados pela fé; esperança e caridade, tendo o socorro da santa Religião, (nossos pais) não só temerão a morte, que é realmente inevitável, mas até a julgarão desejável, porque franqueia o acesso para a eternidade. Por último, presta-se honra aos pais, quando falecidos, fazendo-lhes os funerais, promovendo condignas exéquias, preparando uma honesta sepultura, garantindo os sufrágios e Missas aniversárias, execultando fielmente suas declarações de última vontade.

(Catecismo Romano - Capítulo V - III Parte: dos Mandamentos, págs. 429 e 430)
PS: grifos meus

Feminismo socialista - destruidor das famílias

Discurso no Primeiro Congresso Pan-Russo das Operárias (V.I.Lênin, 19 de Novembro de 1918)

Companheiras!

O congresso do setor feminino do exército proletário assume, de um certo ponto de vista, importância particularmente grande, porque para as mulheres, em todos os países, tem sido mais difícil vir ao movimento. Não é possível uma revolução socialista sem a participação de imensa parte das mulheres trabalhadoras.

Em todos os países civilizados, mesmo nos mais avançados, é tal a situação das mulheres que, com razão, são consideradas escravas domésticas. Em nenhum dos estados capitalistas, nem mesmo na mais livre das repúblicas, as mulheres gozam de plena igualdade de direitos.

A República dos Sovietes tem a tarefa de abolir, antes de tudo, qualquer limitação dos direitos femininos. Para obter o divórcio, já não se exige um processo judiciário: essa vergonha burguesa, fonte de aviltamento e de humilhação, foi completamente abolida pelo poder soviético.
Há quase um ano a lei reconhece a plena liberdade de divórcio. Promulgamos um decreto que elimina não só a diferença entre filhos legítimos e ilegítimos, mas também todas as limitações políticas que daí derivam. Em nenhuma parte do mundo a igualdade e a liberdade das mulheres trabalhadoras lograram realização tão completa.

Sabemos que todo o peso dos vínculos tradicionais cai sobre a mulher que pertence à classe operária.

Pela primeira vez na história, nossa lei cancelou tudo aquilo que fez da mulher um ser sem direitos. Mas não se trata da lei. Entre nós, a lei sobre a plena igualdade do casamento está conquistando terreno nas cidades e nas concentrações industriais, mas no campo ainda permanece letra morta. Até hoje ainda predomina ali o casamento religioso. Isso se deve à influência dos padres e esse é um mal que se combate com mais dificuldade que a antiga legislação. Os preconceitos religiosos devem ser combatidos com extrema prudência; aqueles que, no curso dessa luta, ofendem os sentimentos religiosos, acarretam muitos danos. É preciso lutar mediante trabalho de propaganda e de esclarecimento. Conduzindo uma luta mais áspera, poderemos irritar as massas; uma luta desse tipo aprofunda a divisão das massas por motivos religiosos, enquanto a nossa força reside na unidade. A origem mais profunda dos preconceitos religiosos está na miséria e na ignorância; esses são os males que temos o dever de combater.

Até hoje, devemos reconhecê-lo, a situação da mulher tem sido a de uma escrava; a mulher, escravizada pelo trabalho doméstico, só pode encontrar a própria libertação no socialismo, quando passarmos da pequena exploração camponesa para a fazenda coletiva e para o cultivo em comum da terra.

Somente então serão completas a libertação, a emancipação da mulher. É uma tarefa difícil; mas já se estão criando comitês de camponeses pobres e se aproxima o momento em que a revolução adquirirá nova força.

Apenas hoje se organiza a parte mais pobre da população das aldeias e precisamente nessas organizações de pobres o socialismo vai adquirindo base sólida.
No passado, acontecia muitas vezes que a cidade se tornava revolucionária e o campo custava a pôr-se em movimento.

A revolução atual se apóia no campo e nisso está sua importância e sua força. A experiência de todos os movimentos de libertação atesta que o êxito de uma revolução depende do grau em que dela participam as mulheres. O poder soviético faz tudo para que a mulher possa cumprir seu trabalho proletário e socialista com independência completa.

Até hoje, nenhuma república pôde libertar a mulher. O poder soviético lhe dá sua ajuda. Nossa causa é invencível porque invencível, em todos os países, se ergue a classe operária. Esse movimento assinala a marcha da irresistível revolução socialista.

(O Socialismo e a Emancipação da Mulher - Editorial Vitória, 1956)
PS: grifos meus

domingo, 16 de agosto de 2009

Primeira Virtude de um jovem - Obediência

A Primeira Virtude de um jovem é a obediência aos seus pais e superiores

Assim como uma plantinha, embora colocada em bom terreno, num jardim, contudo toma forma defeituosa e vai definhando se não for cultivada e, de algum modo, guiada até certa altura, assim vós, meus caros filhos, vos inclinareis fatalmente para o mal, se não vos deixardes guiar por quem está encarregado da vossa educação e do bem da vossa alma. Essa guia vós atendes nos vossos pais e nos que fazem suas vezes; a eles deveis obedecer com docilidade. “Honra teu pai e tua mãe e terás vida longa na terra”, diz o Senhor.

Mas em que consiste essa honra? Consiste em obedecer-lhes, respeitá-los e prestar-lhes assistência. Obedecer-lhes e por isso, quando vos mandam alguma coisa, fazei-a prontamente, sem resistir, e guardai-vos de proceder como alguns que resmungam, encolhem os ombros, sacodem a cabeça e, o que é pior, respondem mal. Esses fazem grande injúria aos seus pais e também a Deus, pois que nas ordens dos pais se manifesta a vontade de Deus. Nosso Salvador, apesar de ser onipotente, para ensinar-nos a obedecer, foi submisso em tudo a Santíssima Virgem e a São José, na humilde ocupação de artífice: Et erat súbditus illis. Para obedecer a seu Pai celeste ofereceu-Se á morte dolorosíssima da cruz: Factus obédiens usque ad mortem; mortem autem crucis.

Deveis também ter grande respeito a vosso pai e a vossa mãe e não empreender coisa nenhuma sem sua licença, nem dar a conhecer seus defeitos. São Luis Gonzaga não fazia coisa nenhuma sem licença e, na falta de outrem, a pedia aos mesmos criados. O jovem Luis Comolo foi obrigado um dia a estar longe de seus pais por mais tempo do que lhes tinham permitido. Mas ao chegar em casa, todo choroso pediu logo humildemente perdão daquela desobediência involuntária.

Finalmente, deveis prestar aos pais assistência em suas necessidades com o serviços domésticos de que fordes capazes especialmente entregando-lhes todo o dinheiro ou qualquer coisa que vos venha as mãos, usando de tudo conforme suas indicações. É também estrito dever de um jovem rezar de manhã e à noite pelos seus pais, para que Deus lhes conceda todos os bens espirituais temporais.

Tudo o que vos disse a cerca da obediência e do respeito aos pais, deveis também praticar em relação a qualquer outro superior, eclesiástico ou secular, e por isso também em relação aos vossos professores, dos quais igualmente recebereis de boa vontade, com humildade e respeito os ensinamentos, os conselhos as correções, certos de que tudo o que eles fazem é para a vossa maior vantagem e que a obediência prestada aos superiores é como se fora prestada ao mesmo Jesus Cristo e a Nossa Senhora.

Duas coisas vos recomendo com maior empenho. A primeira é que sejais sinceros com os superiores, não encobrindo nunca as vossas faltas com fingimentos, muito menos negando-as. Dizei sempre a verdade com franqueza. As mentiras, além de ofenderem a Deus, vos tornam filhos do demônio, que é o príncipe da mentira, e, vindo-se depois a saber a verdade, passareis por mentirosos, com grande desdouro perante os superiores e os companheiros. Em segundo lugar, vos recomendo que aceiteis os conselhos e as advertências dos superiores como norma de vossa vida e do vosso modo de agir. Felizes vós, se assim fizerdes; os vossos dias serão venturosos, todas as vossas ações serão bem ordenadas e servirão de edificação aos outros. Por isso, concluo dizendo-vos: O menino obediente tornar-se-á santo; pelo contrário, o desobediente segue um caminho que o levará a perdição.

(Dom Bosco - Jovem instruído - capítulo IV)

PS: grifos meus